Após ataques hackers, Banco Central restringe transferências via PIX
O Banco Central anunciou nesta sexta-feira (5) um conjunto de medidas para reforçar a proteção do sistema financeiro. A decisão ocorre após ataques virtuais que afetaram instituições ligadas ao setor e despertaram preocupações sobre a segurança das operações digitais.
As regras foram aprovadas pela diretoria da autarquia e incluem três pontos principais: limites menores para transferências via PIX e TED, exigência de autorização prévia para novas instituições e a confirmação de "certificação técnica" antes do início das atividades.
Instituições de pagamento não autorizadas — empresas que oferecem transferências, emissão de moeda eletrônica e serviços similares sem permissão formal do BC — estão entre os principais alvos. O risco, segundo a autoridade monetária, envolve fraude, lavagem de dinheiro e prejuízos a clientes.
Além dessas, há também companhias de apoio tecnológico que não realizam operações típicas de bancos, mas fornecem sistemas de automação ou gestão financeira. Elas também terão de seguir exigências mais rígidas.
Quem são os alvos das novas regras?
Em entrevista coletiva, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que os ataques recentes partiram do crime organizado. Ele ressaltou que bancos tradicionais e fintechs, incluindo os sediados na Avenida Faria Lima, também foram atingidos.
Fintechs são empresas que oferecem serviços financeiros com base em tecnologia, geralmente com menos burocracia. "Faria Lima ou fintechs são as vítimas do crime organizado. Tanto os bancos incumbentes, quanto os novos entrantes no mercado, foram responsáveis por uma inclusão fantástica no sistema financeiro e facilitação de serviços [à população]. Isso é essencial para que o Brasil tenha a posição privilegiada que tem hoje no sistema financeiro", declarou Galípolo.
O presidente também destacou que a responsabilidade não recai sobre as instituições. "É um criminoso usando aquilo, não é um banco e nem uma fintech", explicou.
Ao comparar a ação dos hackers com práticas antigas, Galípolo lembrou: "Antigamente, quando tinha assalto a um carro forte, ou a um banco, ficava mais evidente porque você via fisicamente. Agora como a coisa ficou virtual, mais opaca, se confunde um pouquinho e leva a esse receio. O tema da segurança não dá margem para ter qualquer tipo de tolerância".