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Neymar e Daniel Alves: vidas separadas, pedidos de perdão quase idênticos

Amigos de longa data, os dois jogadores voltam a ser notícia na mesma semana

23 jun 2023 - 10h21
(atualizado em 26/10/2023 às 17h24)
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Na noite de 22 de junho de 2017, há exatos 6 anos, acontecia o primeiro leilão com renda revertida para o Instituto Neymar Jr. Um dos convidados ilustres do evento era Daniel Alves. O jogador estava lá para prestigiar o amigo, alguém que o camisa 10 dizia querer levar pra vida toda.

O vínculo entre os dois atletas se consolidou tão logo Neymar desembarcou no futebol europeu, tendo pela frente um longo caminho para se firmar ao lado de jogadores que, até então, eram seus ídolos no futebol. Daniel fez o papel do colega mais experiente, uma espécie de figura paterna com influência sobre o craque. 

Vínculo com Daniel Alves se consolidou tão logo Neymar desembarcou no futebol europeu
Vínculo com Daniel Alves se consolidou tão logo Neymar desembarcou no futebol europeu
Foto: Reuters

Naquele ano de 2017, Daniel novamente se juntava ao amigo em campo. Tinha trocado Turim, a cidade italiana da equipe da Juventus, pela capital francesa para jogar no mesmo PSG de Neymar. Com a ida de Daniel, a dupla poderia reviver os dias de glória do Barça, quando eram destaque na equipe da Catalunha ao lado de Messi, Suárez, Piqué, Iniesta, entre outros craques daquele timaço. 

Seis anos depois, o leilão do instituto voltou a acontecer num 22 de junho. Mas as coisas já não são as mesmas. O antes fashionista Daniel Alves que aparecia em público com roupas de grandes 'maisons' européias, tem se vestido com camiseta e bermuda, como descreveu Mayka Navarro, repórter do jornal La Vanguardia. Um traje mais adequado para quem passa os dias em Brians 2, o presídio da Catalunha onde o brasileiro cumpre prisão preventiva. 

Foi com a jornalista do La Vanguardia que Daniel falou pela primeira vez à imprensa, desde que foi encarcerado há 5 meses. A entrevista foi feita numa área que conhecemos de filmes, chamada locutório, onde o preso se comunica com a visita por um telefone, separado por divisória de vidro. 

Nela, Daniel insiste que o objetivo era se desculpar com a única pessoa para quem tinha que pedir perdão: sua mulher Joana Sanz. "Já lhe pedi perdão pessoalmente aqui, na prisão, mas devo fazê-lo publicamente, porque a história é pública, a ofensa é pública e ela merece essas desculpas públicas", diz o brasileiro. A fala deve ter sido pensada com antecedência. Certamente, não foi improviso. Mas parece ter servido de inspiração para outro pedido de desculpas.  

Dias depois, foi a vez do amigo Neymar fazer textão nas redes sociais à companheira que está grávida de seu segundo filho, assumindo que a tinha traído. O texto guarda semelhanças com o de Daniel. "Bru, já te pedi perdão pelos meus erros, pela exposição desnecessária, mas me sinto na obrigação de vir publicamente reafirmar isso. Se um assunto privado se tornou público, o pedido de perdão tem que ser público", escreve Neymar. 

As desculpas de Neymar causaram um rebuliço nas redes. Até perfis estrangeiros que cobrem celebridades deram a notícia. Na conta oficial, o atacante do PSG foi saudado por seus milhares de amigos autorizados a fazer comentários em seu Instagram. Mas, longe dali, a crítica comeu solta, apontando para o lugar de privilégio quando se trata de homens que traem. Uma mulher, no lugar de Neymar, teria sido massacrada online. Sem perdão.

Se a ideia era controlar eventuais danos à imagem do jogador antes do novo leilão, a tentativa foi ofuscada depois que o pai do jogador apareceu num vídeo levantando a voz para a secretária do meio-ambiente da prefeitura de Mangaratiba, no Rio de Janeiro. Segundo denúncias anônimas, no local onde o jogador tem uma mansão, está sendo construída uma espécie de praia particular que infringe uma série de leis ambientais. Por conta disso, obra agora foi interditada. O pai escapou de ser preso por desacato à autoridade. 

Mas nesta noite de 22 de junho, dia do leilão em prol das crianças do instituto Neymar Jr, o jogador se vestiu de bom marido e bom pai. Chegou ao lado do filho David Lucas e de mãos dadas com sua companheira Bianca Biancardi, numa demonstração de que o casal segue junto. 

Já a esposa de Daniel Alves avisou, lá da Espanha, que não quer mais saber do ex-companheiro. O pedido de desculpas parece ter surtido efeito contrário, embora Daniel, na entrevista, ainda alimentasse o desejo de passar o resto de sua vida ao lado de Joana. 

É óbvio que os episódios de pedidos de desculpa têm contornos muito diferentes. Daniel traiu a mulher, levando uma jovem de 23 anos para o banheiro de uma boate em Barcelona. Depois de 16 minutos, ela deixou o local machucada, com hematomas no corpo e chorando muito. Ao relatar o que havia acontecido às autoridades chamadas para apurar o caso, repetia a frase: "não vão acreditar em mim, não vão acreditar em mim".

Apostando nisso, Daniel seguiu com a estratégia típica dos agressores de transformar a vítima em vilã. Ao jornal espanhol, disse textualmente: "não sei se ela tem a consciência tranquila, se dorme bem à noite". "Continuo sem saber por que ela fez tudo isto, mas eu a perdôo", complementou. 

Não consigo nem imaginar o que sente uma vítima de estupro ao ler uma declaração dessas. Se para quem está de fora já é difícil digerir tais palavras, o que dizer de alguém vulnerável por causa da violência sofrida. É como se fosse uma nova agressão.

Daniel Alves ainda aguarda ser julgado. Até lá, a justiça espanhola pode mantê-lo em prisão preventiva se julgar necessário. Mas se for condenado, será lembrado pelo cinismo que dispensou à vítima nesta entrevista. Em bom português, significa um tremendo descaramento, um total desprezo por qualquer moral vigente. 

Fonte: Redação Nós
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