Censo registra 30 novas línguas indígenas brasileiras e duas de sinais em 15 anos
Há também seis línguas indígenas de povos vizinhos sul-americanos que passaram a ser registradas aqui, decorrentes da imigração
Trinta línguas indígenas brasileiras foram citadas pela primeira vez no Censo 2022, refletindo ações de resgate e revitalização cultural, enquanto o número absoluto de falantes quase dobrou em relação a 2010.
Há 15 anos, a língua indígena Patuá (Crioula) nem aparecia entre os dados do Censo 2010, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estátistica (IBGE). Na divulgação desta sexta-feira, 24, porém, referente ao coletado em 2022, a língua foi mencionada por 1.875 pessoas indígenas, que afirmam usá-la para se comunicar dentro de casa. O fenômeno pode ser consequência de ações de resgate de línguas indígenas até então perdidas.
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Lá em 2010 foi quando o Censo fez pela primeira vez o levantamento de línguas indígenas faladas no Brasil. Naquele ano, foram registradas 274 línguas indígenas faladas por indivíduos pertencentes a 305 etnias diferentes. Agora, o número subiu para 295 línguas difundidas entre 391 etnias. Na comparação, é como se o Brasil tivesse ganhado 21 línguas indígenas em 15 anos, considerando os novos registros e as línguas que deixaram de aparecer.
Mas, ao olhar os dados mais de perto, chama atenção o fato de que foram mencionadas 30 línguas indígenas nativas do Brasil que não haviam sido citadas antes, além de duas novas línguas de sinais indígenas. Há também seis línguas indígenas de povos vizinhos sul-americanos que passaram a ser registradas aqui, decorrentes da imigração.
"Houve um processo muito expressivo na última década de reafirmação e recuperação de línguas indígenas. Esse crescimento pode estar relacionado a esse processo vivenciado por muitos grupos de recuperação e revitalização indígena", considera o pesquisador Fernando Souza Damasco, do IBGE.
Outras nove línguas indígenas citadas pela primeira vez no Censo são faladas por menos de 10 pessoas. São elas: Kumaruara (9); Maytapu (9); Akuriyó (5); Mastanawa (5); Kreepyn-Katejê (4); Tuxi (4); Mirititapuia (3); Língua de Sinais Kiriri (1) e Língua de Sinais Terena (1).
Esse processo de resgate é ainda mais evidenciado ao observar o comportamento dentro das terras indígenas: é lá onde está a maioria dos que falam alguma língua indígena (78,34% do total que declara falar língua indígena), e também onde foi notado um aumento percentual do número de falantes de língua indígena entre os Censos de 2010 e 2022, saindo de 57,35% para 63,22% dessa população.
Por outro lado, no geral, percentualmente caiu o número de falantes de línguas indígenas, de 37,35% para 28,51%. Em números absolutos, porém, houve um aumento de quase o dobro: eram 293.853 falantes de línguas indígenas em 2010 em comparação a 433.980 em 2022.
A maior variedade de línguas indígenas foi registrada no Amazonas, com 165 línguas indígenas mencionadas, São Paulo, com 130, e Pará, com 126.
Conheça as línguas indígenas de outros países das Américas que foram identificadas no Censo 2022:
- Aimara
- Eñepá
- Mapuche
- Quechua
- Quíchua
- Warao