Lula diz que ligou para Trump, mas Secom avisa que ele 'se confundiu'
Presidente brasileiro chegou a falar que defendeu a paz na América do Sul e, segundo sua assessoria, se referia a conversa com Trump na semana passada
BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira, 11, que tinha conversado no dia anterior com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O petista não citou a crise dos EUA com a Venezuela, mas chegou a afirmar que teria manifestado a Trump que quer manter a América do Sul como uma zona de paz.
Após o discurso do presidente numa solenidade em Belo Horizonte, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República informou que Lula se confundiu e estava se referindo a conversa que teve com Trump na semana anterior. Ou seja, não houve uma nova ligação telefônica entre os dois.
Durante discurso numa solenidade em Belo Horizonte, Lula disse "as coisas vão dar tudo certo" e que disse a Trump que é preciso "utilizar a palavra como convencimento".
"Quando eu conversava com ele (Trump), e ele falou muito comigo, eu falei: 'Trump, nós não queremos guerra na América Latina. Nós somos uma zona de paz'. (Ele falou:) 'Mas eu tenho mais armas, eu tenho mais navios, eu tenho mais bomba'. Eu falei: 'Cara, eu acredito mais no poder da palavra do que no poder da arma. Vamos tentar utilizar a palavra como instrumento de convencimento, de persuasão para a gente fazer as coisas certas. Vamos acreditar que a palavra é, diplomaticamente, a coisa mais forte que a gente tem para resolver os problemas'. Acho que as coisas vão dar tudo certo", relatou o presidente Lula.
A conversa de Lula e Trump aconteceu na mesma semana em que o presidente conversou com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. A ligação foi revelada pelo O Globo e posteriormente confirmada oficialmente pela Secom ao Estadão/Broadcast.
Foi um diálogo rápido, segundo o governo brasileiro, em que o presidente brasileiro reforçou a defesa da paz na América do Sul e no Caribe.
O relato de Lula sobre a conversa com Trump foi em discurso durante a abertura da Caravana Federativa em Minas Gerais. O evento foi realizado pela Secretaria de Relações Institucionais da Presidência.
Lula disse, ainda, que "a democracia do mundo não está bem" e que há um movimento de defesa do "unilateralismo" contra o "multilateralismo".
"Nós estamos vivendo um momento muito importante, no Brasil. A democracia do mundo não está bem. O mundo tem pouca liderança mundial. Há uma fragmentação, uma destruição da democracia. Há uma tentativa de colocar fim ao multilateralismo, que foi o que sustentou a paz no mundo desde a segunda guerra mundial, pelo multilateralismo. O multilateralismo que o presidente Trump deseja é que aquele mais forte determine o que os outros vão fazer. É sempre a lei do mais forte", declarou.
Lula também relembrou a tensão iniciado com os Estados Unidos por conta da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Segundo o presidente, uma parte da elite brasileira ficou com medo das consequências da taxação.
Lula também disse que quer ter uma boa relação com os Estados Unidos, já que a nação é a mais rica e poderosa do mundo. Porém, ele voltou a dizer que quer ser respeitado pela Casa Branca.
"Quando o presidente Trump tomou as decisões que tomou, vocês não têm noção do medo de uma parte da elite brasileira. Eu quero ter uma boa relação com os Estados Unidos, é o país mais rico do mundo, é o país mais poderoso do mundo, do ponto de vista tecnológico, do ponto de vista de arma, do ponto de vista de ciência e tecnologia. Eu não quero brigar com os Estados Unidos, mas quero que eles me respeitem", afirmou Lula.