Educação do Rio pede suspensão de salário de suspeito preso por morte de palmeirense
Jonathan Messias Santos da Silva é servidor público e atuava como professor e diretor de escola municipal
O suspeito de ter arremessado uma garrafa de vidro que matou a palmeirense Gabriela Anelli, de 23 anos, teve um pedido de suspensão de salário feito pela Secretaria de Educação do Rio de Janeiro. Jonathan Messias Santos da Silva, de 34 anos, atuava como diretor de uma escola municipal da cidade e está preso desde o dia 25 de julho. Mesmo assim, ele recebeu quase R$ 24 mil dos cofres públicos. A defesa alega que ele é inocente.
O servidor foi identificado por meio do sistema de reconhecimento facial que há no Allianz Parque, estádio em que ocorreu a partida entre Palmeiras e Flamengo, no dia 8 de julho do ano passado. Na ocasião, houve uma confusão entre as torcidas, e Gabriela foi atingida no pescoço por uma garrafa de vidro. Ela foi socorrida, mas não resistiu.
Após a identificação, Jonathan Messias foi preso. Ele foi encontrado no bairro Campo Grande, no Rio de Janeiro, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo. Ele acabou apresentado na unidade policial do Rio e seguiu para São Paulo, onde está preso desde então.
Mesmo após seis meses de detenção, o servidor do Rio de Janeiro continua recebendo seu salário. Ele atuava como professor e diretor do ensino fundamental de uma escola da cidade. O Terra consultou o Portal da Transparência do município e encontrou os valores líquidos, ou seja, com os descontos da folha de pagamentos, recebidos por ele nos últimos meses.
• R$ 3.277,26 em agosto;
• R$ 3.035,44 em setembro;
• 3.072,62 em outubro;
• 7.021,01 também em outubro, referente a um prêmio por desempenho em 2022;
• R$ 3.331,88 em novembro;
• R$ 108,51 + R$ 3.331,88 em setembro
Ao todo, o suspeito recebeu R$ 23.178,60. Em contato com a Secretaria de Educação do Rio, a pasta informou que, na ocasião da prisão do servidor Jonathan, foi solicitada a suspensão do seu salário. Inclusive, o secretário de Educação, Renan Ferreirinha, já se manifestou à Fazenda Municipal contra o recebimento de salário por servidor preso.
Ao Terra, a Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento do Rio de Janeiro informou que Jonathan Messias foi removido para o Núcleo de Presos da Coordenadoria Geral de Recursos Humanos, da da Fazenda, e a legislação determina que o servidor receba o salário com desconto por afastamento.
Conforme o Estatuto do Servidor Municipal da Prefeitura do Rio, em casos de prisão preventiva, é descontado um terço do salário do servidor, até decisão judicial definitiva. Quando há condenação por sentença definitiva, o salário é descontado em dois terços.
Em nota, o advogado criminalista, José Victor Moraes Barros, que representa a defesa de Jonathan Messias, afirmou que seu cliente é inocente, e como não há decisão condenatória transitada em julgado contra ele, ele não pode ser demitido de seu cargo.
“Ele não foi pronunciado e tampouco submetido ao julgamento do Júri Popular! Não podendo ele ser prejudicado em seu emprego público e tampouco demitido do seu ofício de professor do órgão público em função da própria lei municipal e de acordo com a Carta Constitucional de 1988! Ademais, impetramos Habeas Corpus junto ao STJ onde aguardamos ainda o julgamento do seu mérito, uma vez que a prisão é ilegal e se fundamenta em requisitos inexistentes nos autos da ação penal, bem como na gravidade abstrata do delito imputado pelo Ministério Público de São Paulo”, declara.
Confusão
A confusão começou na Rua Caraíbas, próxima ao portão "A" do estádio, quando torcedores do Palmeiras identificaram a presença de dois flamenguistas. Segundo informações da SSP, os torcedores palmeirenses começaram a perseguir os torcedores rivais com o objetivo de agredi-los.
Devido à ação da Polícia Militar, o gás de pimenta utilizado dispersou-se pelo vento, alcançando o interior do estádio e afetando alguns jogadores. A partida de futebol foi interrompida em duas ocasiões.
Durante a confusão, Gabriela foi atingida por uma garrafa de vidro no pescoço e foi levada ao hospital em estado grave. Ela sofreu duas paradas cardíacas e não resistiu. Além de Gabriela, outra pessoa também ficou ferida no incidente.
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