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Ministério Público vai investigar usuários que comentaram no jogo "Simulador de Escravidão"

Responsáveis por comentários discriminatórios poderão ser investigados dentro dos crimes de ódio e racismo

29 mai 2023 - 12h18
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A proposta do game era simular que o usuário fosse um proprietário de escravos e assim pudesse castigar pessoas negras ao longo das partidas
A proposta do game era simular que o usuário fosse um proprietário de escravos e assim pudesse castigar pessoas negras ao longo das partidas
Foto: Reprodução/Twitter/@tainadepaularj

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) afirmou que irá investigar os usuários do jogo "Simulador de Escravidão" que baixaram o aplicativo na loja virtual do Google e fizeram comentários racistas e discriminatórios no campo de avaliações do aplicativo. Algumas pessoas afirmavam que o jogo deveria ter mais possibilidades de punições para os escravos. A Instituição também declarou que abrirá investigação contra o Google e contra a empresa responsável pela produção do game. 

O aplicativo, que foi retirado do ar pelo Google na última quarta-feira, 24, simulava que pessoas negras poderiam ser castigadas ao longo das partidas. No jogo, era possível escolher duas modalidades: tirana ou libertadora. Na tirana, a proposta é fazer lucro e impedir fugas e rebeliões. Na modalidade libertadora, o objetivo é lutar pela liberdade e chegar à abolição. 

Desenvolvido pela Magnus Games e com cerca de mil downloads, o aplicativo ofertava ainda algumas opções de dinâmica para que o usuário escolhesse o que gostaria da fazer com o "escravo", entre elas estavam agredir e torturar. 

Em entrevista à GloboNews, a promotora Maria Fernanda Pinto, responsável pelo caso, afirmou que existem ferramentas que possibilitam a identificação dos usuários para que eles possam ser responsabilizados criminalmente.

"O que chama atenção são as pessoas que baixaram e comentaram [o jogo], com aspectos muito reprováveis de um racismo muito escancarado e comentários indefiníveis em termos de gravidade e horror, que ferem qualquer parâmetro de civilização. Esse tipo de coisa travestida de entretenimento é ainda pior", disse a promotora.

Os usuários que fizeram comentários discriminatórios poderão ser investigados dentro dos crimes de ódio e racismo.

Além dos usuários, o desenvolvedor do aplicativo também será investigado. Uma equipe especializada do MP-SP está apurando se a empresa, que é da Malásia, tem escritório no Brasil, já que o jogo estava em português. O Google será investigado dentro do aspecto criminal e também poderá ser responsabilizado pelo dano social que causou.

O caso ganhou repercussão nas redes sociais e na imprensa, envolvendo políticos e ativistas do movimento negro. Cerca de 10 representações com pedidos de apuração foram apresentadas ao MP de SP. A  Educafro Brasil — Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes —, associação civil sediada em São Paulo, acionou o Google e quer indenização de R$ 100 milhões. Eles defendem que o dano consiste em racismo estrutural, bem como ofensa à honra.

O Ministério da Igualdade Racial deve se reunir nos próximos dias com representantes do Google para a criação de um filtro eficiente contra discursos de ódio, intolerância e racismo

Fonte: Redação Nós
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