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Entre 'curas milagrosas' e água de parto: modelo explica como é viver com vitiligo

No Dia Mundial do Vitiligo, Giovanni Ferreira conta como a condição mudou sua vida, abriu portas e ainda gera curiosidades e preconceitos

25 jun 2025 - 04h59
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Resumo
Giovanni Ferreira, modelo e cantor com vitiligo, usa a condição como inspiração para promover aceitação e quebra de preconceitos, destacando a importância do Dia Mundial do Vitiligo e iniciativas como o VitiligoRio.
Giovanni se expressa por meio da arte e leva o vitiligo para novos espaços
Giovanni se expressa por meio da arte e leva o vitiligo para novos espaços
Foto: Arquivo pessoal

No rosto, nas mãos, na história: Giovanni Ferreira, modelo, cantor e referência de representatividade, fez do vitiligo um aliado para se descobrir e ser descoberto pelo mundo. No Dia Mundial do Vitiligo, comemorado nesta quarta-feira, dia 23, ele relembra o caminho pouco convencional que percorreu para entender as manchas que hoje carrega com orgulho.

"Na verdade quem me diagnosticou primeiro fui eu mesmo", conta Giovanni ao Terra. Ao ver a primeira mancha, ainda aos 17 anos, ele logo reconheceu o sinal tão comum dentro de casa: a mãe também tem vitiligo. "Eu já tinha um certo conhecimento. Já era quase adulto. Para mim, foi um processo mais tranquilo nesse sentido", explica. Diferente de muitos, ele não viveu o medo de se achar feio.

"A pessoa mais linda do mundo para mim tinha vitiligo: minha mãe."

Mesmo assim, seguiu o protocolo: enfrentou horas de transporte de Nova Iguaçu até o Fundão, no Rio de Janeiro, para sessões de cabine de luz que pouco ajudaram na pele, mas mudaram sua forma de ver a vida. "O tratamento não serviu para tratar o vitiligo, mas para eu conhecer pessoas, entender outras histórias", diz. Foi numa dessas que percebeu o peso que outras pessoas carregam. "Conheci uma mulher que se cobria toda no calor do Rio porque tinha muita vergonha." No entanto, ele também foi alvo de comentários desagradáveis.

Como artista, ouviu: "Tem que ser igual o Michael Jackson, mas só na música e na dança, na mancha não".

Para ele, o maior desafio é a forma que as outras pessoas enxergam a condição como um "problema a ser resolvido". Giovanni, assim como muitos, virou alvo de receitas caseiras, comentários curiosos e soluções milagrosas. "Já vieram me dizer que água de parto era 'bom para isso'. Fiquei sem saber como reagir." A história foi selecionada para ser contada no Que História É Essa, Porchat?, programa do GNT.

Na rua, ele brinca que desfila como Beyoncé, mas nem assim escapa das abordagens: "Sempre vem alguém perguntar: 'Você sabe o que é bom para isso?'. E eu penso: 'Mas 'isso' não é um problema para mim'!"

Foto: Arquivo pessoal

Água de parto, chás, banhos e batidas com ervas potencialmente tóxicas como a serralha. A desinformação e a falta de aceitação do vitiligo apresentam perigo à vida.

"Toda vez que eu comento isso com uma pessoa que tem vitiligo e é fã de serralha, ela fala para mim a mesma coisa: 'Mas não faz mal, é natural'. Aí eu falo: 'Tá bom, não existe planta venenosa, né?' Não existe problema em tratar. Aceitação é um processo. Todo mundo tem que ser livre para poder escolher o momento que você está nesse processo, mas não faz nada que vai te fazer mal."

O poder da expressão

A inquietação logo virou inspiração: Giovanni mandou um e-mail para o programa da Fátima Bernardes e insistiu até ser chamado. A repercussão foi grande e despertou nele o desejo de usar a arte para falar de aceitação. Hoje, soma músicas lançadas, campanhas publicitárias, desfiles e participação em programas como o de Fábio Porchat e na novela Todas as Flores, do Globoplay.

"Eu era modelo num concurso de beleza, concorrendo com Caio Castro e Nicolas Prattes... quando que iriam imaginar uma pessoa com vitiligo ali, em igualdade?"

Ele organiza encontros como o Vitiligo Rio, realizado no último dia 14, para promover troca de experiências e quebrar o isolamento que ainda cerca a condição. "Vitiligo é 1 a 2% da população. A gente vê de longe, mas não vai parar a pessoa no metrô para conversar. Esses espaços são importantes."

Giovanni e Michelle Rosa, organizadores do Vitiligo Rio
Giovanni e Michelle Rosa, organizadores do Vitiligo Rio
Foto: Arquivo pessoal

Para quem tem vitiligo, o conselho é claro: "Se olha com mais amor. Perceba o que você tem de bom, o que te faz especial. O vitiligo me apresentou pessoas incríveis, me levou a lugares que eu não sei como chegaria de outro jeito. Fiz novela da Globo, fiz campanhas, fui para o Porchat... Como eu vou ficar bolado com algo que me fez crescer tanto?"

Dia Mundial do Vitiligo

O vitiligo é uma doença em que se perde a coloração da pele com a diminuição ou ausência das células responsáveis pela formação da melanina. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o vitiligo afeta mais de 150 milhões de pessoas no mundo.

As causas incluem alterações ou traumas emocionais que podem agravar ou desencadear a condição, conforme o Ministério da Saúde. O vitiligo não é contagioso e nem prejudica a saúde do portador. No entanto, afeta a autoestima e qualidade de vida.

Michael Jackson é um dos nomes mais conhecidos, sendo que o dia da conscientização coincide com sua morte, no dia 25 de junho.

Fonte: Redação Terra
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