Desigualdade racial na Educação Básica aumenta no Brasil, aponta anuário
Pesquisa aponta que desigualdade maior é registrada entre os concluíntes do ensino médio
Estudo revela aumento da desigualdade racial na educação básica brasileira nos últimos dez anos, evidenciado por menor taxa de conclusão e desempenho acadêmico de estudantes negros, pardos e indígenas, especialmente no ensino médio.
A distância no desempenho escolar entre estudantes de diferentes raças no Brasil cresceu nos últimos dez anos, revela o Anuário Brasileiro de Educação Básica 2025. O estudo mostra que, apesar da universalização do acesso à escola, barreiras estruturais persistem e afetam especialmente estudantes negros, pardos e indígenas.
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Os números mostram que a desigualdade não se concentra em uma só etapa escolar. No Ensino Fundamental, por exemplo, a taxa de conclusão aos 16 anos (idade máxima esperada para o término da etapa) é de 91,5% entre os jovens brancos, mas cai para 83,5% entre os pardos e 80,9% entre os pretos. O contraste não está no acesso inicial: a matrícula de crianças e adolescentes de 6 a 14 anos é semelhante entre as raças, com índices que variam de 95,1% a 96,3%.
A diferença se aprofunda no Ensino Médio. Aos 19 anos, quando se espera que o estudante conclua o ciclo, 79,4% dos jovens brancos já têm o diploma, contra 66,6% dos pardos e apenas 62,1% dos pretos.
O desempenho acadêmico também evidencia disparidades. No Saeb 2023, estudantes brancos e amarelos do 5º ano do Ensino Fundamental obtiveram resultados em Língua Portuguesa e Matemática 13,5 pontos percentuais superiores aos de pretos, pardos e indígenas. Essa diferença persiste no final do Ensino Médio, embora em menor proporção: 7,6 pontos percentuais.
A desigualdade se reflete ainda na oferta de conteúdos que respeitam a diversidade cultural. Apenas 40% das escolas em terras indígenas utilizam material pedagógico específico, enquanto nas comunidades quilombolas esse índice cai para 7,4%.