Você sabia? Cemitério tem covas para membros amputados
Uma quadra do cemitério da Vila Formosa é dedicada exclusivamente ao sepultamento de membros amputados
Você já parou para pensar no que acontece com o membro de uma pessoa quando há uma amputação? As partes anatômicas, como são categorizadas, não podem ser descartadas ou mesmo levadas para casa. Por lei, o membro amputado não recebe um "atestado de óbito", documento exclusivo para designar a morte de uma pessoa. A orientação do Ministério da Saúde para esses casos é que o médico elabore um relatório, descrevendo o procedimento que foi realizado.
Existem dois destinos para o órgão amputado: a incineração e o sepultamento. Esse procedimento é semelhante ao enterro de uma pessoa, contando inclusive com uma urna.
No cemitério da Vila Formosa, na zona leste de São Paulo, uma quadra inteira é destinada ao sepultamento de membros. Localizado ao lado da ala de indigentes, o local possui identificação apenas por números estabelecidos pela administração do local.
O coveiro Cláudio Magalhães Soares, conhecido no cemitério como Pastor, trabalha há 20 anos no Vila Formosa e conta que este é o seu local preferido de trabalho. “(A quadra de indigentes) é uma quadra silenciosa, boa para se trabalhar. Para quem não gosta de silêncio é bom e sempre me coloco como voluntário para trabalhar por aqui”, disse.
De acordo com o coveiro, as partes anatômicas mais comuns a serem sepultadas são braços e pernas. Segundo Pastor, porém, há relatos de que uma pessoa pediu para que apenas um dedo fosse sepultado no local.
Segundo levantamento do Sistema Único de Saúde, no ano de 2012 o Brasil registrou cerca de 45 mil amputações (44.792) de membros inferiores e superiores feitas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), segundo dados do Ministério da Saúde.
No Brasil, não é permitido ao paciente manter o membro em casa, e tal ato pode ser punido com normas legais específicas que impedem a prática. "Se o paciente insistir em assim agir ele pode ser punido com base nas Leis 6.437/77 e 12.305/10 (institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos) ou mesmo no Código Penal", explica Teixeira.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também alerta que "um órgão amputado somente deve ser repassado ao paciente ou aos familiares caso esses tenham requisitado. Caso contrário, compete ao Serviço de Saúde o descarte desse membro".