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Política

Quem é Mauro Cid, ex-ajudante de Bolsonaro que foi preso em operação da PF; veja demais envolvidos

O tenente-coronel Mauro Cid esteve envolvido no caso das joias que Bolsonaro trouxe ao Brasil

3 mai 2023 - 08h22
(atualizado às 09h06)
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Com acesso livre ao Planalto nos últimos quatro anos, Mauro Cesar Barbosa Cid, o Mauro Cid ou "coronel Cid", se consolidou como ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Envolvido em polêmicas com o youtuber Allan dos Santos, com o caso das joias - relevado pelo Estadão - e até mesmo suposto pivô da demissão de um general do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o tenente-coronel do Exército foi preso na manhã desta quarta-feira, 3, no bojo de uma operação sobre a inserção de dados falsos de vacinação da covid-19 no sistema do Ministério da Saúde.

O pai do coronel Cid, o general Mauro Cesar Lourena Cid, foi amigo do ex-presidente na Academia das Agulhas Negras e a relação se estendeu para outros membros da família. Durante o governo Bolsonaro, o coronel teve livre acesso ao gabinete presidencial, ao Palácio da Alvorada e até mesmo ao quarto ocupado pelo ex-chefe do Executivo nos hospitais, após cirurgias.

A atuação do discreto assessor presidencial ganhou os holofotes, porém, depois que vieram à tona suas conversas no WhatsApp com o blogueiro Allan dos Santos, do Terça Livre, no inquérito aberto para investigar a organização e o financiamento de atos antidemocráticos, como revelou o Estadão. Em depoimento prestado, Mauro Cid declarou à PF que não se recordava de 'ter estabelecido' conversas com Allan dos Santos sobre a 'necessidade de intervenção das Forças Armadas' e negou apoiar a ideia.

Cid também esteve envolvido no caso das joias avaliadas em R$ 16,5 milhões que Bolsonaro trouxe ilegalmente para o Brasil. Como mostrou o Estadão, o ajudante de ordens e "faz-tudo" do ex-presidente foi o primeiro a ser escalado para resgatar pessoalmente joias e relógio de diamantes. Um ofício obtido pelo Estadão revela que Cid escalou ele mesmo para a missão. O documento enviado à Receita informando que um auxiliar do presidente iria pegar as joias era assinado pelo próprio Cid. O coronel era o oficial mais próximo de Bolsonaro e acompanhava o presidente o tempo todo. Ele é filho de um amigo do ex-presidente.

O tenente-coronel do Exército também foi quem pediu, com "urgência", avião da FAB e diárias para a ida do sargento Jairo Moreira da Silva a São Paulo, três dias antes do fim do mandato de Bolsonaro, para buscar as joias apreendidas pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos. Esse fato foi considerado como uma espécie de "impressão digital" de Bolsonaro na tentativa de liberar as peças.

No governo Lula, Cid também foi considerado o pivô da demissão do comandante do Exército, general Júlio César de Arruda. Como mostrou o Estadão, Arruda mostrou resistência para exonerar o tenente-coronel coronel Cid, nomeado para chefiar o 1.º Batalhão de Ações de Comando do Exército em Goiânia. Então, Arruda foi retirado do cargo após 23 dias de trabalho; o Exército não informou o motivo da sua exoneração.

Brecha, secretário de Duque de Caxias

Além do Cid, a operação pendeu também o secretário de Cultura e Turismo do município de Duque de Caxias (RJ), João Carlos Brecha, também suspeito de inserir dados falsos na carteira de vacinação do ex-presidente. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, Brecha teria acessado o sistema do ConectSus e inserido dados de vacinação no Estado do Rio de Janeiro em outubro de 2022, entre o primeiro e o segundo turno da eleição.

Procurado pela reportagem antes de ser preso, Brecha disse que desconhecia qualquer procedimento envolvendo seu nome e que, se fosse notificado, apresentaria resposta às suas indagações. Disse ainda que não tinha "nenhuma relação com o ex-presidente ou com sua família".

Outros presos

Outros dois assessores de Bolsonaro, que atuaram em sua segurança presidencial, também foram alvos de mandados de prisão: o policial militar, Max Guilherme, e o militar do Exército, Sérgio Cordeiro. Após deixar a presidência, Guilherme e Cordeiro foram nomeados como assessores segundo a Lei 7.474, de 08 de maio de 1986, referente às medidas de assessoramento, segurança e apoio aos ex-Presidentes da República. Nessa função, eles acompanharam o ex-presidente em sua estadia nos Estados Unidos, que custou ao menos R$ 530 mil à União.

Estadão
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