Eduardo Bolsonaro chama prisão de seu pai de 'tentativa de assassinato'
Em post na rede social X, o deputado federal chamou Alexandre de Moraes de 'tirano psicopata'; Bolsonaro foi preso por risco de fuga e violação da tornozeleira eletrônica
Em postagem no X na tarde deste sábado, 22, Eduardo Bolsonaro chamou a prisão de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, de "tentativa de assassinato". Segundo escreveu, a determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para prisão preventiva de Bolsonaro, cumprida pela Polícia Federal nesta manhã, tem o objetivo de "matar" o ex-presidente.
Na mensagem, também postada numa versão em inglês, Eduardo chamou Moraes de "tirano psicopata" que, segundo ele, "está tentando terminar o trabalho que Adélio começou". A mensagem faz referência ao autor da facada contra seu pai na campanha das eleições presidenciais de 2018.
"Moraes está tentando terminar o trabalho que Adélio Bispo começou. É uma tentativa de assassinato, nada menos do que isso", escreveu Eduardo, sugerindo que a saúde debilitada de seu pai poderia se agravar com o encarceramento.
Relatório médico de Bolsonaro,enviado pela defesa do ex-presidente ao STF na sexta-feira, 21, listou 10 problemas de saúde para evitar prisão. Assinado pelos médicos do ex-presidente, o documento reuniu o histórico de cirurgias desde a facada de 2018, episódios de pneumonia registrados neste ano e um conjunto de problemas de saúde que, segundo os profissionais, exige monitoramento contínuo e possibilidade de atendimento hospitalar imediato.
Não é medida cautelar, prisão preventiva ou qualquer outro termo que os serviçais do regime utilizam para suavizar essa abominação. Precisamos ter a coragem de dizer exatamente o que está acontecendo:
Moraes está tentando terminar o trabalho que Adélio Bispo começou. É uma… pic.twitter.com/TwBq0WIctF
— Eduardo Bolsonaro (@BolsonaroSP) November 22, 2025
Bolsonaro foi levado para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde ficará em uma sala de Estado, espaço reservado para autoridades como ex-presidentes e outras figuras públicas. A decisão não marca o início do cumprimento da pena de 27 anos e três meses imposta pelo STF.
A decisão de Moraes justifica a prisão pelo fato de por Bolsonaro ter danificado a tornezeleira eletrônica que usava em prisão domiciliar na madrugada deste sábado, e pela convocação de uma vigília em frente à sua casa para as 19h. Para a Polícia Federal, a mobilização poderia funcionar como pretexto para tumulto ou até facilitar uma tentativa de fuga, além de colocar em risco a ordem pública.
O ministro também menciona que a casa de Bolsonaro fica a cerca de 13 quilômetros da Embaixada dos Estados Unidos. Moraes lembra que o ex-presidente já buscou abrigo diplomático na Embaixada da Hungria. A proximidade com sedes diplomáticas, segundo ele, facilitaria uma eventual fuga.
Moraes destaca que a Polícia Federal pediu a reavaliação das cautelares, apontando "altíssimo risco" de evasão. A Procuradoria-Geral da República deu aval à medida. Todas essas decisões foram tomadas no âmbito do inquérito que investiga a atuação de Eduardo Bolsonaro junto a autoridades americanas para coagir o Supremo durante o julgamento da ação penal do golpe, processo que levou o ex-presidente à condenação de 27 anos e 3 meses de prisão.
Em nota, a defesa de Bolsonaro disse que a prisão causa "perplexidade" e afirmou que a decisão se baseia em uma "vigília de orações". Os advogados alegam que o ex-presidente já estava detido em casa, "com tornozeleira eletrônica e sendo vigiado pelas autoridades policiais", e contestam a "existência de gravíssimos indícios da eventual fuga". Eles também afirmam que o estado de saúde de Bolsonaro é "delicado" e que sua prisão "pode colocar sua vida em risco". A defesa informou que vai apresentar recurso.
Bolsonaro terá acompanhamento médico na prisão preventiva
O ministro Alexandre de Moraes determinou a disponibilização de atendimento médico em tempo integral ao ex-presidente Bolsonaro, em regime de plantão, durante a prisão preventiva na Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal.
Não existe plantão médico na superintendência, mas um esquema especial foi montado neste sábado, por causa da prisão preventiva do ex-presidente.
Os médicos particulares de Bolsonaro também terão acesso ao local, conforme autorização do STF. Já na manhã deste sábado, um segurança de Bolsonaro foi ao local para entregar uma caixa com diversos remédios de uso contínuo. Dentre eles havia, por exemplo, um medicamento usado para dores de origem neuropática (provocadas por lesões nos nervos).