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Polícia

Ex-comandantes confirmaram à PF pressão de Bolsonaro por golpe

Falas de Freire Gomes e Carlos Baptista Júnior implicam diretamente o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres

15 mar 2024 - 14h00
(atualizado às 14h19)
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Os ex-comandantes do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Júnior, confirmaram em depoimento à Polícia Federal que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez pressão por um golpe de Estado para se manter no poder. As informações são da CNN Brasil, que teve acesso aos depoimentos. 

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Foto: presidente Jair Bolsonaro - Valter Campanato/Agência Brasil / Perfil Brasil

Nessas reuniões, realizadas em dezembro de 2022, poucos dias antes da posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-presidente apresentou uma "hipótese de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e outros instrumentos jurídicos como estado de defesa ou estado de sítio" para permanecer no poder.

Em seus esclarecimentos, os ex-comandantes também implicaram diretamente o ex-ministro da Defesa de Bolsonaro, general Paulo Sérgio Nogueira, e o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, na elaboração de um plano golpista.

O ex-ministro da Defesa foi apontado, segundo as investigações, como um articulador da minuta golpista, enquanto Torres era uma espécie de "tradutor jurídico" para os três comandantes.

O general Freire Gomes e o tenente-brigadeiro Baptista Júnior afirmaram ainda que rechaçaram em diversas oportunidades uma proposta de golpe, enquanto que o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, teria colocado a tropa à disposição de Bolsonaro.

Segundo a Folha de São Paulo, Carlos Almeida Baptista Júnior pontuou ainda que o ex-comandante do Exército Freire Gomes chegou a comunicar que prenderia o então presidente Bolsonaro caso ele tentasse colocar em prática um golpe de Estado.

A defesa de Bolsonaro disse que ainda não obteve acesso aos depoimentos e por isso, não comentará o caso. A reportagem também está buscando posicionamento dos demais citados.

Reuniões com Bolsonaro após eleição

Em depoimento, os ex-comandantes relataram que, em 7 de dezembro de 2022, foram chamados pelo então ministro da defesa, Paulo Sérgio Nogueira, à biblioteca do Palácio da Alvorada, para realizar reuniões com Bolsonaro. Lá, o ex-assessor de Bolsonaro, Filipe Martins, apresentou um documento que embasaria juridicamente o que, na prática, seria um golpe de Estado.

Os dois ex-comandantes afirmam também terem participado de uma reunião no Ministério da Defesa no dia 14 de dezembro de 2022 com o general Paulo Sérgio Nogueira, que apresentou uma nova versão do documento. Segundo os depoimentos, a minuta golpista passou por ajustes.

À PF, os ex-chefes do Exército e da Aeronáutica disseram ter sido contundentes ao avisar, naquele dezembro de 2022, que não compactuariam com nenhuma ruptura institucional.

*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

Perfil Brasil
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