Influenciadora trans brasileira critica lei do Reino Unido sobre definição de ‘mulher’
Suellen Carey alertou que restringir o termo “mulher” apenas ao sexo biológico em contexto jurídico abre brecha para marginalização
A influenciadora trans brasileira Suellen Carey, que vive em Londres, se manifestou com indignação nas redes sociais após uma recente decisão da Suprema Corte do Reino Unido que restringe a definição legal do termo “mulher” ao sexo biológico. Para Suellen, a medida representa um duro golpe aos direitos da população trans e amplia a vulnerabilidade desse grupo no país.
“Essa decisão é um retrocesso nos direitos das pessoas trans. Negar o reconhecimento legal da nossa identidade de gênero é desumanizante e nos coloca em uma posição de vulnerabilidade ainda maior”, declarou.
Com mais de um milhão de seguidores somados nas redes, Suellen se tornou uma referência em temas relacionados à vivência trans, cidadania LGBTQIA+, moda e beleza. Agora, usa sua visibilidade para criticar o que considera um movimento perigoso rumo à marginalização de pessoas trans no Reino Unido.
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A decisão da Suprema Corte, que reforça o entendimento de que a palavra “mulher” deve ser legalmente reconhecida apenas com base no sexo biológico, acende um alerta sobre possíveis impactos práticos. Segundo Suellen, a medida pode abrir brechas para a exclusão de pessoas trans de espaços e serviços voltados ao público feminino, como abrigos, atendimentos de saúde e programas de assistência social.
Para Suellen, o momento exige união da comunidade LGBTQIA+ e de aliados na luta contra retrocessos. “Reavaliem essa decisão. Reconheçam nossa existência e nossos direitos. Não somos invisíveis”, apelou.
A decisão responde a um pedido do grupo “For Women Scotland” que contestava uma legislação escocesa voltada ao aumento da presença de mulheres em conselhos administrativos. O grupo argumentou que incluir mulheres trans na cota feminina violava a definição legal de “sexo”. Por outro lado, o governo escocês defendia que mulheres trans com um Gender Recognition Certificate (GRC), documento que reconhece o gênero, deveriam ter os mesmos direitos legais das demais mulheres.
A corte acatou o argumento de que permitir que o “sexo legal” se sobreponha ao sexo biológico comprometeria a coerência da lei e abriria precedentes problemáticos. O juiz Patrick Hodge afirmou que reconhecer mulheres trans com GRC como mulheres na lei lhes daria "mais direitos" do que às mulheres cisgênero, especialmente em temas como licença-maternidade.