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Polícia

"Não tenho dúvida nenhuma que o Mizael matou a Mércia", diz delegado

Acusação exibiu ainda vídeo com depoimento do vigilante que supostamente ajudou o réu

12 mar 2013 - 13h15
(atualizado em 4/7/2018 às 09h54)
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<p>Delegado Antonio de Olim comandou as investigações do assassinato de Mércia</p>
Delegado Antonio de Olim comandou as investigações do assassinato de Mércia
Foto: Fernando Borges / Terra

O delegado Antonio de Olim, que coordenou a investigação sobre o assassinato da advogada Mércia Nakashima, disse nesta terça-feira, durante o segundo dia do julgamento sobre o caso, que não tem dúvidas de que o policial militar reformado e advogado Mizael Bispo de Souza matou a ex-namorada, em 23 de maio de 2010. "Eu não tenho dúvida nenhuma que o Mizael matou a Mércia", afirmou o delegado, ao ser indagado pela acusação sobre a conclusão do inquérito. "Essa investigação foi toda técnica", completou. 

Veja detalhes do caso Mércia 

Durante três horas, o delegado respondeu às perguntas do promotor Rodrigo Merli, responsável pela acusação, detalhando a ligação entre Mizael e o vigilante Evandro Bezerra Silva, acusado de ter sido cúmplice do crime e tê-lo ajudado na fuga. Ainda de acordo com Olim, o ex-PM e o vigia passaram o dia do crime no "encalço" da vítima, se falaram 16 vezes por telefone, e rodearam a região da casa dos avós de Mércia, onde ela foi vista pela última vez antes de morrer.

Olim também negou, em vários momentos, que Evandro tenha sofrido tortura para confessar sua participação. "Não vejo nenhuma tortura psicológica (na forma como foi conduzido o interrogatório), e o depoimento foi perante um advogado da Ordem (dos Advogados do Brasil, OAB)", disse. 

Para tentar demonstrar que não houve tortura, a acusação exibiu um vídeo em que Evandro relata ao delegado Antonio de Olim que sabia das intenções de Mizael. "(O ex-PM) Falava que ia matar ela. (...) Eu falei pra ele não fazer isso: 'você vai ser o suspeito, é ex-marido (na verdade, ex-namorado) dela", disse Evandro ao delegado, em vídeo exibido aos jurados. "'(Mizael disse a Evandro) Vai acontecer esse final de semana e você vai me pegar lá'", revelou Evandro, ainda no mesmo vídeo exibido. 

Após a exibição de cerca de 12 minutos de depoimento, o juiz Leandro Bittencourt Cano interrompeu a transmissão do material, lembrando que a acusação poderá exibir mídias em outra ocasião do júri, que não o depoimento da testemunha.

Atrito 

Advogado de Evandro questiona nulidade do júri de Mizael:

Por fim, o delegado também admitiu que chegou a ter um "atrito" com a família de Mércia, que não se conformava com a investigação da polícia, que indicava que ela estava morta - o corpo da advogada só foi encontrado 19 dias depois. Ele negou, no entanto, que a família da vítima tenha cobrado seu afastamento do caso e disse que compreendeu o descontentamento do irmão da advogada, Márcio Nakashima, que levava à polícia uma série de denúncias para serem apuradas.  

"Quando a gente ia para uma investigação, o Márcio chegava antes da gente. (...) Aí eu tive que cortar isso. (...) Nós até demoramos muito para chegar ao Mizael, porque paramos a investigação para seguir outros caminhos", afirmou. 

O caso Mércia

A advogada Mércia Nakashima, 28 anos, desapareceu no dia 23 de maio de 2010, após deixar a casa dos avós em Guarulhos (Grande São Paulo), e foi encontrada morta no dia 11 de junho, em uma represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. A perícia apontou que ela levou um tiro no rosto, um tiro no braço esquerdo e outro na mão direita,  mas morreu por afogamento quando seu carro foi empurrado para a água.

"Mizael e Evandro estavam no encalço da Mércia", diz Olim:

O ex-namorado de Mércia, o policial militar reformado e advogado Mizael Bispo de Souza, 43 anos, foi apontado como principal suspeito pelo crime e denunciado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. De acordo com a investigação, Mércia namorou durante cerca de quatro anos com Mizael, que não se conformava com o fim do relacionamento amoroso. A Promotoria também denunciou o vigia Evandro Bezerra Silva, que teria o ajudado a fugir do local, mas seu julgamento ocorrerá separadamente, em julho deste ano.

Preso em Sergipe dias depois da morte de Mércia, Evandro afirmou ter ajudado Mizael a fugir, mas alegou posteriormente que foi obrigado a confessar a participação no crime, sob tortura. Entretanto, rastreamento de chamadas telefônicas feito pela polícia com autorização da Justiça colocaram os dois na cena do crime, de acordo com as investigações. Outra prova que será usada pela promotoria é um laudo pericial de um sapato de Mizael, no qual foram encontrados vestígio de sangue, partículas ósseas, vestígios do projétil da arma de fogo e uma alga típica de áreas de represa.

Promotor discute com defesa e juiz pede fim do bate-boca:

Mizael teve sua prisão decretada pela Justiça em dezembro de 2010, mas se escondeu após considerar a prisão "arbitrária e injusta", ficando foragido por mais de um ano. Em fevereiro de 2012, porém, ele se entregou à Justiça de Guarulhos e, desde então, aguardava ao julgamento no Presídio Militar de Romão Gomes - enquanto o vigia permanece preso na Penitenciária de Tremembé. Mizael nega ter assassinado Mércia e disse, na ocasião, que a tratava como "uma rainha". Já o vigia afirmou, em depoimento, que não sabia das intenções do advogado e que apenas lhe deu uma carona. Se condenados, eles podem ficar presos por até 30 anos.

Fonte: Terra
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