'Há sinais de otimismo' na mitigação da crise climática, avalia imprensa francesa sobre abertura da COP30
A COP30 começou nesta segunda-feira (10), em Belém, com apelos para salvar os esforços globais contra as mudanças climáticas diante do avanço do negacionismo. Apesar da ausência dos Estados Unidos, o segundo maior emissor de gases de efeito estufa, há sinais de otimismo, aponta a imprensa francesa nesta terça-feira (11).
Todos os jornais franceses enviaram correspondentes a Belém para cobrir a Conferência do Clima da ONU e publicam reportagens sobre a abertura do evento na capital paraense.
O Le Parisien demonstra otimismo e afirma que a situação climática não é tão sombria. Dez anos após o Acordo de Paris e no momento da abertura da grande conferência anual sobre o clima da ONU, o jornal enumera os motivos para ter esperança: a França reduziu sua pegada de carbono, a China promete um grande esforço até 2035, há aumento das energias renováveis e maior conscientização global. Graças ao Acordo de Paris, o aquecimento do planeta será menor do que o esperado no final do século, indica a publicação.
O Le Figaro ouviu representantes de comunidades indígenas da Amazônia, que têm um papel especial na COP30, onde suas reivindicações devem ser ouvidas. A presença dos povos originários em Belém contrasta com as três últimas edições da Conferência do Clima da ONU, quando eles eram quase invisíveis. A reportagem afirma que os indígenas estão divididos entre esperança e resignação. Além do desmatamento e do aquecimento global, a floresta também é ameaçada pelo tráfico e pelo garimpo, informa o jornal conservador.
A Amazônia oferece uma oportunidade única para desenvolver soluções baseadas na natureza, acredita o La Croix. O jornal católico entrevistou Maria Netto, diretora do Instituto Clima e Sociedade, do Rio de Janeiro. Segundo ela, a COP30 pode representar uma virada decisiva para o Brasil. O país poderia se transformar em um laboratório da transição energética ao apostar, principalmente, na agricultura regenerativa.
Belém, símbolo dos desafios da Amazônia
"Belém é o símbolo dos desafios da Amazônia", resume o título da reportagem do Le Monde. Fundada em 1616, a capital do Pará, que já foi conhecida como a "Paris dos Trópicos", tem 60% de sua população vivendo em favelas, de acordo com o jornal. No entanto, os participantes da Conferência da ONU são recebidos em uma área com segurança reforçada, que durante duas semanas passa a ser simbolicamente a capital do Brasil.
Mais de US$ 1 bilhão foram investidos para transformar Belém em uma vitrine da Amazônia. Mas a COP não resolveu os problemas crônicos da cidade, que tem uma taxa de homicídios duas ou três vezes maior que a média nacional. A organização do evento agravou a antiga dinâmica de perseguição aos mais pobres, denuncia uma moradora da Vila da Barca nas páginas do jornal. "Mas quem sabe essas contradições vão transformar Belém, porta da Amazônia, em um local de reconciliação nesse mundo dividido diante da urgência climática?", conclui o texto.