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Bombardeio saudita mata ao menos 29 crianças no Iêmen

9 ago 2018 - 15h27
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Ataque aéreo da coalizão liderada pela Arábia Saudita atinge ônibus escolar que passava em mercado em Dahian, bastião dos rebeldes houthis. Ação deixa ao menos 50 mortos e 77 feridos.Um ataque aéreo realizado pela coalizão liderada pela Arábia Saudita contra um ônibus escolar que passava num mercado da cidade de Dahian, no Iêmen, deixou nesta quinta-feira (09/08) ao menos 50 mortos e 77 feridos. Entre os mortos, 29 são crianças com idades entre 10 e 14 anos. A região é um bastião dos rebeldes houthis.

Bombardeio em Sana
Bombardeio em Sana
Foto: DW / Deutsche Welle

A emissora de televisão Al Masirah, controlada pelos rebeldes xiitas, mostrou imagens dramáticas de crianças feridas e com roupas cobertas de sangue, recebendo os primeiros socorros. Segundo o porta-voz da Cruz Vermelha no Iêmen, Adnan Hazam, o hospital de Al Talh, que conta com o apoio do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), recebeu 29 corpos de menores, além de 48 feridos, entre os quais há 30 crianças.

Hazam destacou que a Cruz Vermelha está se concentrando em "oferecer ajuda cirúrgica" aos feridos no hospital. "Convidamos todas as partes a tomarem todas as medidas para manter os civis afastados [do conflito], não atacá-los e protegê-los", acrescentou.

O bombardeiro aconteceu na província de Saada, localizada ao longo da fronteira com a Arábia Saudita. Segundo líderes tribais iemenitas, o ônibus transportava civis, incluindo muitas crianças. Não se sabe ainda quantas pessoas estavam dentro do veículo e quantos pedestres foram atingidos.

De acordo com o porta-voz do Ministério de Saúde do governo dos houthis em Sana, Yusef al-Hadari, o bombardeio teve como alvo três carros. Ele disse que as crianças iam a um centro educacional de verão ligado do Ministério de Assuntos Islâmicos.

O porta-voz houthi Mohammed Abdul-Salam acusou a coalizão árabe de mostrar "claro desrespeito pela vida civil" ao realizar um ataque cujo alvo era um local público lotado.

"Ação militar legítima"

A coalizão liderada pela Arábia Saudita defendeu o bombardeio e disse que o ataque visava rebeldes que haviam disparado um míssil em direção ao sul do reino na quarta-feira. Um iemenita residente na região teria morrido e outras 11 pessoas teriam ficado feridas.

"O ataque que aconteceu na província de Saada é uma ação militar legítima contra os elementos que planejaram e fizeram o ataque contra civis na noite de ontem na cidade de Jizan [na Arábia Saudita], que matou e feriu civis", disse o porta-voz da coalizão, Turki al-Maliki.

Maliki afirmou que o bombardeio "foi realizado conforme o direito internacional humanitário e as suas normas costumeiras" e acusou os rebeldes houthis de recrutar crianças para o conflito.

As disputas sectárias no Iêmen ganharam contorno de guerra civil em 2014, quando os houthis, apoiados pelo Irã, tomaram parte do norte e do oeste do país, incluindo a capital, Sanaa.

Desde 2015, a coalizão militar sunita liderada pela Arábia Saudita - e tacitamente apoiada pelo Ocidente - tenta derrotar os rebeldes xiitas para tentar trazer o governo, reconhecido internacionalmente, do presidente exilado Abd Rabbuh Mansur al-Hadi de volta ao poder. Os houthis controlam Sanaa e a maioria das áreas povoadas.

A coalizão árabe é alvo frequente de críticas internacionais devido a bombardeios que matam também civis.

Em três anos de guerra, mais de 10 mil pessoas morreram. O conflito danificou a infraestrutura e o sistema de saúde do país, que enfrenta atualmente a pior crise humanitária do mundo. Cerca de dois terços da população do Iêmen, de 27 milhões de pessoas, dependem de ajuda externa, e 8,4 milhões enfrentam risco de inanição.

CN/efe/lusa/ap/rtr

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