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Diretora Anna Muylaert responde críticas por escalar atriz cis no papel de Geni: 'Quero abrir o debate'

Na peça original 'Ópera do Malandro', Geni é uma travesti; personagem se tornou marco

17 abr 2025 - 19h31
(atualizado às 22h34)
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Resumo
Anna Muylaert defendeu a escolha da atriz Thainá Duarte para interpretar Geni no filme inspirado na canção de Chico Buarque, gerando críticas por apagar o simbolismo trans da personagem retratada originalmente como travesti.
Diretora questionou se personagem precisa ser uma travesti
Diretora questionou se personagem precisa ser uma travesti
Foto: Reprodução/Instagram/@annamuylaert

A diretora Anna Muylaert se manifestou após as críticas em torno da escalação da atriz Thainá Duarte para interpretar Geni no filme Geni e o Zepelim, inspirado na canção homônima de Chico Buarque.  Desde o anúncio do projeto, a escolha gerou controvérsia nas redes sociais, com acusações de transfobia e transfake, termo usado para descrever quando atores cis interpretam personagens transgêneros.

Na peça original Ópera do Malandro, de 1978, Geni é retratada como uma travesti que vive da prostituição e sofre com o preconceito da sociedade. O papel, que se tornou um símbolo de resistência para a comunidade trans, já foi representado por atrizes trans em diversas versões pelo país.

Em vídeo publicado nas redes sociais na última quarta-feira, 16, Muylaert afirmou que sua versão da história não retrata Geni como uma mulher trans, e sim como uma prostituta cisgênero moradora da região amazônica.

“Quero explicar tudo. Durante o processo de criação deste filme, a gente entendeu que a letra do Chico e o conto do Guy de Maupassant, Bola de Seda, no qual o Chico diz ter se inspirado, poderiam ter várias leituras: poderia ser uma mulher trans; poderia ser uma mãe solteira; poderia ser a Fabiana Silva da Favela do Moinho, uma carroceira; poderia uma presidente tirada do poder sem crime de responsabilidade; poderia ser uma floresta atacada diariamente por oportunistas”, disse.

Segundo a diretora, a escolha de fazer uma leitura cis da personagem foi consciente e pensada a partir do conceito de lugar de fala. “A gente, por uma questão de lugar de fala, escolheu fazer uma prostituta cis na Amazônia. A gente entendeu que essa poesia poderia ter várias interpretações, e que a gente poderia fazer essa versão amazônica cis com a atriz Thainá Duarte.”

Apesar disso, Muylaert afirmou estar aberta ao diálogo com o público e questionou os limites da interpretação da personagem. “Diante da reação da comunidade trans, quero vir aqui abrir o debate e jogar a pergunta: essa letra do Chico, essa poesia, hoje em 2025, o mito Geni só pode ser interpretado como uma mulher trans?”.

Artistas trans reagiram à fala. A cantora Liniker comentou: “Todo respeito ao trabalho de Thainá Duarte, mas, quando trazemos a reflexão em nossos textos desde que saiu essa matéria e nos posicionamos pelo apagamento, é por espaço e oportunidade que nos colocamos, por termos atrizes trans que poderiam sim dar vida a essa personagem tão icônica e já retratada tantas vezes como uma pessoa trans em montagens pelo Brasil.”

Gabriela Medeiros, atriz trans que interpretou Buba no remake de Renascer, também se posicionou: “São anos e anos de apagamento da nossa comunidade, Anna. Essa personagem é forte para nós. Sendo que ela é sim uma pessoa trans. Somos apagadas da cultura. E esse papel ser interpretado por uma de nós é uma retratação importante. Geni mora no coletivo do imaginário do povo brasileiro.”

Fonte: Redação Terra
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