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CPI do Cachoeira

GO: Cachoeira ataca governo por dizer que Andressa era 'penetra' em festa

Bicheiro diz que Palácio das Esmeraldas ofendeu a mulher dele ao afirmar que ela foi a um evento sem ter sido convidada

11 jun 2013 - 13h11
(atualizado às 13h11)
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Andressa Mendonça postou uma foto durante a festa beneficente, realizada no Palácio das Esmeraldas
Andressa Mendonça postou uma foto durante a festa beneficente, realizada no Palácio das Esmeraldas
Foto: Instagram / Reprodução

O bicheiro Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, usou um artigo publicado em um jornal de Goiânia para criticar o governo do Estado de Goiás. Cachoeira se disse indignado com a versão que teria sido divulgada pela assessoria do governo de que a mulher dele, a empresária Andressa Mendonça, teria ido a um evento beneficente no Palácio das Esmeraldas na sexta-feira passada sem ter sido convidada.

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O evento - um desfile de moda que contou com um jantar e um show - teria sido organizado pela Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), que é presidida pela primeira-dama do Estado, Valéria Perillo, para arrecadar fundos para a compra de uma unidade de Transplante Cardíaco.  Andressa compareceu à festa e até postou fotos no Instagram.

Com a repercussão do fato, a assessoria do governo informou que não houve convite expresso à mulher de Cachoeira, e que Andressa deve ter comprado um dos 350 convites para a festa - ao preço de R$ 350,00 cada - de uma das 22 senhoras beneméritas da festa, encarregadas de divulgar o evento.  Isso irritou o contraventor, que entendeu a resposta como ofensa, contra a qual desabafou no artigo publicado no jornal Diário da Manhã.

"Um homem pode suportar muitas provações em sua vida. Pode cumprir seu desiderato e pagar por seus erros", disse Cachoeira no artigo, intitulado "A verdade sem mentira". "Pode ter amigos em dia e ser abandonado por eles quando a má sorte sobrevém", continuou. "Entretanto, um homem não pode jamais permitir que sua companheira, sua cara-metade, sua alma-gêmea, a mulher a quem ele devota amor, seja ofendida de qualquer maneira que for", afirmou.

Segundo Cachoeira, Andressa foi convidada para o desfile, mas, na sua avaliação, foi "renegada" depois. Para o bicheiro, Andressa compareceu ao evento como "cidadã, empresária que paga seus impostos, pessoa bem relacionada e velha conhecida do governador e da primeira-dama". Ele também afirmou que sua esposa jamais iria aonde não foi convidada. "Até porque não precisamos passar por penetras em lugar algum", disse.

Conforme expresso no texto, Cachoeira está "pronto para o embate" contra quem ofendeu Andressa. "Não medirei esforço e nem terei compaixão para defendê-la, e desde já aviso que o céu será o meu limite", disse.  "Se querem me atingir, estou preparado. Mas acusar a minha amada e companheira de subterfúgio rasteiro, como o de entrar de penetra no Palácio das Esmeraldas, passou dos limites. Quem quer ser respeitado deve se dar ao respeito", afirmou.  "Não cometam a insanidade de tentar atingir de forma tão rastejante minha esposa, porque não vão gostar nem um pouco de conhecer o peso de minha mão", disse Cachoeira no artigo.

Carlinhos Cachoeira, em tom de ameaça, ainda insinuou que tem segredos do governo para serem revelados. "Se quiserem saber onde estão os maiores problemas e as principais sangrias dentro desse governo, é só encarar a briga que eu estou pronto para o embate. Em bom 'brasileirês', falo de cabeça erguida e com o peito arfante: cai para dentro quem quiser, que eu sustento o desafio", disse.

O jornalista Isanulfo Cordeiro, chefe da assessoria de comunicação do governo, esclareceu o episódio e disse que nunca houve a intenção, por parte do Palácio, de esconder que Andressa esteve na festa, e disse que ela comprou o convite para o evento, como todas as pessoas presentes. “O convite foi divulgado e vendido por estas senhoras que estavam na organização. Cada uma delas tinha uma cota", afirmou. Ele negou que Andressa tenha sido ofendida: "ela, de fato, esteve presente, mas não houve essa de dizer que ela entrou de penetra, não. Ninguém falou isso, não houve nada disso".  Sobre as declarações de Cachoeira no artigo do jornal, a assessoria disse que não vai se manifestar.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Em 21 de novembro, após 265 dias preso, Carlinhos Cachoeira, deixou a penitenciária da Papuda, em Brasília. No mesmo dia, o contraventor foi condenado pela 5ª Vara Criminal do Distrito Federal a uma pena de 5 anos de prisão por tráfico de influência e formação de quadrilha. Como a sentença é inferior a 8 anos, a juíza Ana Claudia Barreto decidiu soltar Cachoeira, que cumpriria a pena em regime semiaberto.

No dia seguinte, o Ministério Público Federal (MPF) de Goiás pediu nova prisão do bicheiro, com base em uma segunda denúncia contra ele e outras 16 pessoas, todos suspeitos de participar de uma intensificação de ações criminosas em Brasília. O pedido foi negado pela Justiça.

No dia 7 de dezembro, Cachoeira voltou a ser preso. O juiz Alderico Rocha Santos, da 11ª Vara Federal de Goiás, condenou o bicheiro a 39 anos, 8 meses e 10 dias de reclusão por diversos crimes relativos à Operação Monte Carlo e determinou sua prisão preventiva. A defesa recorreu e, quatro dias depois, o juiz federal Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) concedeu novo habeas-corpus e Cachoeira foi libertado.

Fonte: Especial para Terra
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