Dignidade menstrual em 2025: leis, políticas públicas e ações sociais
Entenda por que é tão importante garantir que todas as pessoas em fase menstrual tenham acesso aos mesmos direitos e condições
O Programa Dignidade Menstrual, lançado em 2024 pelo Governo Federal, visa fornecer acesso e condições básicas, por meio da distribuição gratuita de absorventes higiênicos, para que todas as pessoas em situação de vulnerabilidade possam ter saúde e dignidade durante o ciclo menstrual.
A dignidade menstrual é um tema cada vez mais presente nas discussões sobre direitos humanos e saúde pública. Trata-se de garantir que todas as pessoas que menstruam tenham acesso a produtos de higiene, infraestrutura adequada e informação de qualidade sobre saúde menstrual.
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No Brasil, a realidade ainda é preocupante. Segundo o Instituto Locomotiva, 52% das pessoas que menstruam já enfrentaram a pobreza menstrual. Isso significa que 15 milhões de brasileiras não têm acesso a absorventes higiênicos. A falta desse recurso básico compromete não apenas a saúde física, mas também a autoestima, a educação e as oportunidades de milhares de meninas e mulheres.
Mais do que um problema individual, trata-se de questões de justiça social, equidade de gênero e saúde coletiva.
O que é dignidade menstrual?
Para entender o conceito, imagine uma estudante que, por não ter condições de comprar absorventes, precisa faltar às aulas durante o período menstrual. Esse cenário, infelizmente comum, reflete a falta de dignidade menstrual.
A dignidade menstrual, portanto, é o direito de viver a menstruação com segurança, saúde e sem constrangimentos. Isso envolve:
- Acesso a absorventes gratuitos ou a preços acessíveis;
- Condições de higiene adequadas, como banheiros limpos, água e locais adequados de descarte;
- Informação e educação sobre saúde menstrual, combatendo tabus e preconceitos.
Ou seja, o conceito vai além da distribuição de produtos de higiene e envolve a promoção de bem-estar, igualdade de gênero e combate à exclusão social. Para saber mais sobre o ciclo e seus impactos, confira este guia completo sobre menstruação.
Dados sobre a pobreza menstrual
Nos últimos anos, pesquisas têm revelado a dimensão da pobreza menstrual no Brasil e no mundo:
- 52% das brasileiras já passaram por pobreza menstrual em algum momento da vida, segundo o Instituto Locomotiva;
- 15 milhões de pessoas não têm acesso a absorventes, conforme dados da Unicef e UNFPA;
- 1 em cada 4 meninas falta às aulas durante a menstruação por não ter como se cuidar adequadamente;
- 33% das mulheres já usaram métodos improvisados, como jornal ou papel higiênico, aumentando o risco de infecções;
- Segundo a Girl Up, 200 mil estudantes no Brasil estão em escolas sem banheiros adequados.
A ausência de absorventes e infraestrutura mínima gera impactos na saúde física, na saúde mental e na educação, ampliando desigualdades sociais. A pobreza menstrual pode até levar a casos de depressão e ansiedade (saiba mais aqui).
Programa Dignidade Menstrual
O Brasil avançou nos últimos anos com medidas para enfrentar a pobreza menstrual. A Lei nº 14.214/2021 estabelece diretrizes para a promoção da dignidade menstrual no País. Já o Decreto nº 11.432/2023 regulamenta a lei e cria oficialmente o Programa Dignidade Menstrual, em ação conjunta de vários ministérios.
O Programa Dignidade Menstrual, criado em 2024, garante a distribuição gratuita de absorventes em farmácias populares, para pessoas entre 10 e 49 anos, inscritas no Cadastro Único (CadÚnico).
Além da distribuição, o programa prevê:
- Educação menstrual e campanhas de conscientização;
- Formação de agentes públicos para orientar beneficiárias; e
- Ações específicas para pessoas em situação de rua e presidiárias.
Atualmente, 24 mil farmácias credenciadas pelo Programa Farmácia Popular realizam a distribuição. A cada dois meses, cada beneficiária pode retirar 40 absorventes gratuitos a partir do aplicativo Meu SUS Digital.
Como receber absorvente gratuito?
O processo é simples:
- Ter entre 10 e 49 anos;
- Estar inscrita no CadÚnico;
- Acessar o aplicativo Meu SUS Digital;
- Emitir a autorização do programa; e
- Apresentar documento com foto em uma Farmácia Popular credenciada.
Assim, pessoas em situação de vulnerabilidade podem receber o benefício de forma rápida e segura.
Impactos da falta de dignidade menstrual
A ausência de absorventes e condições adequadas impacta diretamente a vida de quem menstrua. Na área da educação, muitas meninas deixam de frequentar a escola, acumulando prejuízos no aprendizado. No trabalho, mulheres podem faltar ao emprego, prejudicando sua renda.
A saúde física também é afetada pelo uso de materiais inadequados, que podem causar infecções urinárias, candidíase e doenças mais graves. Já a saúde mental é afetada pelo estigma e o constrangimento, que podem gerar casos de ansiedade e depressão.
Meninas e mulheres em situação de pobreza são as mais afetadas, aprofundando ciclos de exclusão e aumentando a desigualdade social.
Como apoiar a causa?
A dignidade menstrual é responsabilidade coletiva. Algumas formas de apoio incluem:
- Compartilhar informação: falar abertamente sobre menstruação ajuda a quebrar tabus. Veja por que usamos o termo “pessoas que menstruam”.
- Apoiar políticas públicas: cobrar das autoridades a ampliação de programas como o Dignidade Menstrual.
- Contribuir com ONGs: muitas organizações distribuem absorventes e promovem educação menstrual em comunidades vulneráveis.
- Educação inclusiva: escolas e profissionais de saúde podem criar espaços de diálogo e acolhimento.
Não é apenas sobre absorventes
A dignidade menstrual não é apenas sobre absorventes, é sobre respeito, saúde e igualdade de oportunidades. Garantir esse direito significa combater a pobreza menstrual, reduzir desigualdades e assegurar que meninas e mulheres não precisem interromper suas vidas por falta de recursos básicos.
Com iniciativas como o Programa Dignidade Menstrual, leis específicas e ações sociais, o Brasil dá passos importantes, mas ainda há muito a avançar. Falar sobre o tema, apoiar políticas públicas e promover a conscientização são formas de transformar essa realidade.