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Após críticas, Bolsonaro cita "busca incansável" por desaparecidos na Amazônia

Presidente brasileiro fez discurso nesta sexta-feira, 10, na Cúpula das Américas em Los Angeles, nos Estados Unidos

10 jun 2022 - 14h50
(atualizado às 19h42)
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Jair Bolsonaro fez disurso na Cúpula das Américas
Jair Bolsonaro fez disurso na Cúpula das Américas
Foto: Lauren Justice / Reuters

O presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu o governo brasileiro das críticas pelo sumiço do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira na Amazônia e citou uma "busca incansável" na região durante discurso nesta sexta-feira, 10, no plenário da Cúpula das Américas, em Los Angeles (EUA).

"Desde o último domingo, quando tivemos a informação de que dois cidadãos - um britânico, Dom Phillips, e um brasileiro, Bruno Araújo - desapareceram na região do Vale do Javari, desde o primeiro momento, naquele mesmo domingo, nossas Forças Armadas e a Polícia Federal têm se destacado na busca incansável da localização dessas pessoas. Pedimos a Deus que sejam encontrados com vida", afirmou Bolsonaro.

O desaparecimento do jornalista e do indigenista na Amazônia foi um foco de tensão na passagem de Bolsonaro pelos EUA. Além do protesto de ativistas na frente do hotel do presidente, parlamentares do partido democrata e ativistas queriam que Biden cobrasse Bolsonaro sobre posicionamento a respeito do caso.

Apesar de o tema não ter sido tratado entre Bolsonaro e o presidente norte-americano, Joe Biden, na reunião bilateral que tiveram na quinta-feira, 9, o assunto esteve presente na comitiva brasileira em Los Angeles.

Em encontro com Bolsonaro, Biden defende democracia e Amazônia
Em encontro com Bolsonaro, Biden defende democracia e Amazônia
Foto: Reuters

O ministro da Justiça, Anderson Torres, teve reuniões com o governo americano e britânico sobre o desparecimento do jornalista e do indigenista. Em Los Angeles, Torres se reuniu com o assessor para meio ambiente do governo Biden, John Kerry, e com diplomatas britânicos. Britânicos e o norte-americano pediram que o Brasil esgote as possibilidades na investigação.

Reportagem desta sexta-feira publicada no Estadão mostra que, passados cinco dias do desaparecimento da dupla, o governo federal ainda não enviou para a região do Vale do Javari a Força Nacional de Segurança, ao contrário do que costuma ocorrer em casos que envolvem regiões com pouca estrutura de segurança. Além disso, a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos (ACNUDH), Ravina Shamdasani, afirmou nesta sexta-feira, 10, que o governo brasileiro foi "lento" para reagir ao caso.

Brasil na Cúpula das Américas

Durante a sua fala, Bolsonaro tentou passar a mensagem que o Brasil se preocupa com a proteção da Amazônia e chegou a dizer que o "nosso código ambiental deve ser exemplo ao mundo".

O discurso do presidente brasileiro ainda ressaltou os desafios no mundo pós pandemia e que a liberdade deve conduzir a nova agenda de cooperação para o crescimento econômico nas Américas: "Estamos atentos aos problemas econômicos que afetam o mundo, como inflação e o desemprego. E, principalmente, ao bem mais precioso para o ser humano, a sua liberdade, aí incluídos a liberdade de expressão, de trabalho e de culto religioso". 

Segundo Bolsonaro, o Brasil se engajou fortemente no processo negociador das declarações a serem discutidas e aprovadas na cúpula. Citando números questionáveis, Bolsonaro disse que o Brasil alimenta um bilhão de pessoas e garante a segurança alimentar de 1/6 da população mundial, defendendo que "sem o agronegócio do país parte do mundo passaria fome".

"O Brasil não apenas evitou uma crise alimentar ao garantir acesso a fertilizantes, mas também desempenhou um papel de liderança na busca de soluções internacionais em favor da segurança alimentar", acrescentou.

Além disso, Bolsonaro defendeu que a nação é uma das que mais preserva o meio ambiente e suas florestas, além de ter a matriz energética mais limpa e diversificada do mundo. De acordo com o líder brasileiro, "somos uma potência agrícola sustentável e não necessitamos da região Amazônica para expandir nosso agronegócio".

Ataques por "opinar diferente"

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que há no Brasil e em parte do mundo um "claro ataque" às liberdades individuais por opiniões diferentes. Disse ainda, durante o seu discurso na IX Cúpula das Américas, que o Brasil assume o compromisso com a integração das Américas como continente "próspero e democrático".

"Atualmente vivemos, no Brasil e em parte do mundo, um ataque claro às liberdades individuais por opinar de forma diferente. Deixo aqui uma mensagem de compromisso do Brasil com a integração das Américas como continente próspero e democrático", afirmou Bolsonaro.

Segundo ele, em seu mandato, o Brasil manteve presença nos fóruns hemisféricos e regionais e trabalhou pela democracia, liberdade e prosperidade econômica e social. "No Brasil, já se entende que a liberdade é um tema que é a própria vida, pois um homem ou mulher sem liberdade não tem vida", concluiu.

O pronunciamento de Bolsonaro ocorre um dia após ele se reunir com Joe Biden no primeiro encontro entre ambos desde que o democrata assumiu o poder no ano passado. "A experiência de ontem perante Biden foi fantástica. Estou realmente maravilhado e acreditando em suas palavras e naquilo que foi tratado reservadamente entre nós", concluiu.

*Com informações do Estadão Conteúdo, Reuters e Ansa

Fonte: Redação Terra
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