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Manifestantes se confrontam em palestra de filósofa em SP

Movimentos convocaram o ato contra Judith Butler devido as ideias da norte-americana a respeito do feminismo e identidade de gênero

7 nov 2017 - 12h23
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Movimentos convocaram ato contra a presença da filósofa devido as ideias de Butler a respeito do feminismo e identidade de gênero
Movimentos convocaram ato contra a presença da filósofa devido as ideias de Butler a respeito do feminismo e identidade de gênero
Foto: Futura Press

Grupos de manifestantes se reuniram na manhã de hoje (7) em frente ao Sesc Pompeia, zona oeste paulistana, para protestar contra e  a favor da participação da filósofa norte-americana Judith Butler no seminário Os Fins da Democracia, realizado em parceria com a Universidade da Califórnia, Berkeley, onde a intelectual é professora de literatura comparada.

Alguns movimentos convocaram o ato contra a presença da filósofa devido as ideias de Butler a respeito do feminismo e identidade de gênero. Um boneco retratava a professora como uma bruxa de sutiã à mostra foi queimado ao fim do ato. Cartazes e faixas falavam sobre temas diversos, a maior parte condenando o que os participantes chamam de "ideologia de gênero", mas também havia frases com pedidos de intervenção militar e atacando figuras como os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso. Os participantes usavam megafones e caixas de som para gritar palavras de ordem.

Ideologia de gênero e direitos LGBT

"A gente não está aqui pelo tema da palestra, a gente está aqui porque a Judith Butler é uma propagadora da ideologia de gênero, uma das principais criadoras e a que mais propaga isso aí", disse o advogado Heverton Sodario, de 24 anos. " Não é contra as pessoas que são homossexuais ou contra o homem que quer se vestir de mulher. É contra uma ideologia que está sendo pregada às crianças, tentando dizer que mesmo que você nasça homem ou mulher, você pode ter um gênero diferente disso aí. É um absurdo", acrescentou. 

Do outro lado, os manifestantes se revezavam em microfone para defender a presença da filósofa, a liberdade de expressão e os direitos da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros). "A vinda da Judith Butler representa mais um canal de pensarmos como toda a questão de gênero não pode ser uma afronta, tem que ser um reconhecimento da nossa existência", disse a antropóloga Heloíse Fruchi. 

Ela disse se sentir amedrontada com o teor dos discursos feitos pelos manifestantes contrários a Butler. "Aqui a gente está totalmente armados com liberdade e respeito, enquanto tudo o que vem de lá afronta não só a minha existência, a minha liberdade de amar, mas o meio direito de estar aqui. É um calar a minha voz, ignorar o meu direito de viver. É muito assustador", acrescentou. 

Ideias

A partir de uma ótica feminista, Butler tem reflexões sobre como as distinções entre os sexos são determinadas por interpretações culturais que se sobrepõe a determinantes biológicos. Ela também tem trabalhos com pensamentos sobre a violência e a respeito da situação do Estado de Israel. Esses últimos temas mais relacionados ao que seria tratado no evento.

Com a participação de palestrantes nacionais e estrangeiros, o seminário pretende abordar os limites e riscos às instituições democráticas no cenário político mundial.

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