ONGs criticam Tarso Genro por negócios com empresa militar em Israel
Nesta quarta-feira, último dia de sua visita a Israel, um grupo de ativistas encaminhou uma carta ao governador do RS
O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, tem sido criticado por ativistas de direitos humanos israelenses após a assinatura de um protocolo de intenção com a empresa Elbit, uma das maiores produtoras de equipamentos militares em Israel. Nesta quarta-feira, último dia de sua visita a Israel, um grupo de ativistas encaminhou uma carta ao mandatário advertindo-o contra a realização de negocios com "empresas israelenses que lucram ou são cúmplices da violação sistemática de direitos humanos e da lei internacional contra o povo palestino".
O grupo, que inclui diretores de ONGs como o Comitê contra a Tortura e Mulheres pelos Prisioneiros Políticos, pede o apoio do governador gaúcho à campanha pela responsabilização de Israel pelas violações dos direitos humanos dos palestinos e afirma que "para alcançar a mudança que todos nós – pacifistas e ativistas de direitos humanos – desejamos, é absolutamente necessária uma campanha global, que tenha o apoio de lideres como o senhor".
"Tenha cuidado nos negócios que fizer com companhias israelenses", advertem os ativistas, que pedem que o governador gaúcho se envolva apenas com "investimentos socialmente responsáveis em nossa região".
Forum Social Palestina Livre
Além da crítica implícita na carta, os ativistas também agradecem ao governador gaúcho por ter apoiado a realização do Forum Social Mundial pela Palestina Livre em Porto Alegre, em novembro de 2012, apesar das pressões pelo cancelamento do evento exercidas por representantes de Israel.
De acordo com Roni Barkan, um dos autores da carta encaminhada a Tarso Genro, a empresa Elbit, que deverá fornecer equipamentos para a instalação de um polo aeroespacial no Rio Grande do Sul, "é cúmplice das violações dos direitos humanos dos palestinos".
"Entre outros equipamentos militares, a Elbit produz os sensores que são instalados no muro que Israel construiu na Cisjordânia", disse Barkan ao Terra. "Portanto, sou contra qualquer tipo de negócio com essa empresa."
"Mas o acordo com a Elbit já é um fato consumado, nossa carta se refere principalmente a acordos futuros", acrescentou Barkan. A Elbit também fornece equipamentos militares ao governo federal do Brasil, incluindo aviões não tripulados.
Governo pretende expandir relações comerciais com Israel
A embaixadora do Brasil em Israel, Maria Elisa Berenguer, disse ao Terra que "o Brasil tem relações comerciais normais com Israel e tem todo o interesse de expandí-las". "Qualquer pedido para que façamos negócios com empresas socialmente responsáveis é benvindo, já que faz parte da ética do nosso País", afirmou.
Em referência ao acordo com a Elbit, a embaixadora acrescentou que vê "esse acordo do RS com a Elbit no quadro da capacitação tecnológica do Estado, focada na área aeroespacial". "Em vez de pagar fortunas para alugar satélites, o Brasil pretende desenvolver seus próprios polos aeroespaciais", concluiu a embaixadora brasileira.
O polo aeroespacial a ser construído no Rio Grande do Sul será o segundo do País, atrás do de São José dos Campos. O Terra tentou contato com o governador Tarso Genro, mas não conseguiu encontrá-lo para comentar o assunto.