Bolsonaro sobre casamento gay: 'não querem igualdade, e sim privilégios'
Deputado diz que nunca vai mudar de opinião sobre o assunto: 'eu sou parlamentar para pregar o que eu bem entender'
O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) criticou a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que aprovou o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo no País e entrou em vigor nesta quinta-feira. "O Judiciário, a exemplo do Supremo, tem avançado sobre a Constituição. Está bem claro na Constituição aqui: a união familiar é um homem e uma mulher. (...) Essas decisões aí só vêm a cada vez mais solapar a unidade familiar, os valores familiares: vai jogar tudo isso por terra", disse Bolsonaro. O deputado criticou a comunidade LGBT por buscar o direito ao matrimônio civil: "eles não querem igualdade, eles querem privilégios".
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O CNJ aprovou, por 14 votos a um, uma resolução que obriga todos os cartórios do Brasil a celebrarem o casamento civil a pessoas do mesmo sexo da mesma forma como é celebrado a casais heterossexuais. A decisão foi publicada na quarta-feira, no Diário de Justiça Eletrônico, e é válida a partir desta quinta-feira. Ela não legaliza o casamento gay no País, já que, para isso, o assunto deveria passar por votação como lei no Parlamento. Para Jair Bolsonaro, "é o prolongamento de decisões que não caberiam a eles".
"Eu posso falar a besteira que eu quiser"
Bolsonaro também afirmou que, mesmo que o casamento gay seja legalizado no futuro, ele continuará lutando para que não seja permitido - e buscou mostrar que tem poderes como deputado. "Eu sou parlamentar para pregar o que eu bem entender. Se eu achar que jornalista tem que ir para o pau de arara, eu posso falar! Eu posso ir buscar assinaturas para a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) nesse sentido. Eu posso falar a besteira que eu quiser! Por isso que eu tenho imunidade, é para falar, dar opiniões, representar uma parte da sociedade", disse Bolsonaro.
O deputado manifestou indignação com as possíveis consequências que teria uma possível legalização do casamento entre homossexuais. "Se, atrás disso, vem a adoção de criança: uma criança adotada por um casal gay é 90% de chances que vai ser gay também", disse Bolsonaro. "Você acha que eu vou pegar meu filho de 6 anos de idade e deixar ele brincar com outro moleque de 6 anos adotado por um casal gay? Não vou deixar! (...) A lei não vai fazer minha maneira de pensar (ficar) diferente", afirmou.
"Ninguém, nenhum pai tem orgulho de ter um filho gay", disse Bolsonaro. "Você já viu baile de debutante de gays? (Dá uma gargalhada) Você acha que um pai ia financiar um baile de 15 anos para um filho gay? Para dançar: 'o meu filho Joãozinho vai dançar com o Pedrinho'. Tá de brincadeira, pô!"
O parlamentar também afirmou acreditar que a criação das crianças pode influenciar na orientação sexual delas. Bolsonaro sugeriu, inclusive, que castigos físicos funcionam para disciplinar tanto atos violentos dos filhos quanto comportamentos que ele considera sexualmente inadequados. "Quando um moleque está sendo extremamente violento - ele cospe na mãe, chuta o vizinho, quebra o vidro não sei do quê -, você dá um pau nele e não vai melhorar o comportamento dele? Por que se (o filho) está sendo meio 'delicado' demais, também você não muda o comportamento dele? Muda, sim!"
Mesmo depois de expor essas opiniões, Bolsonaro negou ser homofóbico - conceito que, para ele, diz respeito apenas à violência física contra homossexuais. "Eles me acusam de homofobia, que eu sou homofóbico. Você já ouviu, em algum lugar, eu falar que homossexual tem que morrer? Tem que dar porrada? Eu nunca ouvi falar isso em lugar nenhum."