Família de Juliana Marins pede que PF investigue vazamento de nova autópsia
Documento, elaborado pelo IML do Rio de Janeiro, teria conteúdo divulgado pela família em entrevista coletiva na sexta-feira, 11
A família de Juliana Marins solicitou à Polícia Federal uma investigação sobre o vazamento do laudo sigiloso da nova autópsia, que confirmou politrauma por queda como causa da morte, consistente com o exame inicial feito na Indonésia.
A família da publicitária Juliana Marins, que morreu após cair de uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, pediu para que a Polícia Federal (PF) investigue o vazamento da autópsia realizada no corpo da jovem à imprensa.
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A veiculação de matérias com o conteúdo do documento foi recebida com surpresa pelos familiares da jovem, uma vez que eles mesmos ainda não tiveram acesso ao laudo pericial realizado pelo Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro, conforme revelaram à TV Brasil na última quarta-feira, 9.
A autópsia, que é de responsabilidade da Polícia Civil fluminense e cujo laudo deveria ser sigiloso, foi realizada na manhã de 2 de julho. O procedimento teve a participação de dois peritos legistas da Polícia Civil, um perito da Polícia Federal e um assistente técnico apontado pela família de Juliana.
O plano da família da publicitária, inclusive, era receber o laudo e divulgar seu conteúdo em uma entrevista coletiva na próxima sexta-feira, 11, com a participação do perito contratado para a autópsia e da Defensoria Pública da União (DPU).
Os familiares solicitaram a realização de um novo exame no Brasil após questionarem as conclusões do laudo apresentado pelos legistas indonésios. O documento obtido no país asiático dá conta de que Juliana sofreu trauma contundente e morreu de hemorragia decorrente de lesões em órgãos internos.
Por sua vez, a autópsia feita pelo IML do Rio de Janeiro confirmou que Juliana Marins morreu vítima de politrauma decorrente de queda de grande altura. O documento, obtido pela TV Globo, foi elaborado após a realização de nova necropsia no Brasil.
Veja o que se sabe e o que falta saber sobre a morte da brasileira após o novo exame pericial:
- Quando a brasileira morreu?
A nova autópsia realizada por legistas do Rio de Janeiro no corpo da jovem concluiu que não foi possível determinar a data da morte devido às condições do corpo quando chegou ao Brasil. Entretanto, o documento oficial reforça o apontado na primeira autópsia, realizada na Indonésia: a brasileira teria morrido entre 1h15 do dia 23 de junho e 1h15 do dia 24.
O acidente ocorreu na manhã do dia 21, mas o corpo só foi localizado na noite do dia 24, ou seja, Juliana teria sobrevivido por dois a três dias após o acidente na trilha do Monte Rinjani.
- Qual foi a causa da morte dela?
O laudo concluiu que Juliana morreu em decorrência de uma queda de grande altura durante a trilha na Indonésia.
O documento aponta que a causa imediata da morte foi uma hemorragia interna provocada por lesões graves em órgãos vitais --resultado de um impacto classificado como de alta intensidade.
De acordo com o laudo, os ferimentos afetaram diversas partes do corpo, como crânio, tórax, pelve, abdômen, membros e coluna, sendo compatíveis com um único impacto violento. Os peritos estimam que ela tenha sobrevivido entre 10 e 15 minutos após a queda, sem condições de se locomover ou reagir.
- Juliana sofreu antes de morrer?
O laudo diz que a jovem brasileira passou pelo chamado estado "agonal" --um período de sofrimento físico e psicológico antes de morrer.
O "estado agonal" se refere aos sintomas dos momentos finais que antecedem a morte, caracterizados por alterações fisiológicas e sinais clínicos específicos --como alteração da frequência cardíaca e respiração. Sob grande estresse, o corpo se aproxima da parada dos sistemas vitais.
- Resgate tardio contribuiu para o óbito?
O laudo pericial não pôde determinar se o tempo prolongado de resgate contribuiu para o óbito, devido à insuficiência de dados sobre a dinâmica do acidente. Os peritos responsáveis pelo laudo destacaram a necessidade de esclarecer quantos eventos traumáticos ocorreram após a queda para uma conclusão definitiva.
- O laudo aponta possibilidade de agressão e violência sexual?
Não foram identificados sinais de agressão, resistência física ou contenção anteriores à queda. As escoriações presentes no corpo foram consistentes com movimentação pós-impacto, compatíveis com as características do terreno acidentado da região.
O exame cadavérico também não revelou indícios de violência sexual. A pesquisa de espermatozoides apresentou resultado negativo, embora análises genéticas complementares ainda estejam em andamento.
- O corpo tinha sinais de desnutrição?
A perícia não identificou indícios de desnutrição, fadiga extrema ou consumo de substâncias ilícitas. A única substância detectada nos exames periciais foi o antidepressivo venlafaxina.
- Foi possível determinar a dinâmica da queda?
A perícia brasileira não teve acesso ao local exato onde o corpo foi encontrado, o que limitou a reconstituição da dinâmica da queda.
- As perícias brasileira e indonésia apresentaram conclusões divergentes?
Não. Ambos os laudos concordam que a causa da morte foi politrauma decorrente de queda de grande altura, com lesões internas graves e hemorragia. Os resultados são consistentes entre si e sustentam a hipótese de um impacto de alta energia.
Adicionalmente, o novo exame realizado no Brasil confirma a estimativa temporal do óbito estabelecida pelas autoridades indonésias --entre 10 e 15 minutos após o acidente. Contudo, permanece indeterminado o momento exato em que a queda ocorreu, devido às limitações das evidências disponíveis.
