PUBLICIDADE

Apoiadores de petista sabotam bolsonaristas em grupos no Telegram

Infiltrados já divulgaram a informação de que o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, havia sido preso

4 nov 2022 - 07h06
(atualizado às 07h46)
Compartilhar
Exibir comentários
Apoiadores de Jair Bolsonaro fazem bloqueios ilegais em estradas desde domingo, 30, quando Lula (PT) venceu as eleições presidenciais
Apoiadores de Jair Bolsonaro fazem bloqueios ilegais em estradas desde domingo, 30, quando Lula (PT) venceu as eleições presidenciais
Foto: Estadão Conteúdo/Júlio GOmes

Apoiadores do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se infiltraram em grupos do Telegram para tentar desarticular e desestabilizar mobilizações bolsonaristas que questionam o resultado da eleição. Lista que circula em grupos bolsonaristas no Telegram, aplicativo de mensagens, indica 133 números de telefone que seriam de petistas infiltrados.

Além de provocações - como menções à vitória de Lula, termos chulos, conteúdos pornográficos e pegadinhas -, os infiltrados informam endereços errados de onde ocorreriam protestos, divulgam notícias falsas e se articulam para excluir grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato derrotado.

Em uma das ações, esses infiltrados divulgaram a informação de que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, havia sido preso.

Vídeos mostraram bolsonaristas celebrando - alguns ajoelhados e chorando - a notícia falsa. "É fake news. Vamos raciocinar antes de postar. Viramos chacota ontem", disse uma usuária.

Levantamento do Democracia Digital, elaborado por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a pedido do Estadão, detectou 11.033 mensagens que fazem menção à palavra infiltrado, em uma amostra de 144 grupos de WhatsApp e 87 canais no Telegram.

O pesquisador da UFBA Paulo Fonseca, um dos autores do levantamento, afirmou que, ao apontar a presença de adversários, os administradores dos grupos mantêm a unidade no discurso. Como mostrou o Estadão, usuários que criticaram o apelo de Bolsonaro a desobstruir estradas foram acusados de serem infiltrados em grupos bolsonaristas no Telegram. "Qualquer ação que seja classificada como divergente é lida como ação de infiltrado. O próprio Roberto Jefferson foi colocado como um infiltrado", afirmou.

Apelo

A mensagem que Bolsonaro divulgou anteontem nas redes sociais sobre os bloqueios nas estradas foi entendida nos grupos como um pedido para desobstruir as vias, mas manter a mobilização. Em vídeo, Bolsonaro fez um "apelo" para que os manifestantes desobstruíssem as rodovias.

"Não vamos perder essa nossa legitimidade. Outras manifestações vocês estão fazendo no Brasil todo, nas praças. Faz parte do jogo democrático. Fiquem à vontade", disse o presidente. "Estou com vocês e tenho certeza de que vocês estão comigo."

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi mais direto, logo após o vídeo do pai. Segundo o parlamentar, o presidente da República "pede apenas que desobstruam rodovias". "Manifestar-se em qualquer lugar é constitucional e parte da nossa democracia", afirmou Eduardo.

"Direcionem as forças das manifestações nos quartéis militares de suas cidades!", diz uma mensagem encaminhada em pelo menos quatro grupos no Telegram. "Liberem as rodovias e vão para os quartéis militares. Foi isso que o capitão disse, fiquem ligados", afirma outra publicação.

Redução

Após o apelo do presidente, seus apoiadores reduziram o volume dos atos, mas ainda interditavam parcialmente estradas em cinco Estados ontem. Eram 24 pontos de interdição parcial em rodovias federais, segundo o informe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulgado às 20h24. O total de manifestações desfeitas pela corporação chegou a 936 desde domingo.

Até ontem à tarde havia bloqueios em Amazonas (2), Mato Grosso (7), Mato Grosso do Sul (1), Pará (6) e Rondônia (8). Foram registrados atos em frente a quartéis em São Paulo, no Rio e em Santa Catarina. (Colaboraram Davi Medeiros e Maria Letícia França)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade