Toyota quer ter um carro elétrico para rodar 1.000 km, mas sofre com isso
Toyota titubeia e sofre para cumprir seus planos de ter bateria de ultralongo alcance, anunciados há apenas dois anos; veja as consequências
O futuro próximo da Toyota, da perspectiva de 2025, é muito mais incerto do que era em 2023, quando a montadora japonesa anunciou um audacioso plano de fabricação de bateria de longo alcance e de ultralongo alcance a partir de 2026. Com isso, a empresa está ficando para trás na corrida dos carros elétricos de grande autonomia.
O plano inicial era ter uma nova geração de baterias com alcance de 800 km em 2026, de 1.000 km em 2027 e de 1.200 km com o desenvolvimento de baterias de estado sólido, começando com 1.000 km em 2027/2028. Atualmente, o Toyota bZ4X tem alcance de 500 km (WLTP) com bateria de íon-lítio com 30 min de carregamento rápido.
O adiamento vai deixar a Toyota atrasada também na redução dos custos das baterias. Já para 2026, a bateria líquida monopolar traria uma redução de 20% nos custos e o carregamento cairia para 20 minutos, além de o alcance subir para 800 km.
Junto, a Toyota tinha a ideia de popularizar os carros elétricos da marca com uma nova bateria bipolar de lítio, ferro e fosfato, de 600 km de alcance, porém 40% mais barata do que é hoje. No cronograma o projeto estava previsto para 2026/2027 (veja o quadro abaixo).
Diante dos atrasos, que foram provocados pela queda das vendas de EVs em 2024, além de nova alta nos custos, os ousados planos de 2027/2028, principalmente com as baterias de estado sólido, ficam incertos. A ideia era produzir bateria de íon-lítio com alcance de 1.000 km e apenas 10 minutos de carregamento na primeira fase.
O jornal japonês Asahi Shimbun informou que o presidente da Toyota, Koji Sato, fez uma visita à região de Fukuda, Japão, para informar as autoridades locais sobre o atraso na construção da fábrica de baterias em um terreno de 280.000 metrios quadrados. Por isso, a estreia das baterias de estado sólido em 2028 não está definida.
Analistas internacionais veem o titubeio da Toyota como um erro estratégico. Afinal, mesmo com retração no ritmo de crescimento, em 2024 houve mais um recorde na venda de EVs, superando 17 milhões de unidades; e o crescimento em 2025 segue em dois dígitos.
“O adiamento dos planos de baterias da Toyota só a colocará ainda mais atrás de líderes globais em veículos elétricos, como a chinesa BYD”, comentou Peter Johnson, especialista do setor. “A BYD é conhecida por suas baterias Blade LFP de baixo custo e longo alcance. Como fabrica a maioria dos componentes internamente, incluindo baterias, a BYD não apenas vende veículos elétricos baratos, mas também lucra com isso.”
Para além de ter superado a Tesla no ano passado, a BYD atingiu US$ 100 bilhões de faturamento pela primeira vez. “Agora, a gigante chinesa de veículos elétricos está se expandindo rapidamente para mercados internacionais como Sudeste Asiático, Europa e América do Sul, alguns dos mercados mais importantes da Toyota”, acrescentou Johnson.