Brasil diz que bombardeio a hospital em Gaza é 'padrão reiterado de violações do governo de Israel'
Governo divulgou uma nota condenando os ataques de Israel contra o hospital Nasser, que provocou a morte de ao menos 20 pessoas
O Brasil condenou o bombardeio ao hospital Nasser em Gaza, destacou possíveis crimes de guerra e pediu responsabilização, enquanto Israel rebaixou laços diplomáticos citando postura crítica do Brasil.
O governo brasileiro condenou, na noite de segunda-feira, 25, os bombardeios de Israel contra o hospital Nasser, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza. O ataque causou a morte de ao menos 20 palestinos, incluindo jornalistas e trabalhadores humanitários, além de deixar dezenas de feridos.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
"O bombardeio contra o hospital Nasser soma-se a um padrão reiterado de violações perpetradas pelo governo de Israel contra a população palestina. A responsabilização por tais atos é condição essencial para evitar sua repetição e assegurar justiça às vítimas", diz a nota divulgada pelo governo.
O comunicado também lembrou que ataques a hospitais e unidades médicas podem configurar crimes de guerra, conforme as Convenções de Genebra de 1949 e seus Protocolos Adicionais.
O governo ainda conclamou a comunidade internacional e os mecanismos competentes das Nações Unidas a assegurar a realização de investigação sobre o caso para a devida responsabilização pelos atos.
"Ao reiterar apelo por cessar-fogo imediato, o Brasil insta o governo de Israel a interromper os ataques contra a população civil de Gaza, a assegurar aos jornalistas o direito de desempenhar livremente e em segurança seu trabalho e a levantar restrições vigentes à entrada de profissionais da imprensa internacional e de ajuda humanitária naquele território", destaca a nota.
Israel 'rebaixa' laços com o Brasil
Na segunda-feira, 25, o Ministério das Relações Exteriores de Israel "rebaixou" os laços com o Brasil após a indicação de um novo embaixador não ter sido aprovada pelo Itamaraty. Em comunicado, a pasta afirmou que o país retirou seu pedido após o Brasil "se abster de responder". As informações são do jornal local Times of Israel.
'Depois que o Brasil, incomumente, se abster de responder ao pedido de agrément do embaixador Gali Dagan, Israel retirou o pedido, e as relações entre os países agora estão sendo conduzidas em um nível diplomático mais baixo", afirmou o Ministério de Israel.
O Brasil convocou seu embaixador em Israel no ano passado, e não nomeou um substituto. Já a indicação de Gali Dagan foi feita por Israel em janeiro deste ano -- e, até o momento, o Brasil não deu um retorno sobre o pedido.
Nesse contexto, o país ainda pontua a "linha crítica e hostil que o Brasil tem mostrado em relação a Israel" desde o ataque do Hamas em outubro de 2023. Segundo Israel, essa questão 'foi intensificada" por comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao longo do ano passado.
A situação, inclusive, fez o governo de Benjamin Netanyahu, de Israel, declarar Lula uma persona non grata, por ter acusado Israel de genocídio em Gaza, comparando as ações na Faixa de Gaza ao Holocausto nazista.
