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Falha no motor de helicóptero causou morte de Boechat, diz relatório da FAB sobre acidente

Documento ainda aponta que licenças da aeronave haviam passado do prazo, peças vencidas foram reinstaladas e piloto não tinha certificação para operar vôo

29 out 2020 - 22h17
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Uma falha no motor do helicóptero foi a causa do acidente aéreo que levou à morte do jornalista Ricardo Boechat, de acordo com o relatório final elaborado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB). Segundo o documento, houve ainda uma "tentativa malsucedida de pouso" e a aeronave ficou "destruída" após colidir com um caminhão.

O relatório aponta que a falha ocorreu por volta das 14h05, apenas 20 minutos após o vôo ter decolado do heliponto do Royal Palm Plaza, em Campinas, com destino a São Paulo. Nas imagens do sistema de segurança, é possível ver que o piloto tentou pousar na área de grama entre as duas faixas superiores do Rodoanel Mário Covas. Quando não conseguiu manobrar, ele guiou a aeronave por baixo dos viadutos, quando colidiu ainda em vôo com um caminhão.

O piloto Ronaldo Quattrucci, de -6 anos, que também morreu no acidente, não tinha o certificado obrigatório de um programa de treinamento aprovado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O relatório também aponta que o transporte utilizado não era regular na modalidade táxi aéreo e que a empresa RQ Serviços Aéreos Especializados Ltda não estava certificada ou autorizada a prestar o serviço.

Outro ponto citado pela FAB é a data da última revisão geral de um dos compressores, datada ainda de 1988. Durante a vistoria técnica especial, foi constatado que a peça havia sido trocada por uma mais nova durante uma avaliação feita em 2017 pela Anac, e reinstalada na aeronave menos de três meses depois, mesmo com a autorização expirada.

Na conclusão, o documento aponta seis fatores principais que contribuíram para o acidente: a atitude do piloto em não observar as ações de manutenção necessárias; a cultura organizacional das empresas envolvidas no aluguel da aeronave; a "indisciplina de vôo", cujo operador não tinha autorização ou qualificação; o "julgamento da pilotagem", ao considerar que o motor do helicóptero estava próprio para decolagem; a manutenção da aeronave; e os processos decisórios e organizacionais.

"Houve uma ineficiência, tanto por parte do operador, quanto da organização de manutenção, no acompanhamento e na execução dos processos de manutenção", concluiu o documento. "Era de conhecimento do operador o fato de que instalar o módulo do compressor sem a realização do overhaul, bem como exceder os intervalos de troca de óleo, contrariava o programa de manutenção previsto para o motor da aeronave, tornando-a, portanto, 'não aeronavegável'."

Relembre o caso

Laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou, em fevereiro do ano passado, que o jornalista Ricardo Boechat morreu em decorrência de politraumatismo provocado pela queda do helicóptero. De acordo com o documento, o jornalista sofreu traumatismos torácico e abdominal, "caracterizando politraumatismo, com carbonização secundária".

Boechat era apresentador do Jornal da Band e da rádio BandNews FM, além de ser colunista da revista IstoÉ. Trabalhou no Estadão e, também, nos jornais O Globo e O Dia. É ganhador de três prêmios Esso e, segundo o site da Band, é um dos maiores ganhadores da história do Prêmio Comunique-se, em que foi reconhecido como âncora de rádio, âncora de televisão e colunista. Também foi eleito o jornalista mais admirado do País na pesquisa do site Jornalistas&Cia em 2014.

Estadão
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