Após reclamação de Silas Malafaia, Paes manda recolher panfletos com foto do pastor
Material voltado ao público evangélico tem uma foto dos dois na Marcha para Jesus, em 2016; líder religioso disse que não endossa nenhum candidato no 1º turno e só apoia Ramagem caso ele avance ao 2º
O prefeito do Rio de Janeiro e candidato a reeleição, Eduardo Paes (PSD), mandou recolher dos panfletos destinados à comunidade evangélica que começaram a ser distribuídos esta semana. Os 200 mil exemplares do material trazem uma "carta compromisso" de Paes com os religiosos e seriam entregues nas portas das igrejas durante a última semana de campanha.
Entre os líderes religiosos que aparecem no folheto está Silas Malafaia, pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que disse não apoiar nenhum candidato no primeiro turno da eleição carioca e criticou o candidato à reeleição pela utilização não autorizada de sua imagem.
"Não autorizei ninguém a usar minha foto. Isso está errado. A imagem de uma pessoa não deve ser utilizada sem consentimento em propaganda política, especialmente quando isso pode enganar o povo. Eu não o apoio", declarou Malafaia, que já manifestou seu apoio ao rival de Paes, o ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem (PL), caso ele chegue ao segundo turno.
Em resposta, o prefeito do Rio afirmou que a foto de Malafaia refletia seu apoio à Marcha para Jesus: "Conversei com ele. O pastor Silas Malafaia é um grande amigo. Ele não está apoiando ninguém, e já mandei retirar a foto dele do material. Ele não me apoia, mas é meu amigo", disse Paes.
Conhecido internamente como "carta compromisso com o povo de Deus", o panfleto ressalta as posições de Paes sobre temas controversos, como sua oposição ao aborto, à legalização das drogas e à ideologia de gênero nas escolas.
O deputado federal Otoni de Paula (MDB), articulador político do prefeito entre os evangélicos, afirmou que o folheto reforça os antigos posicionamentos de Paes.
"Estamos intensificando a distribuição de panfletos nas portas das igrejas, algo que percebemos que faltava para os adversários. Isso visa aumentar a visibilidade do compromisso de Eduardo com esses valores conservadores. Não se trata de uma montagem política, mas de compromissos que ele sempre teve", comentou Otoni.
Quatro anos atrás, na mesma fase da campanha, Paes foi alvo de uma campanha de fake news em igrejas. O novo material orienta os fiéis a não acreditarem em notícias falsas e inclui uma passagem do livro bíblico de Efésios sobre mentiras.
O folhetim destaca as ações do prefeito voltadas aos evangélicos, como um patrocínio de R$ 40 milhões a eventos cristãos e R$ 3,3 milhões em apoio ao aniversário da Assembleia de Deus.
Além disso, a campanha de Eduardo Paes programou um evento voltado para evangélicos nesta segunda-feira, 30, no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio.