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"Pena de morte é inadmissível", diz Papa Francisco

Pontífice altera 'Catecismo', o guia doutrinal da Igreja Católica, e vai lutar contra a prática; em 2017, houve 993 execuções em 23 países

3 ago 2018 - 00h11
(atualizado às 07h56)
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O papa Francisco tomou uma decisão histórica nesta quinta-feira (2) ao modificar o Catecismo - guia que trata da explicação da doutrina da Igreja Católica - para declarar "inadmissível" a pena de morte. Também assumiu um compromisso de luta contra essa prática em todo o mundo.

Papa Francisco modificou o Catecismo, guia que trata da explicação da doutrina da Igreja Católica
Papa Francisco modificou o Catecismo, guia que trata da explicação da doutrina da Igreja Católica
Foto: Tony Gentile / Reuters

"A Igreja ensina, à luz do Evangelho, que a pena de morte é inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade e a dignidade da pessoa, e se compromete com determinação por sua abolição em todo o mundo", afirmou o pontífice em audiência concedida ao secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, Luis Ladaria Ferrer. Com a medida, ele modifica o artigo 2.267 do Catecismo, que não excluía a pena capital em casos extremos. 

O novo texto explica que "durante muito tempo o recurso à pena de morte por parte da autoridade legítima, depois do devido processo, foi considerado uma resposta apropriada à gravidade de alguns delitos e um meio admissível, embora extremo, para tutela do bem comum". O novo artigo diz que "hoje está cada vez mais viva a consciência de que a dignidade da pessoa não se perde nem sequer depois de ter cometido crimes muito graves". "Além disso, foram implementados sistemas de detenção mais eficazes, que garantem a necessária defesa dos cidadãos, mas que, ao mesmo tempo, não tiram do réu a possibilidade de redimir-se definitivamente."

Francisco anunciou sua intenção de modificar a posição da Igreja sobre a pena de morte em outubro, quando a publicação do Catecismo da Igreja Católica completou 25 anos. A mudança entrará em vigor, como preveem as normas religiosas, após a publicação pelo diário oficial L'Osservatore Romano e pela Acta Apostolicae Sedis (boletim da Santa Sé). 

Repercussão

O governador de Nova York, Andrew Cuomo, disse que promoverá uma discussão sobre a anulação da pena de morte nos Estados Unidos, "em solidariedade com o papa Francisco". Nova York não executa um réu desde 1963 mas 31 dos 50 Estados adotam a pena de morte, assim como o governo em nível federal e o Exército americano. 

Em seu relatório divulgado em abril, a Anistia Internacional destacou que 106 países já aboliram a pena de morte e 142 tinham acabado com isso na prática. Também apontou redução nas execuções para 993 em 23 países - o que representa queda de 4% em relação a 2016. 

A maioria das execuções ocorreu, nesta ordem, em China, Irã, Arábia Saudita, Iraque e Paquistão, e os métodos mais frequentes foram decapitação, enforcamento, injeção letal ou a morte por arma de fogo. Os EUA são o único país do continente americano que realizou execuções (23) e ditou penas de morte (41). 

A organização também constatou menos condenações à morte - 2.591 em 53 países, "queda considerável" diante das 3.117 de 2016. No ano passado, havia pelo menos 21.919 pessoas em todo o mundo condenadas à pena de morte.

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