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Cidades

UFRJ repudia prisão de estudante durante protesto no Rio

16 out 2013 - 18h55
(atualizado às 19h01)
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<p>Manifestantes detidos durante protesto foram encaminhados durante esta quarta-feira ao Instituto Médico-Legal (IML), no centro da cidade, para fazer exame de corpo de delito</p>
Manifestantes detidos durante protesto foram encaminhados durante esta quarta-feira ao Instituto Médico-Legal (IML), no centro da cidade, para fazer exame de corpo de delito
Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil

A direção da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) divulgou na tarde desta quarta-feira nota de repúdio à prisão do estudante da instituição Ciro Brito Oiticica, durante manifestação na Cinelândia, Rio de Janeiro, na noite de ontem. Segundo a universidade, Ciro cobria as cenas de conflito na Câmara Municipal e foi “preso arbritrariamente” com um grupo de pessoas.

“Segundo testemunhas, Ciro não participou de nenhuma ação direta contra a polícia, o patrimônio público ou privado, nem resistiu à prisão. Ele estava com a identificação de colaborador do coletivo de mídia independente Rio na Rua, grupo que tem feito coberturas jornalísticas e transmissões ao vivo das manifestações recentes na cidade do Rio de Janeiro”, diz a nota da UFRJ.

“Sua atuação é motivo de orgulho para a nossa Escola, pois através de sua contribuição para uma maior diversidade de visões jornalísticas sobre o cenário político, Ciro está cumprindo não apenas com seu papel de jornalista em formação e midialivrista, mas, sobretudo, como cidadão que luta pela construção de um País democrático”, completa a universidade no comunicado.

Além de Ciro, o repórter fotográfico de uma mídia independente Ruy Barros, 23 anos, também foi detido na noite de ontem. Ele disse que foi acusado de ter provocado incêndio, roubo e crime à segurança nacional. "Estávamos na escadaria da Câmara, quando o Choque (Tropa de Choque da Polícia Militar) invadiu, junto com os alfa numéricos, e fizeram uma barreira e um cordão fechando a escadaria para que ninguém saísse. Enquadraram umas 200 pessoas e mandaram a gente para a delegacia da Ilha do Governador e estamos lá desde meia-noite", afirmou.

Na nota, a UFRJ condenou o desrespeito à liberdade da imprensa durante as manifestações. “É fundamental entender que a atividade da imprensa não se restringe às empresas estabelecidas como tais, pois o exercício do jornalismo tem uma função social que ultrapassa de longe os limites impostos pelo mercado. Mas, sobretudo, é imprescindível exigir o respeito a todo cidadão que ouse exercer, nas ruas, seu direito de manifestação.”

Segundo a Polícia Civil, 64 pessoas foram presas e 20 adolescentes apreendidos em flagrante durante os protestos da noite de terça-feira, no centro do Rio, durante ato para marcar o Dia dos Professores. Desse total, 27 foram autuadas com base na nova Lei do Crime Organizado, por crimes como dano ao patrimônio público, formação de quadrilha, roubo e incêndio. Os delitos são inafiançáveis.

A Polícia Civil autuou ainda 43 pessoas no crime de formação de quadrilha, que, de acordo com a alteração da legislação, se enquadram na Lei do Crime Organizado. Ao todo, 190 pessoas foram conduzidas para oito delegacias da capital, sendo 57 adolescentes, sendo o maior número de detenções desde o início das manifestações no Rio.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus. A mobilização surtiu efeito e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas – o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. "Essas vozes precisam ser ouvidas", disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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