Alcolumbre sobre indicação de Messias: "não recebi nenhum telefonema do presidente"
Segundo aliados, Alcolumbre esperava uma comunicação prévia do presidente Lula, já que o Senado é o responsável por conduzir a sabatina e votar a nomeação
A indicação de Jorge Messias, advogado-geral da União, para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, provocou forte descontentamento no presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), de acordo com o g1.
Segundo aliados, Alcolumbre esperava uma comunicação prévia do presidente Lula, já que o Senado é o responsável por conduzir a sabatina e votar a nomeação.
Segundo g1, Alcolumbre declarou estar insatisfeito com a falta de contato. "Não recebi nenhum telefonema do presidente Lula, nem mesmo do líder do governo, Jaques Wagner, sobre a indicação de Messias" afirmou durante uma viagem ao Amapá. O presidente do Senado vinha articulando ativamente em favor de outro nome, o do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), seu aliado, para a vaga no STF.
Interlocutores próximos a Alcolumbre relataram que houve críticas sobre o anúncio ter sido feito em um dia de feriado, quando o Congresso estava inativo. Para esse grupo, o ideal seria que Lula o tivesse notificado antes da divulgação oficial, dada a função do senador na condução da sabatina e da votação.
O único diálogo prévio noticiado ocorreu na segunda-feira (17) entre Lula e Rodrigo Pacheco. Na ocasião, Lula informou Pacheco sobre a escolha de um nome para o STF. Ao final do encontro, Pacheco indicou a aliados que a possibilidade de sua ida à Corte estava encerrada, afirmando que a "página estava virada". Pacheco também teria comunicado ao presidente que não seria candidato em 2026, sinalizando o fim de sua carreira política - Lula desejava que ele concorresse ao governo de Minas Gerais.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), demonstrou confiança na aprovação de Messias e afirmou esperar contar com votos da oposição. Ele lembrou que, em escolhas anteriores de ministros para o STF feitas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, a bancada do PT votou favoravelmente.
"Nunca trabalhei contra o André Mendonça nem contra o Nunes Marques. A bancada do PT votou a favor dos indicados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Espero reciprocidade e que não trabalhem contra Messias, porque a indicação é uma prerrogativa do presidente da República," disse o líder.
Diante do descontentamento de Alcolumbre, a avaliação de aliados de Lula é que o presidente precisará se envolver diretamente para garantir a aprovação de Messias no Senado. A recente recondução do procurador-geral da República, Paulo Gonet, aprovada com 45 votos (apenas quatro acima do mínimo), foi vista como um sinal de alerta que exige esforço adicional para a aprovação.
Lula manteve o critério de confiança pessoal para a escolha, o mesmo utilizado nas indicações de Cristiano Zanin e Flávio Dino. Messias integra o círculo mais próximo do presidente.
O Palácio do Planalto projeta que o fato de Messias ser evangélico possa angariar apoio de setores conservadores no Senado e, inclusive, o engajamento do ministro do STF André Mendonça, também evangélico e indicado na gestão anterior.
Internamente, alguns ministros do STF próximos a Lula preferiam a indicação de Rodrigo Pacheco, citando sua atuação na defesa da democracia.