Lula: fim da escala 6x1 sem redução de salário é demanda do povo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira, 24, em pronunciamento veiculado na Rede Nacional de Rádio e Televisão, que a redução da jornada de trabalho, sem diminuição do salário, é uma demanda que deve ser transformada em realidade. Como mostrou o Estadão/Broadcast, o fim da escala 6x1 vai ser um dos principais motes do governo para 2026.
"O fim da escala 6x1, sem redução de salário, é uma demanda do povo que cabe a nós, representantes do povo, escutar e transformar em realidade", disse o petista. Lula disse ainda que o "direito ao tempo" é urgente e que é injusto que uma pessoa seja obrigada a trabalhar em seis dias da semana.
"Não é justo que uma pessoa seja obrigada a trabalhar duro durante seis dias, e que tenha apenas um dia para descansar o corpo e a cabeça, passear com a família, cuidar da casa, se divertir e acompanhar de perto o crescimento dos filhos", disse o presidente.
Como mostrou o Estadão/Broadcast, o governo entende que a redução da escala de trabalho é uma pauta que mobiliza a sua base eleitoreira e vai atuar para que o tema seja votado no ano que vem. No segundo semestre, esse deve ser um dos motes da campanha à reeleição, além da implementação da tarifa zero em transportes públicos.
O objetivo do governo é propor o fim da escala 6x1 e uma jornada de trabalho 5x2 (ou seja, cinco dias de trabalho e dois de descanso por semana). Ao mesmo tempo, o Planalto vai propor uma jornada de 40 horas semanais, uma redução em relação às 44 horas atuais previstas na CLT.
Lula também defendeu o trabalho da Polícia Federal, afirmou que o combate às facções chegou ao andar de cima e que "dinheiro ou influência" não vão deter as investigações (leia mais abaixo).
Presidente exalta isenção do IR
No pronunciamento, Lula também afirmou que vai seguir combatendo o que chamou de "privilégios de poucos" para, segundo ele, "garantir direitos de muitos". O petista também destacou a isenção de quem ganha até R$ 5 mil do Imposto de Renda como uma das principais vitórias do governo federal.
"A partir de janeiro, com o fim do IR, milhões de famílias terão um dinheiro extra todos os meses. Isso vai aliviar as contas, aquecer ainda mais a economia e beneficiar o país inteiro", disse o presidente.
O presidente também apresentou números positivos da economia, afirmando que o emprego com a carteira assinada bate recordes e que o Brasil alcançou número máximo na renda média de trabalhadores e mínima na inflação acumulada.
Combate a facções
No mesmo pronunciamento, Lula afirmou que o combate às facções criminosas chegou, pela primeira vez, no que chamou de "andar de cima". Lula disse também que fatores como o dinheiro e a influência não vão "impedir a Polícia Federal de ir adiante".
"O combate às facções criminosas chegou pela primeira vez ao andar de cima, e nenhum dinheiro ou influência vai impedir a Polícia Federal de ir adiante", disse o presidente.
Lula mencionou também a Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto, que, conforme o chefe do Executivo, foi a "maior já feita contra o crime organizado".
No pronunciamento, Lula também afirmou que o fim da escala 6x1, sem redução de salário, é demanda do povo que precisa virar realidade, e exaltou a aprovação da isenção do imposto de renda no Congresso em 2025.
O Planalto passou a propagandear a Operação Carbono Oculto, liderada pela Receita Federal e Ministério Público de São Paulo, desde a realização da Operação Contenção, deflagrada pelas forças de segurança do Rio, que deixaram 121 mortos no fim de outubro.
Na narrativa, o governo afirma que conseguiu atacar mais o crime organizado "sem disparar um tiro", ao comparar as consequências da operação mais letal da história do País.
Lula: quem jogou contra o Brasil perdeu
No pronunciamento, Lula também afirmou que o ano de 2025 foi marcado pela derrota daqueles que, segundo ele, "torceram ou jogaram contra o Brasil". Segundo o petista, o povo brasileiro foi o "grande vencedor" no período "difícil" e marcado por "muitos desafios".
"E quando os fogos brilharem no céu, na noite do dia 31, estará encerrado um ano histórico no Brasil. Um ano difícil, com muitos desafios, mas um ano em que todos que torceram ou jogaram contra o Brasil acabaram perdendo. Um ano em que o povo brasileiro sai como o grande vencedor", afirmou o presidente.
Lula também destacou iniciativas feitas pelo governo no ano, como a CNH do Brasil e outros programas como o Agora Tem Especialistas, o Pé-de-Meia, o Gás do Povo, o Luz do Povo, o Novo PAC, o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida, a Transposição do Rio São Francisco. Segundo o presidente, as ações contribuíram para que o País atingisse "a menor taxa de desemprego da história".
O presidente também propagandeou como feito do governo a realização da COP30 em Belém que, segundo ele, consolidou o País como uma liderança global e "amado e respeitado pelo mundo".
"Recebemos no coração da Amazônia, em Belém do Pará, o maior evento climático do mundo. A COP30 foi um sucesso e consolidou o Brasil como liderança global no tema mais importante deste século", declarou.
Lula também seguiu a tônica de discursos recentes e abordou o tema da violência contra a mulher. Ele voltou a dizer que vai liderar um "esforço nacional" que envolve ministérios, instituições democráticas e a sociedade civil para combater a alta dos crimes.
"Quero aproveitar este momento, também, para falar que um povo tão gentil e capaz de produzir coisas tão belas não pode aceitar a violência contra a mulher", afirmou o presidente.
Lula sobre tafiraço: não fugimos da luta
Lula também afirmou, durante o pronunciamento natalino, que o Brasil enfrentou um "desafio inédito" quando foi taxado em 50% pelos Estados Unidos. Segundo o presidente, houve uma vitória "Da soberania, democracia e do povo brasileiro".
"Mostramos ao Brasil e ao mundo que somos do diálogo, da fraternidade e não fugimos da luta. Apostamos na diplomacia, protegemos nossas empresas, evitamos demissões. Negociamos o fim do tarifaço, e ultrapassamos, agora em dezembro, a marca de 500 novos mercados abertos aos nossos produtos", disse o presidente.
Apesar do discurso de Lula, produtos brasileiros continuam taxados pelos Estados Unidos e autoridades brasileiras, como o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ainda estão sancionados pela Casa Branca. Lula afirma que está pressionando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a retirar todas as medidas impostas contra o Brasil.