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Lula lança ultimato à UE: se acordo com Mercosul não sair, não será ratificado 'até fim do mandato'

Lula afirmou nesta quarta-feira (17) em Brasília que, se o acordo de livre-comércio entre União Europeia e Mercosul não for assinado agora, não será concluído até o fim de seu mandato em 2026. O presidente brasileiro disse que França e Itália travam a ratificação por pressões internas, sobretudo do setor agrícola, e acusou os europeus de já terem recebido mais concessões do que o bloco sul-americano.

17 dez 2025 - 17h10
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O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva lançou nesta quarta-feira um ultimato à União Europeia em relação ao acordo de livre-comércio com o Mercosul. Em reunião ministerial em Brasília, Lula afirmou que, se o tratado não for assinado "agora", não haverá mais chances de concluí-lo durante seu mandato, que termina em 2026.

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva pouco antes de reunião com ministros em Brasília, em 17 de dezembro de 2025.
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva pouco antes de reunião com ministros em Brasília, em 17 de dezembro de 2025.
Foto: REUTERS - Adriano Machado / RFI

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, espera formalizar o acordo no próximo sábado, durante o encontro do Mercosul em Foz do Iguaçu. Mas Lula disse ter sido informado de que a ratificação não avançará, já que França e Itália resistem, por motivos políticos internos. Segundo o líder brasileiro, o tratado é "mais favorável" aos europeus do que aos países sul-americanos.

O presidente francês Emmanuel Macron reiterou que a França se opõe "de maneira muito firme" a qualquer tentativa de aprovação forçada, principalmente por pressão do setor agrícola. A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni também declarou que seria "prematuro" assinar o acordo nos próximos dias.

Apesar das críticas, Lula disse ainda esperar um desfecho positivo no fim de semana, mas advertiu que o Brasil adotará uma postura mais dura caso os europeus recusem. "Nós já cedemos em tudo o que era possível ceder diplomaticamente", afirmou, reforçando que não pretende prolongar indefinidamente as negociações.

O impasse reflete a dificuldade de avançar em um tratado negociado há mais de duas décadas, marcado por divergências sobre questões ambientais, agrícolas e industriais, e que se tornou símbolo da tensão entre interesses europeus e latino-americanos.

Lula fez de tudo para assinar o acordo

Desde o início de seu atual mandato, em 2023, Lula retomou a prioridade política de concluir o acordo Mercosul-União Europeia, travado desde 2019, e passou a cobrar a UE publicamente por "indecisão", afirmando que o Brasil e o Mercosul já haviam feito todas as concessões diplomáticas possíveis. 

Ao longo de 2025, Lula alternou pressão e construção política com líderes europeus, defendendo o acordo como resposta ao unilateralismo e reforço do multilateralismo. Em junho, ele qualificou o pacto como "o mais excepcional" do começo do século, destacando escala populacional e econômica, e argumentando que a política comercial é "uma via de mão dupla", em aceno à necessidade de equilíbrio entre concessões de ambos os lados.

Na frente diplomática, Lula manteve diálogo direto com Bruxelas. Em junho, em encontro com António Costa, então presidente do Conselho Europeu, o chefe de Estado reiterou a convicção de que seria possível assinar o acordo até o fim do ano, aproveitando a presidência brasileira do Mercosul a partir de julho. A conversa também articulou a agenda climática para a COP30, buscando alinhar o tratado comercial com compromissos ambientais e de desenvolvimento sustentável.

A tensão com capitais europeias cresceu quando agricultores e setores industriais pressionaram governos como França e Itália contra a conclusão imediata. No ultimato desta quarta-feira, Lula afirmou que, se a UE adiasse novamente e não assinasse no sábado, não haveria acordo enquanto ele fosse presidente, preparando o terreno para uma postura mais dura do Brasil e do bloco sul-americano.

O ciclo de intensificação de pressão, mensagens públicas e busca de prazos concretos culminou na linha "agora ou nunca" adotada por Lula. Mesmo reconhecendo impasses internos europeus, ele sustentou que o texto atual teria sido mais favorável à UE do que ao Mercosul, e que novas concessões sul-americanas eram politicamente inviáveis, posicionando o Brasil para encerrar a janela de negociação caso não houvesse avanço imediato.

Com AFP

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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