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SP: prefeitura conclui remoção de barracos em vias da Cracolândia

15 jan 2014 - 16h26
(atualizado às 16h35)
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Dependentes químicos removem barracos junto a funcionários da prefeitura, na região da Cracolândia
Dependentes químicos removem barracos junto a funcionários da prefeitura, na região da Cracolândia
Foto: Thiago Tufano / Terra

Os barracos localizados entre a alameda Dino Bueno, a avenida Duque de Caxias e a rua Helvétia, na região da Cracolândia, no centro de São Paulo, foram totalmente desmontados por volta das 16h desta quarta-feira pelos dependentes químicos que vivem no local e também por funcionários da prefeitura da capital paulista. 

Nesta quarta-feira, a prefeitura iniciou oficialmente a retirada dos barracos construídos pelos dependentes na rua Helvetia e alameda Dino Bueno. O local entre essas vias é onde se concentra o maior número de barracos montados pelos dependentes químicos que vivem na Cracolândia. 

Apesar de todos os barracos terem sido desmontados na rua Helvétia e também na avenida Duque de Caxias, ainda há um grande número de residências irregulares na alameda Dino Bueno. 

Os dependentes retirados dos barracos foram registrados por funcionários da prefeitura e receberam uma carteira de identificação, que os possibilitarão acesso aos hotéis cadastrados no programa Operação Braços Abertos, da prefeitura paulistana. Nenhum problema havia sido registrado até as 16h. 

Dono de um dos quatro hotéis que fazem parte da Operação Braços Abertos, Cícero Barbosa da Silva, 51 anos, está otimista com a nova ação da prefeitura com os dependentes químicos da região e prevê lucro maior quando a situação estiver resolvida. Segundo ele, a Secretaria de Saúde o procurou para propor uma parceria e ceder os 39 quartos de seu estabelecimento para que os usuários de crack pudessem ter um lugar para morar.

“Estou acreditando 100% nessa parceria com a prefeitura. Se eu não acreditasse eu não deixaria que o pessoal morasse aí. No geral, eu acredito que vai dar certo, mas se der 70% certo está ótimo”, disse Cícero.

O dono do hotel preferiu não falar qual o valor que a prefeitura pagará para alugar os 39 quartos, mas disse que normalmente cobra cerca de R$ 700 por mês de seus hóspedes, totalizando R$ 27,3 mil. Porém, Cícero disse que houve uma negociação com a administração municipal em cima desse valor.

Operação Braços Abertos

A nova ação na região da Cracolândia, idealizada pela prefeitura de São Paulo e chamada de Operação Braços Abertos, teve início oficial nesta quarta-feira. O objetivo inicial da administração municipal é retirar os barracos montados pelos usuários de crack nas calçadas das ruas Helvétia e Dino Bueno. Porém, essa retirada - que já teve início de maneira isolada na segunda-feira - é feita voluntariamente pelos dependentes químicos, que serão encaminhados para quartos de hotéis no centro da capital paulista.

A ação da prefeitura reúne as secretarias de Saúde, Segurança Urbana, Assistência Social, Trabalho e Desenvolvimento Urbano, e o modelo será baseado numa experiência exitosa feita com alcoólatras na Holanda, que prevê trabalho, moradia e tratamento de saúde para os dependentes. A ideia que, em uma semana, os barracos já não estejam mais nas calçadas.

Os quartos serão divididos entre famílias, casais e solteiros. As secretarias cadastraram 300 dependentes químicos no novo programa, que também dará emprego de zeladoria na cidade, cursos de capacitação, seguro de vida, alimentação e R$ 15 por dia, que serão pagos semanalmente aos que aderirem ao programa. O custo por pessoa para a prefeitura será de um salário mínimo e meio, ou seja, R$ 1.017.

Segundo a prefeitura, a adesão foi bem aceita pelos dependentes químicos e 99% dos usuários irão participar do programa inicialmente. Além da organização não governamental (ONG) União Social Brasil Gigante, 180 funcionários das secretarias de Assistência Social e Saúde acompanharão os viciados 24 horas por dia. A Guarda Civil Metropolitana (GCM) passou por um treinamento especial e estará de prontidão no local para evitar que os dependentes voltem a construir barracos nas calçadas.

Na área da saúde, em 2013, a prefeitura ampliou de quatro para 16 as equipes de programa Consultório na Rua, que trabalham no acolhimento e encaminhamento para tratamento. Dessas 16 equipes, oito delas está na subprefeitura da Sé, sendo que duas delas estão especificamente na Cracolândia. Somente em janeiro de 2014, 253 pessoas foram encaminhadas ao tratamento.

A Assistência Social foi responsável pelo cadastramento dos dependentes e acomodação das pessoas. Na segunda etapa da operação, com a retirada dessas pessoas da rua, a prefeitura prevê uma diminuição da oferta de drogas na região. Para as pessoas que frequentam a região, mas não moram na Cracolândia, ainda restam 100 vagas no novo programa.

Na questão do trabalho, os usuários serão remunerados e ficarão quatros horas por dia trabalhando na limpeza urbana de parques e praças da região central da capital paulista, além de outras duas horas em cursos de capacitação.

Fonte: Terra
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