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Chuca é requisito obrigatório para momento íntimo?

Usar técnica com parcimônia é importante e explico o porquê

8 jun 2023 - 05h00
(atualizado em 13/6/2023 às 09h07)
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Será que todo mundo precisa fazer lavagem intestinal, popularmente conhecida como “chuca”, toda vez que for fazer sexo anal, para garantir que nada saia errado (leia-se: que a pessoa não “suje” seu parceiro)?

Não quero dar spoilers, mas já vou adiantando que a resposta aqui é não, não é obrigatório utilizar esse recurso. Chuca é uma escolha pessoal que tem a ver com como a pessoa se sente em relação ao sexo anal. Se ela está tranquila e confortável em não utilizar, ótimo! Se for ficar muito encanada, faça! Mas mesmo para quem é adepto, usar com parcimônia é importante e a gente já explica o porquê.

Prevenindo acidentes de percurso

Vamos ao básico: se você conhece bem o ritmo do seu intestino, se ele tem um funcionamento regular e se você segue uma dieta rica em fibras e água, possivelmente, consegue saber se existe ou não risco de algum acidente de percurso antes de começar o ato sexual.

A penetração costuma acontecer no canal anal, que tem cerca de 3 cm, e no reto, que pode ter até 15cm. Já as fezes ficam, em geral, armazenadas mais “acima” no trato intestinal, na região do sigmoide, a última parte do intestino grosso antes do reto.

Quando as fezes migram do sigmoide ao reto, a pessoa sente sua presença e sabe que está na hora de ir ao banheiro. Isso acontece com todos nós! Deu aquela vontade, é sinal de que as fezes estão lá! Em teoria, depois de evacuar, o caminho está desimpedido. Dessa forma, é possível prever a situação antes do sexo e, nesses casos, a chuca pode ser dispensável.

Cuidado com riscos

Quem costuma fazer a lavagem intestinal usa o chuveirinho ou a ducha íntima. Ambos exigem alguns cuidados. Se a água entrar com muita pressão ou em muita quantidade, ela pode atingir a região do sigmoide e “puxar” para baixo as fezes que estariam em repouso nessa região, e que não incomodariam ninguém no momento do sexo.

Quando feita com muita frequência ou em excesso, a chuca pode remover a lubrificação natural do intestino (que facilita o processo habitual da evacuação), além de provocar alterações na flora intestinal (o que pode causar dor, diarreia e desconforto). Ainda pode haver aumento do risco de pequenas fissuras no ânus e nas paredes intestinais, que aumentam o risco de infecções no momento do sexo.

Receita da chuca perfeita

Por isso, o ideal é que mesmo quem faz a lavagem intestinal, tenha um uso mais eventual desse recurso. Veja abaixo a receita para uma chuca perfeita:

1- Use pequena quantidade de água (200-300ml)

2- Evite as duchas íntimas de locais públicos (podem trazer risco de infecções)

3- Não use água quente para não se queimar

4- Modere na pressão da água

5- Não faça muitas vezes seguidas em um curto intervalo de tempo

Chuca de última hora

Vamos supor que você está fora de casa e, de repente, no meio de uma balada, surge uma oportunidade inadiável de sexo. E, vamos imaginar também que você não fez chuca antes de sair, e que está inseguro quanto ao seu “status intestinal”. Sempre bom lembrar que em viagens ou em dias em que a gente está muito fora da nossa rotina, a dieta e o ritmo intestinal podem ficar imprevisíveis.

Pois saiba que existem recursos fáceis de serem encontrados nas farmácias e na internet que podem salvar seu “date”.  Vamos conhecer:

1- Enema: um tubinho, comprado em farmácia, que tem glicerina e outras substâncias que limpam o reto e desequilibram menos a flora intestinal.

2- ChuKa: é um bico anatômico que se encaixa na garrafinha de água ou na mangueirinha do chuveiro.

3- InM: dispositivo com reservatório e um bico anatômico que você pode usar com água da torneira ou garrafinha de água.

4- Seringa plástica: com soro fisiológico e um pouco de vaselina para facilitar a introdução na pontinha do ânus.

Bom lembrar que todos esses recursos são descartáveis, e que você não deve compartilhar para evitar o risco de infecções.

Dicas finais

Para terminar, fazendo chuca ou não, é sempre uma boa ideia tomar um banho caprichado para fazer a higiene adequada do corpo e da região externa do ânus antes do sexo.

E nunca é demais lembrar que o uso de camisinha pode proteger contra as ISTs (infeções sexualmente transmissíveis) e, além disso, se rolar algum incidente, é só retirar a camisinha e ficar tranquilo.

E, se mesmo com todos esses cuidados, acontecer algo que não estava previsto no momento do sexo anal, é relaxar, encarar com naturalidade, tomar um bom banho e aproveitar o momento a dois, sem constrangimentos.

* Jairo Bouer é médico psiquiatra, comunicador e publica suas colunas no Terra às quintas-feiras.

Fonte: Jairo Bouer
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