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Quintanilha: como o Chevrolet Tracker salvou a GM de afundar no Brasil

A chegada do SUV Tracker na linha de carros da Chevrolet aconteceu num momento crítico e exigiu grande esforço de vendas

18 jul 2025 - 08h04
(atualizado em 18/7/2025 às 09h40)
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Chevrolet Tracker 2026 RS 1.2 Turbo
Chevrolet Tracker 2026 RS 1.2 Turbo
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

A história sempre oferece caminhos alternativos. Pegar este ou aquele rumo pode ser determinante para o sucesso ou fracasso de um empreendimento. E foi exatamente o que aconteceu nos poucos meses que separaram o lançamento da atual geração do Chevrolet Onix e a chegada do SUV Tracker, produzido na mesma plataforma.

Para entender por que o Chevrolet Tracker salvou a GM de afundar no Brasil, é preciso voltar alguns anos antes de seu lançamento. Em 2012, depois de um período tecnicamente fraco, no qual os carros-chefe da GM eram o Celta e o Agile, a empresa finalmente conseguiu fazer o seu “Gol”, ou seja, um hatch compacto perfeitinho, robusto e adequado para as exigências do público brasileiro.

Este carro foi o Chevrolet Onix, um hatch muito bem desenhado por Carlos Barba, que logo fez concorrência ao Volkswagen Gol, carro que durante 27 anos seguidos atormentou as montadoras rivais, por sua firme liderança. Com um design muito bom, conectividade My Link e câmbio automático – duas novidades da categoria –, o Onix logo se tornou líder de mercado.

Junto com ele veio a versão sedã, chamada de Prisma, que resistiu à má fama do Celta sedã e também passou a vender bem. A Chevrolet cresceu em vendas e se tornou líder, durante cinco anos seguidos (2016 a 2020). O Onix foi hexampeão nacional de vendas (2015 a 2020) E a General Motors disputou durante cinco anos a liderança com a FCA (Fiat Chrysler, antecessora da Stellantis), ganhando duas vezes.

Quando a GM anunciou a nova geração do Chevrolet Onix e mudou o nome do Prisma para Onix Plus, o hatch vendia 240 mil unidades no ano. Era um carro imbatível. Lembro que na ocasião eu escrevi um artigo, alertando para os perigos de mexer num projeto que estava dando certo.

O Novo Onix estreou no final de 2019, primeiro o sedã, depois o hatch. Mas já naquele ano dois Onix se incendiaram devido à quebra do bloco de cilindros e problemas no gerenciamento eletrônico. O caso ganhou as manchetes, as vendas foram suspensas para um recall e a reputação do Novo Onix ficou abalada.

Era um carro maior, mais espaçoso, e inaugurava uma nova fase da General Motors, trazendo uma plataforma, a GEM, que havia sido desenvolvida na China com participação de vários outros países.

O belo Onix do Barba foi aposentado para dar lugar ao Onix “chinês”, com linhas mais fortes e “modernas”, porém sem a mesma personalidade do Onix criado em São Caetano do Sul e desenvolvido no centro de testes da Cruz Alta, em Indaiatuba. O Onix do Barba ainda ganhou uma sobrevida como Onix Joy. E foi ele que salvou as vendas de 2020, primeiro ano da pandemia.

Chevrolet Tracker 2026 RS 1.2 Turbo
Chevrolet Tracker 2026 RS 1.2 Turbo
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

A indústria então passou a sofrer com a falta de semicondutores para os sistemas eletrônicos. Numa decisão absurda e desrespeitosa, Detroit (sede da General Motors) determinou que a produção do Chevrolet Onix fosse totalmente paralisada na fábrica de Gravataí (RS).

Imagine: o carro que era hexampeão nacional de vendas, imbatível no mercado brasileiro, não teve uma única unidade produzida durante quase cinco meses seguidos! Isso provocou uma crise interna que acabou culminando na saída do presidente da GM América do Sul, Carlos Zarlenga, ainda em 2021.

Porém, no início de 2020, no auge do trauma da pandemia, havia um projeto novo para colocar nas ruas: era o Novo Tracker. Até então um pequeno SUV sem carisma e sem volume, importado da Argentina e depois do México, o Novo Tracker estreou usando a mesma plataforma do Onix e com as melhores características que faltavam em alguns modelos locais, que já estavam no mercado desde 2015.

Mais do que criar um novo SUV compacto, a GM trouxe ao primeiro Chevrolet Tracker “nacional” dois motores turbinados e eficientes, multimídia moderna, segurança acima da concorrência, design impecável, espaço interno generoso, bom porta-malas, boa dirigibilidade e uma gama variada de versões com preços competitivos.

Para lançar o Novo Tracker, a GM precisou inovar, pois a pandemia de Covid impedia a montadora de reunir a mídia especializada e os concessionários num grande evento, como era comum. O carro foi lançado de forma virtual, numa ação que exigiu máxima criatividade das equipes de comunicação e marketing, e posteriormente um grande esforço da equipe de vendas.

Mesmo assim, o Chevrolet Tracker agradou. E aos poucos, a cada teste que era submetido, ganhava elogios da mídia especializada. A cada venda ganhava também maior reputação entre os clientes.

Do outro lado da linha, porém, o Onix sofria com o estrago feito por Detroit. O ex-hatch imbatível teve suas vendas reduzidas pela metade, deu espaço para produtos da concorrência que não o ameaçavam. Desabou no ranking, caindo para 5º lugar. As vendas despencaram de 240 mil para 73 mil unidades. Nessa tempestade, enfrentou uma mudança nos hábitos de compra dos consumidores.

Desde 2021, o carro preferido do Brasil passou a ser o Fiat Strada, que era apenas uma picape. Porém uma picape renovada, com cabine dupla de verdade, com estilo aspiracional, que roubou vendas até de hatches e sedãs. Para além disso, no final de 2022 a Volkswagen lançou a nova geração do Polo e o inédito Polo Track.

Mas, por sorte, a GM tinha o Tracker. O Novo Tracker. O SUV perfeitinho, com todos os atributos que os clientes brasileiros queriam. Segundo Paula Saiani, diretora de marketing de produto da General Motors, o Chevrolet Tracker é um produto essencial para a empresa, pois chegou a ser líder num segmento que movimenta R$ 90 bilhões.

Já em 2022 o Chevrolet Tracker se tornou o SUV mais vendido do Brasil com mais de 70 mil registros. Manteve-se competitivo e absorveu para si as vendas que deixaram de ir para o Onix.

O Chevrolet Onix reconquistou espaço e terminou 2024 como o terceiro carro mais vendido do país, com 97,5 mil vendas. Mas o Tracker ficou em sexto lugar, com 69 mil. Se não fosse o Tracker, com tudo que aconteceu com o Onix, a GM estaria em maus lençóis.

Guia do Carro
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