Perdas, renascimentos e conquistas: fiéis prestam homenagem a São Jorge no Rio de Janeiro
De pedidos de saúde a conquistas profissionais, devotos transformam dores e vitórias em agradecimento no dia de São Jorge
Aclamado pelos fiéis por ser um santo protetor, São Jorge, padroeiro informal da cidade do Rio de Janeiro, foi muito celebrado nesta quarta-feira, 23.
Para exaltar as bênçãos recebidas do Santo Guerreiro, milhares de devotos foram até a igreja de São Jorge, na Praça da República, para participar de missas e exercer a fé. Entre pedidos e agradecimentos, muitos familiares reviveram momentos em que a devoção por São Jorge foi determinante para buscar forças e seguir adiante.
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É o caso da educadora Iara Marques, 32, que acompanhada dos filhos, Lia e Caetano, e do marido, pôde retornar ao local tão importante em sua história de vida. “O meu marido é muito devoto. Estamos juntos há três anos. Em 2023 foi a primeira vez que vim, pois tínhamos acabado de perder um bebê. Eu estava distante de qualquer tipo de fé, e nem costumo gostar muito de igreja, mas quando eu entrei nessa foi a primeira em que me senti tocada, fiquei emocionada e voltei a ter fé”, contou.
Com a filha Lia no colo, ela explicou também que ao nascer, em 2024, a pequena precisou ficar uns dias na UTI, mas assim que foi liberada, ela e o companheiro fizeram questão de levar a recém-nascida à igreja. A devoção da educadora ao santo se deve também ao fato da renovação da crença por outra perda que sofreu na vida pessoal. “Meu primeiro marido morreu em um acidente de carro há sete anos. Depois disso, briguei com toda a fé existente, mas ao entrar aqui em 23 de abril de 2023, a minha vida mudou”.
A gratidão pela família também é o que motiva Rosangêla Oliveira, 49, a ir ao templo todos os anos. Neste caso, para celebrar a vida da filha Rafaella, de 28 anos, que teve muitas complicações de saúde desde que nasceu.
“Quando estava grávida, corria o risco de minha filha nascer sem os movimentos. A minha mãe, que hoje é falecida, sempre foi devota de São Jorge, e falou para irmos à igreja interceder. Quando a Rafa nasceu, ela veio se movimentando, mas depois foi acometida pela doença de lúpus e perdeu os movimentos das pernas e parou de andar. Ela fez quimioterapia, se reergueu e hoje está aqui”, disse. A própria Rafaella explicou a importância do santo em sua vida. “Tenho muita gratidão. Tenho sempre que agradecer”.
O reconhecimento pelas graças alcançadas no âmbito profissional cerca o casal Flávio Sandro, 42 e Eloá Cristina, 28. Moradores da Zona Norte do Rio, eles disseram que estavam na Região dos Lagos, pediram permissão ao padroeiro para antecipar o dia em que fizeram a feijoada, mas fizeram questão de voltar à capital para agradecer.
“Pedi uma melhoria financeira e eu obtive. Hoje é a profissão que eu exerço”, contou ele, que é gerente bancário. A companheira, por sua vez, brincou dizendo que influenciou o namorado a frequentar o local e demonstrou gratidão pela função que exerce atualmente.
“Venho todos os anos e comecei arrastando ele. Vinha sozinha ou com a minha mãe desde os meus dezessete anos. Antes de ter o emprego que tenho hoje, pedi ao santo. E depois que consegui, vim agradecer, pois tenho certeza que ele me ajudou nessa”, concluiu ela, que trabalha como auxiliar de saúde bucal.
