PUBLICIDADE

Com 7 milhões de obesos mórbidos, Brasil ainda opera pouco

Este ano, 88 mil cirurgias bariátricas serão realizadas no País; procedimento pode salvar vidas e dar qualidade ao dia a dia dos pacientes

27 nov 2014 - 10h58
(atualizado às 10h59)
Compartilhar
Exibir comentários
Taxas de obesidade entre homens e mulheres é equivalente em países desenvolvidos, que consomem mais produtos a base de soja, por exemplo
Taxas de obesidade entre homens e mulheres é equivalente em países desenvolvidos, que consomem mais produtos a base de soja, por exemplo
Foto: Getty Images

O número parece alto, mas ainda está aquém do que se idealiza quando o assunto é cirurgia bariátrica no Brasil. Até o final de 2014, 88 mil pessoas terão passado pelo procedimento de redução do estômago ou técnicas similares para perda de peso em obesos mórbidos. Atualmente, no País, a doença, que é grave e pode causar diversos males, atinge 3,6% da população – ou mais de 7 milhões de pessoas.

“Infelizmente, esse número (de 88 mil cirurgias) ainda é pequeno sim. O Brasil está entre os países com mais obesidade mórbida, além de Estados Unidos, México e alguns países da Ásia”, alerta o médico Almino Ramos, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). O tema está sendo discutido desde quarta-feira até o próximo sábado, no Rio de Janeiro, no 16º Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica.

A estrutura dos hospitais também está anos luz do ideal para atender os pacientes nestas condições. “Ela é insuficiente como para qualquer coisa no Brasil, não é? Tudo tem demora, ainda mais neste caso porque não é cirurgia de urgência. A estrutura tem que ser muito melhorada”, acrescenta Ramos.

As falhas, principalmente no SUS, na estrutura de atendimento, levam a uma loteria, em que as equipes têm que escolher quais pacientes precisam ser operados com prioridade. São os casos em que a situação de saúde em função da obesidade é mais crítica. É considerado obeso mórbido quem tem índice de massa corporal (IMC) maior que 40. 

Perdas e ganhos

Apesar de cercada de mitos e muito medo, os médicos da área defendem que a intervenção cirúrgica para redução de peso é benéfica. Principalmente se comparado aos danos à saúde e qualidade de vida provocados pela obesidade, como hipertensão, diabetes, alterações no acido úrico e triglicérides e outros males.

“Hoje, os riscos da cirurgia não se comparam aos da doença. A cirurgia não é para reduzir peso, é para melhorar a saúde. Esse paciente, geralmente, é de alto risco, com mortalidade alta, vive menos e a qualidade de vida é ruim”, destaca Almino. Dados do mais amplo estudo do mundo sobre o tema mostram que os doentes operados têm redução de mortalidade de origem cardiovascular de 33%.

'Aprendemos a preparar o paciente’

O maior avanço dos últimos anos nas técnicas de cirurgia está na realização por métodos não invasivos. Muitos pacientes, com exceção dos que se operam pelo SUS, já são submetidos à laparoscopia, cirurgia por vídeo, sem cortes. O método requer um curto tempo de recuperação e é menos arriscado.

Outro avanço é o preparo do paciente. “Aprendemos a preparar o paciente, a identificar qual momento adequado de operar. Isso também diminui riscos”, comenta o médico. Ele destaca que, atualmente, as pessoas já têm a noção de que se os cuidados do pós-operatório não forem tomados, a reaquisição de peso é certa. O primeiro passo é estar seguro em fazer o procedimento e saber que precisará adotar mudança completa no estilo de vida e na alimentação. Hoje o índice de ganho de peso atinge entre 10 e 15% dos pacientes operados.

Os cuidados com a parte emocional também são a chave para o tratamento. Muitos pacientes, afirma o médico, possuem distúrbios psicológicos e até psiquiátricos. Tudo tem que ser diagnosticado antes, como a depressão, comum em obesos graves. O tratamento passa, então, por um pacote, envolvendo equipe técnica e psicólogos. 

Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Publicidade