Review: Volkswagen Taos Comfortline se destaca pelo custo-benefício

O Volkswagen Taos nunca teve vida fácil no Brasil. Lançado em 2021, o SUV médio já teve logo de cara a dura missão de enfrentar dois pesos pesados em um dos segmentos mais disputados do país: o líder Jeep Compass e o Toyota Corolla Cross, que foi lançado poucos meses antes. Restava ao Taos apostar em suas qualidades e no custo-benefício para se destacar no mercado, embora nunca tenha tido pretensões de ser líder.

Agora, às vésperas de ganhar uma reestilização, o Taos é oferecido com bons descontos (até R$ 32 mil) na rede de concessionárias da marca alemã. E por isso, talvez seja um dos melhores momentos para comprar o SUV. Para descobrir, avaliamos o modelo na versão de entrada Comfortline (R$ 196.990) durante uma semana entre as cidades do Rio de Janeiro (RJ) e Vassouras (RJ), por cerca de 800 km ao todo. 

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Por fora, o visual já demonstra o sinal da idade, uma vez que a reestilização do Taos já foi apresentada nos EUA e deve chegar ao Brasil ainda este ano. A versão Comfortline se diferencia da topo de linha Highline (R$ 220.990) principalmente pela ausência de alguns frisos cromados e pelos faróis de LED mais simples, que já têm um desempenho muito bom ao dirigir à noite.

Na configuração topo de linha, eles contam com a tecnologia IQ.Light, mais avançada, e são interligados por uma barra de LED que atravessa a grade frontal. A versão que avaliamos ainda conta com o único opcional do Taos Comfortline: rodas de 18” escurecidas (R$ 520). Já a versão topo de linha ainda pode ser equipada com pintura bicolor e teto solar panorâmico, outros dois itens ausentes no Taos Comfortline.

Em comum, ambas oferecem o mesmo motor 1.4 turbo flex de 150 cv de potência e 250 Nm de torque. Já o câmbio é um automático de seis marchas, e a tração é dianteira. Trata-se do mesmo conjunto que equipa as versões topo de linha do Polo, T-Cross, Virtus e possivelmente o futuro Nivus GTS. 

Em alguns mercados, o Taos oferece opções com tração integral e o motor 1.5 TSI de até 176 cv, além do câmbio automático de oito marchas. Ao dirigir, o Taos Comfortline agrada a quem já conhece e gosta do comportamento dos SUVs da Volkswagen. A direção elétrica é bem direta, enquanto a posição de dirigir é um dos pontos positivos do Taos.

A suspensão tem um ajuste macio e confortável sem comprometer o comportamento dinâmico do Taos, que lembra mais um carro de passeio em algumas situações no trânsito  e na estrada. Mérito da boa plataforma MQB-A1 – a mesma do Jetta GLI – e do acerto da Volkswagen. 

O consumo também agradou: conseguimos médias de 12 km/l com etanol em circuito misto (cidade/estrada), sempre com o ar-condicionado ligado. Apesar disso, o desempenho poderia ser um pouco mais esperto. De acordo com a Volkswagen, o Taos vai de 0 a 100 km/h em 9,5 segundos e chega aos 195 km/h de velocidade máxima.

Gostamos muito do espaço interno e do porta-malas de 498 litros. Como a proposta do Taos é ser um carro familiar, ele cumpre bem o seu papel na hora de levar cinco ocupantes a bordo, e se sai melhor nisso do que seus principais concorrentes, graças aos 2,68 m de entre-eixos. 

O acabamento, por sua vez, poderia ser melhor. Apesar de contar com um revestimento em vinil na parte central do painel, grande parte do interior é em plástico rígido. As peças contam com bons encaixes, mas poderiam ter um aspecto melhor tendo em vista o valor cobrado pelo Taos. 

As portas dianteiras, por outro lado, contam com material emborrachado e tecido, que poderiam se repetir no painel. Os bancos revestidos em couro são confortáveis, enquanto a central multimídia VW Play de 10,1” tem comandos intuitivos e rápidos, além de uma tela com boa resolução. 

No entanto, talvez um botão físico para a função liga-desliga e para o controle de volume tornasse a experiência ainda melhor. Outro destaque fica para o painel de instrumentos digital de 10,25”, que também tem boa visualização e resolução da tela. Já o ar digital dual-zone traz apenas comandos touch, o que pode tirar a atenção do motorista em algumas situações.

A lista de equipamentos é boa. São seis airbags de série, além do ACC, frenagem autônoma de emergência, partida por botão e chave presencial, start-stop, paddle-shifts, ar digital dual zone, câmera de ré, carregador por indução, volante multifuncional, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, bancos em couro, trio elétrico, sensor de chuva e crepuscular, entre outros itens.

Em relação à versão topo de linha Highline, o Taos Comfortline deixa de lado mais dois alto-falantes, assistente de permanência em faixa, park assist, assistente traseiro de saída de vaga, bancos dianteiros aquecidos e com ajustes elétricos para o motorista, câmera multifuncional, sensor de ponto cego, retrovisores com rebatimento automático, iluminação ambiente, faróis IQ.Light, grade iluminada, rodas de 19”, entre outros itens.

Mas afinal, qual versão do Volkswagen Taos vale mais a pena? Ao considerarmos a diferença de exatos R$ 24.000 no preço oficial de tabela, talvez seja mais vantajoso optar pelo Taos Comfortline, que já oferece um pacote bem recheado por um preço menor. No entanto, com os descontos oferecidos pela Volkswagen, a situação pode se inverter a favor do Taos Highline, que é mais equipado.

Outra possibilidade é aguardar o lançamento do novo Taos reestilizado, que deve chegar ao Brasil até o fim deste ano. Com novidades visuais por dentro e por fora, o SUV deve até mesmo mudar de nacionalidade, passando a vir do México – hoje, o Taos vendido no Brasil é importado da Argentina.

Em resumo, o Volkswagen Taos é um carro que agrada pelo bom comportamento dinâmico sem abrir mão do conforto e do bom espaço interno, dois pontos essenciais e que o diferenciam no segmento de SUVs médios. Peca em acabamento interno e poderia ter um volume de vendas maior no Brasil caso fosse produzido no país e tivesse um preço inicial mais baixo para brigar mais com o Jeep Compass e o Toyota Corolla Cross.