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Em 1.500, indígenas descobrem Pedro Alvares Cabral perdido no Brasil

Como é possível "descobrir” um local que já é habitado e ocupado?

22 abr 2022 - 10h00
(atualizado às 10h04)
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"Vamos continuar lutando, por nós, pelos nossos ancestrais e pelas futuras gerações"
"Vamos continuar lutando, por nós, pelos nossos ancestrais e pelas futuras gerações"
Foto: Lídia Guajajara

E se nos livros didáticos o título viesse assim? Já que hoje o maior crime que o sistema comete contra as populações indígenas é justamente essa falta de informação sobre como ocorreu o processo de invasão e não descobrimento? 

Nós estamos em 2022 e ainda hoje acredita-se que Pedro Alvares Cabral descobriu o Brasil. A maior fake news que as escolas alimentam e ensinam nos livros além de tratar nossos povos, como povos do passado. 

A história que contam é aquela que quer excluir 522 anos de extermínio, exploração, subordinação, invasões, sequestros, estupros, escravidão, catequização e miscigenação forçada que levou muitos povos a perder e/ou mudar seus hábitos. E só se acredita que Cabral é o herói. 

Como é possível "descobrir” um local que já é habitado e ocupado? Afinal, o destino seria chegar às Índias ou foi proposital? Pois desembarcaram chamando assim, nossos povos de “índios”. 

Éramos milhões de indígenas que habitavam Pindorama, sim, esse é o verdadeiro nome do Brasil, que vem do tronco linguístico tupi e significa “terra das palmeiras”, designação dada antes da chegada dos invasores europeus às regiões que, mais tarde, formariam o Brasil.

 

Atualmente somos cerca de 1 milhão de indígenas, aproximadamente 305 etnias/povos falando 174 línguas diferentes, habitando 1.298 terra indígenas, sendo 408 homologadas e 839 em processo de regularização. 

E mesmo diante a todas as atrocidades, violências, retrocessos, nós  vivemos, existindo e resistimos  nesse país, muitas vezes abrindo mão das nossas próprias vidas na luta pela proteção da natureza, demarcação de território, por  direitos básicos, direitos esses que são constitucionais e que a todo custo é negado e ameaçado.

Nós continuamos aqui, 522 anos após a invasão deixando as nossas marcas de urucum e jenipapo nas ruas e avenidas desse país, gritando que não houve descobrimento, e sim invasão e assassinato. Nós somos sobreviventes e a geração daqueles que não conseguiram matar. Vamos continuar lutando, por nós, pelos nossos ancestrais e pelas futuras gerações.

Neste ano, nós fizemos o maior Acampamento Terra Livre da história
Neste ano, nós fizemos o maior Acampamento Terra Livre da história
Foto: Lídia Guajajara
Mídia Índia
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