PUBLICIDADE

Política

Dilma enfrenta novos protestos contra a corrupção

12 abr 2015 - 19h57
(atualizado às 19h57)
Compartilhar
Exibir comentários

Mais de 600 mil brasileiros indignados pelo megaescândalo de corrupção na Petrobras saíram às ruas neste domingo em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e outras cidades brasileiras para protestar contra o governo de Dilma Rousseff, embora o movimento não tenha superado em volume o do mês passado.

Ao menos 682.000 pessoas se manifestaram em 195 cidades do país, segundo polícia, enquanto que os organizadores calcularam em 1,5 milhão o número de manifestantes, segundo portal de notícias G1.

Em São Paulo, onde ocorreu o maior protesto do dia 15 de março, havia 275.000 nas ruas às 16h00, segundo a polícia. Os organizadores estimaram em 800.000 os manifestantes.

No mês passado, a polícia calculou, em todo país, dois milhões de manifestantes (sendo um milhão em São Paulo), uma cifra bem superior a deste domingo, mas o instituto Datafolha questionou esta cifra, calculando em 210 mil o número de manifestantes.

"Queremos abrir espaço à indignação do povo brasileiro (...) Nosso foco é que Dilma deixe o poder através de um processo dentro da lei. Pode ser sua renúncia ou um impeachment, mas que saia. Foi eleita em outubro, mas agora o povo quer sua saída", declarou à AFP Janaina Lima, 30 anos, porta-voz do movimento Vem Pra Rua, falando do alto de um caminhão de som que avançava pela Avenida Paulista.

Em Brasília, cerca de 25.000 manifestantes marcharam em um clima festivo e familiar, em meio a vendedores ambulantes de bandeiras e comida. A multidão é praticamente a metade da passeata anterior, segundo informou à AFP a Polícia Militar, apesar de os organizadores assegurarem a presença de 50.000 pessoas.

No Rio de Janeiro, dez mil pessoas protestaram em frente à ensolarada praia de Copacabana, um terço menos que em março passado.

"Viemos por tudo o que está acontecendo no Brasil e por este governo que não está fazendo nada. O povo tem que mostrar persistência e manifestar sua indignação e sua insatisfação", declarou à AFP uma manifestante brasiliense, Dianira Loubet, instrutora de ioga de 75 anos.

Como no protesto anterior, a maioria veste a camiseta amarela da seleção brasileira e reclama o 'impeachment' da presidente, que começou seu segundo mandato há pouco mais de três meses.

Uma pesquisa do Datafolha mostrou no sábado que 63% dos mais de 2.800 consultados apoiam a abertura de um julgamento político da presidente em função do caso Petrobras, apesar de também uma maioria (64%) achar que, ainda nesse caso, Dilma não será afastada do poder.

"Fora Dilma", "Fora PT", "A culpa é das estrelas" e "Governo de corruptos" são alguns dos cartazes exibidos. Um pequeno grupo exige uma intervenção militar, como aconteceu em 15 de março.

O carioca Thomaz Albuquerque, de 38 anos, disse haver razões políticas e legais para pedir o impeachment de Dilma, apesar de especialistas dizerem o contrário.

"Ela era presidente do conselho de administração da Petrobras durante a pior etapa do 'Petrolão'. Só isso já é suficiente", declarou.

Oito em cada 10 brasileiros acreditam que Dilma estava a par da corrupção dentro da Petrobras, segundo o instituto de pesquisas Datafolha, apesar de a presidente negar com veemência.

"O que queremos é que todo o Brasil saia às ruas. Não estamos aqui para quebrar recordes", afirmou Rizzia Arreiro, de 35 anos, integrante do movimento "Vem Pra Rua", um dos grupos que convocaram a manifestação.

"O principal objetivo é conseguir a destituição de Dilma, ou sua renúncia", afirmou o analista político Fabio Ostermann, um dos líderes do "Movimento Brasil Livre" (MBL), que também organiza os protestos.

"Sua omissão em relação ao escândalo da Petrobras a coloca em uma situação de muita irresponsabilidade", acrescentou Ostermann, um gaúcho de 30 anos, em entrevista à AFP.

"É muito difícil levar uma multidão às ruas todos os meses. Não é algo pequeno e a falta de uma liderança dificulta isso ainda mais", explicou à AFP André César, analista político de Brasília.

"Entre a marcha de 15 de março - que foi interessante e potente - e esta de hoje, o governo conseguiu conter algumas hemorragias. Deve estar respirando aliviado", observou.

Treze senadores, 22 deputados, dois governadores, o tesoureiro do PT e ex-funcionários são investigados pela corrupção na Petrobras que movimentou 4 bilhões de dólares na última década.

Dilma enfrenta também dificuldades nos campos político e econômico, com uma economia quase estancada e uma inflação que atingiu 8,13%.

Para tentar acalmar a tempestade política, ela concedeu ao seu vice-presidente, Michel Temer, do PMDB, principal aliado do governo na coalizão, o papel de articulador entre o governo e o Congresso, o que lhe rendeu fortes críticas segundo as quais ela não governaria mais.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
Compartilhar
Publicidade
Publicidade