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Política

Cartão corporativo de Bolsonaro: Confira o que já se sabe sobre os gastos

Ex-presidente usou R$ 27, 6 milhões, incluindo custeio de viagens de familiares e durante motociatas; dados foram revelados mediante Lei de Acesso à Informação

26 jan 2023 - 16h10
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O acesso aos gastos do cartão corporativo da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro (PL) vieram a público, no dia 12 de janeiro, a partir de uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU). As informações foram obtidas pela Fiquem Sabendo - agência de dados públicos especializada na Lei de Acesso à Informação (LAI) - e compartilhadas em primeira mão com o Estadão.

Inicialmente, com a resposta do primeiro pedido - uma base de dados extensa apenas com os gastos -, chegou-se à conclusão de que a gestão Bolsonaro usou o cartão corporativo para pagar R$ 27,6 milhões em despesas da presidência. Posteriormente, o governo liberou também as notas fiscais dos gastos, o que ajudou esclarecer algumas informações sobre as despesas, com a descrição do que foi comprado e a quantidade.

Na comparação com gestões anteriores, Bolsonaro está longe de ser o ex-presidente que mais gastou com cartão corporativo. O topo da lista cabe ao primeiro primeiro mandato de Lula, que, em valores corrigidos pela inflação pagou R$ 59,1 milhões entre 2003 e 2006 por meio do cartão; no segundo mandato foram R$ 47,9 milhões. Entre 2011 e 2014, Dilma Rousseff gastou R$ 42,4 milhões.

Bolsonaro foi, entretanto, o único presidente da República a dizer publicamente que não fazia uso do cartão. Agora, com a divulgação dos extratos, sabe-se que isso não é verdade e é possível entender o que ele fazia com o dinheiro dos contribuintes em sua conta privativa de presidente. Os valores referentes ao ex-chefe do Executivo podem ser maiores, porque nem todos os dados de despesas com cartão foram consolidados.

Despensa farta na residência oficial

As notas fiscais das despesas da residência oficial mostram que o cardápio era composto por cortes nobres de carne, camarão e bacalhau. No dia 7 de junho de 2019, foram comprados 6,3 kg de picanha maturatta, 15 kg de filé mignon sem cordão e ainda peças de costela defumada, batata palha, potes de palmito e azeitona. A conta deu R$ 1.443,07, com R$ 147,28 em descontos.

Os pescados também aparecem na lista de compras da residência oficial. Em abril de 2019 foram adquiridos 4,2 kg de camarão rosa, 7,2 kg de bacalhau e 10,8 kg de filé de robalo ao preço de R$ 2.241,55. No intervalo de um ano foram ao menos 14 compras de picanha, 47 de mignon e 15 de bacalhau. Essas despesas eram frequentes - às vezes mais do que uma vez na semana. Confira as notas fiscais na íntegra.

Viagens de Michelle, Carlos e Jair Renan

Notas fiscais do cartão corporativo revelam que o governo gastou R$ 16,2 mil para bancar a hospedagem de uma equipe de servidores que foi para Alagoas dar proteção a Michelle Bolsonaro, numa viagem de lazer na região conhecida como rota ecológica do litoral nordestino, no município de São Miguel dos Milagres. Agentes de segurança que a acompanharam tiveram as despesas pagas com o cartão.

Os documentos apontam ainda gastos do mesmo gênero em viagens privadas de Carlos e Jair Renan, filhos de Jair Bolsonaro. Em abril de 2021, Jair Renan foi para Resende (RJ). Os custos da equipe de segurança também foram pagos com o cartão corporativo. Situação semelhante ocorreu Carlos, quando viajou a Brasília e também foi acompanhado de seguranças. Somente em abril de 2021 há registros de notas emitidas em sete viagens de parentes do então presidente. Confira imagens das notas fiscais.

Estadão
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