Janja lidera ações para reduzir rejeição entre evangélicos ao governo Lula
Em setembro, passou por cidades como Salvador, Manaus, Ceilândia Norte (DF), Rio de Janeiro e Caruaru (PE). Em muitas dessas agendas, esteve acompanhada da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, tem se destacado como uma das principais pontes entre o governo federal e o segmento evangélico, em uma tentativa estratégica de reduzir a rejeição entre evangélicos ao governo Lula. O desafio é considerável: segundo pesquisa Datafolha divulgada em setembro de 2025, 52% dos evangélicos classificam a atual gestão como "ruim" ou "péssima".
Em resposta a esse cenário, Janja tem adotado uma abordagem direta, humanizada e próxima às comunidades. Com apoio da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, ela vem realizando encontros com mulheres evangélicas nas periferias, ouvindo relatos sobre os impactos das políticas públicas em suas vidas. Em setembro, passou por cidades como Salvador, Manaus, Ceilândia Norte (DF), Rio de Janeiro e Caruaru (PE). Em muitas dessas agendas, esteve acompanhada da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
Durante participação no podcast evangélico "Papo de Crente", Janja reforçou que o foco do governo não é disputar crenças, mas compreender os impactos sociais concretos nas famílias de fé:
"A gente não está falando de religião. Estamos falando do impacto dessas políticas na vida das mulheres, principalmente negras e periféricas", afirmou.
Estratégia política e formação para o diálogo
Além das ações da primeira-dama, o Partido dos Trabalhadores tem articulado esforços para qualificar a aproximação com os evangélicos. A Fundação Perseu Abramo lançou o curso "Fé e Democracia para a Militância Evangélica Brasileira", que já reúne centenas de inscritos em busca de ferramentas para estabelecer diálogo com essa base eleitoral.
Um campo em crescimento e disputa
Segundo o Censo 2022, os evangélicos somam 47,4 milhões de brasileiros, ou 26,9% da população. A faixa etária com maior crescimento está entre os 10 e 14 anos, o que demonstra a força e o futuro dessa comunidade religiosa.
Esse crescimento também explica a preocupação do governo: a rejeição entre evangélicos ao governo Lula, caso não seja revertida, pode comprometer resultados eleitorais e aprofundar a polarização.
Desafios e oportunidades
A rejeição entre evangélicos ao governo Lula não é uma questão apenas de comunicação, mas de escuta e presença real. As ações de Janja mostram uma tentativa de sair da retórica e chegar às margens, onde boa parte desse eleitorado vive. Ainda assim, transformar essa rejeição em apoio é um processo que exigirá consistência, políticas públicas eficazes e respeito à diversidade religiosa.
Enquanto o presidente Lula enfrenta críticas, sua esposa aposta na escuta e na construção de pontes. E nesse caminho, o sucesso da aproximação com os evangélicos poderá não apenas reduzir a rejeição, mas também abrir novas formas de diálogo entre fé e política no Brasil.