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Marina diz que não se pode cometer "erro maior" de entregar o país a um governo autoritário

6 jun 2018 - 12h16
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A pré-candidata da Rede à Presidência, Marina Silva, afirmou nesta quarta-feira que não se pode cometer um "erro maior" de entregar a gestão do país a um "governo autoritário como se eles fossem salvadores da pátria".

Pré-candidata à Presidência Marina Silva (Rede), em Brasília 06/06/2018 REUTERS/Adriano Machado
Pré-candidata à Presidência Marina Silva (Rede), em Brasília 06/06/2018 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Adriano Machado / Reuters

"Estão arriscando algo que nos é muito caro, que é compremeter a nossa democracia. Só é possível a esses movimentos declararem porque conquistamos a democracia", disse ela, ao ser questionada sobre pedidos por intervenção militar durante a greve dos caminhoneiros.

Para a ex-ministra do Meio Ambiente, a sociedade brasileira viveu um momento muito difícil e, agora, "estamos tentando fortalecer essa democracia com os aprendizados que temos".

Em sabatina promovida pelo jornal Correio Braziliense com os pré-candidatos ao Palácio do Planalto, Marina disse que a polarização política levou o Brasil a essa situação em que pessoas acabam se direcionando para saídas autoritárias, diante de erros cometidos, sobretudo em função da corrupção e do atendimento de necessidades básicas da população. Segundo ela, essa situação, longe de resolver, acaba por aprofundar os problemas.

A ex-ministra afirmou que a campanha presidencial de 2018 será diferente das anteriores que participou, de 2010 e 2014. Segundo ela, a disputa em 2010 foi minimamente civilizada e a de 2014 foi uma guerra --e que posteriormente ela entendeu o motivo porque aquela eleição foi uma fraude. Para ela, a prática das "fake news" (notícias falsas) foi criada pela então candidata à reeleição Dilma Rousseff e seu marqueteiro João Santana nas últimas eleições presidenciais.

"Agora sei que muitos não estão disputando a eleição, estão disputando salvo condutos", disse, numa referência a investigados em escândalo de corrupção, especialmente a operação Lava Jato.

Marina afirmou estar conseguindo pontuar nas pesquisas de intenção de voto com uma campanha franciscana contra estruturas faraônicas.

Em rápida entrevista após a sabatina, ela afirmou que não vai advogar um embate com o deputado Jair Bolsonaro (PSL), líder nas pesquisas na corrida ao Planalto --quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não aparece como candidato--, por ter sempre um compromisso com o debate.

Em contraponto a Bolsonaro, ela defendeu uma melhoria no trabalho da segurança pública para diminuir à violência em vez de liberar o porte de arma para os cidadãos.

PREVIDÊNCIA

A ex-ministra afirmou que vai apresentar uma proposta de reforma da Previdência, caso seja eleita presidente da República, que tenha como diretrizes o envelhecimento da população e o tempo de contribuição das pessoas para ter direito ao pagamento do benefício.

Para a pré-candidata da Rede, obviamente deverá haver o tempo necessário para se debater, mas reconheceu que uma proposta dessa magnitude tem de ser feita no início do governo.

"Esse governo (Temer) vai deixar um problema para quem assumir em 2019, empurrando para o próximo governo", disse.

Marina admitiu que o problema do déficit da Previdência é "dramático", fez duras críticas à reforma proposta pelo governo do presidente Michel Temer, mas não foi clara sobre qual seria o método a ser adotado para ela para encaminhar a mudança previdenciária a partir de 2019.

A presidenciável afirmou que, se eleita, vai chamar a sociedade para debater a reforma a ser feita de forma transparente. Por ora, ela não deu detalhes do seu plano para a área.

"É preciso, sim, atender a essas questões, mas isso precisa ser feito num debate, de forma legítima. Não dá para Dilma e o Temer sem falar de reformas na eleição e depois querer passar por sobre a sociedade um pacote que discutiu apenas com um lado", criticou.

RELAÇÃO COM O CONGRESSO

Integrante de um partido com fraca base parlamentar, Marina afirmou que não há outra alternativa de relação com o Congresso de um presidente da República que não seja por meio do convencimento, do programa de propostas. Ela exemplificou que, não agindo assim, vira a senha do mensalão.

"Temos dito que é muito difícil você governar hoje? Com certeza e a prova disso é que mesmo partidos com grande quantidade de bancadas não conseguem governar", disse. "Fazer o debate programático e não pragmático", definiu.

"É na base do diálogo, não tem toma lá da cá. A gente governa com autoridade política, com autoridade ética, com autoridade moral", completou.

PRIVATIZAÇÃO

Marina disse não ser favorável à privatização da Petrobras, Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Ela também disse que, no caso da privatização da Eletrobras, não existe um plano.

"A gente não vende as joias da família para almoçar fora", disse ela, para quem a sociedade tem que participar desse debate.

"Privatizar a Eletrobras para continuar fazendo grandes barragens na Amazônia? Apenas fazer linhas de transmissão?", questionou, para quem o governo tem que ser transparente no que está propondo.

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