Farra Brasil 14: PF faz operação contra propina a funcionários da Caixa
Desde a criação do sistema, a Caixa Econômica Federal já precisou ressarcir R$ 2 bi em cerca de 749 mil processos de contestação
Nesta terça-feira, 15, a Polícia Federal deflagrou a Operação Farra Brasil 14, focada em desmontar uma organização criminosa acusada de fraudar o sistema Caixa Tem. O grupo atuava oferecendo propina a funcionários da Caixa Econômica Federal para conseguir acesso a benefícios sociais. O aplicativo é usado para o pagamento de programas como Bolsa Família, seguro-desemprego e FGTS.
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A ação dos criminosos funcionava de maneira simples. Primeiro, a quadrilha cooptava funcionários da Caixa Econômica e de lotéricas, oferecendo propina. Em troca do dinheiro, os servidores davam passe livre ao grupo, liberando o acesso às contas sociais de terceiros pelo app Caixa Tem. Os desvios aconteciam em seguida.
De acordo com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, a maior parte das vítimas é beneficiária de programas sociais do Governo Federal, No entanto, as fraudes também atingiram o FGTS e o Seguro Desemprego de trabalhadores.
Apenas nesta terça, foram cumpridos 23 mandados de busca e apreensão em 7 municípios do Rio de Janeiro: Niterói, Rio de Janeiro, São Gonçalo, Maricá, Itaboraí, Macaé e Rio das Ostras. A Justiça Federal também impôs medidas cautelares aos 16 investigados.
Criado em abril de 2020, o aplicativo Caixa Tem concentra os serviços bancários e o pagamento de benefícios sociais aos assistidos.
Desde que passou a ser utilizado, cerca de 749 mil processos de contestação já foram registrados, com o ressarcimento de cerca de R$ 2 bilhões por parte da Caixa Econômica Federal. As informações são da Coordenação de Repressão a Fraudes Bancárias Eletrônicas da Diretoria de Combate a Crimes Cibernéticos da Polícia Federal.
A Operação Farra Brasil 14 contou com a ajuda da Centralizadora Nacional de Segurança e Prevenção a Fraude/DF (CEFRA) e da Corregedoria Regional/RJ, ambos órgãos da Caixa Econômica.
Agora, os investigados deverão responder por organização criminosa, furto qualificado, corrupção ativa e passiva, além de inserção de dados falsos em sistemas de informação. Os acusados podem chegar a até 40 anos de reclusão.
Em nota enviada ao Terra, a Caixa Econômica Federal reforçou que atua de maneira conjunta com os órgãos de segurança pública nas investigações e operações que combatem fraudes e golpes.
A Caixa também fez questão de ressaltar que "monitora ininterruptamente seus produtos, serviços e transações bancárias para identificar e investigar casos suspeitos".
A instituição financeira aainda citou os procedimentos tomados para a proteção dos dados e operações dos clientes e assegurou que "dispõe de tecnologias e equipes especializadas para garantir segurança aos seus processos e canais de atendimento".