Novo Mitsubishi Outlander é híbrido e leva sete pessoas; leia as impressões
Quarta geração do modelo chama atenção pelo conforto e mecânica; veja os preços e o que traz cada versão do SUV
Todas as gerações do Mitsubishi Outlander alcançaram sucesso no Brasil. Apesar disso, o modelo foi retirado do mercado brasileiro em 2022 sem deixar um substituto direto. Até agora. A marca japonesa acabou de lançar a quarta encarnação do carro no País. Da mesma maneira que a anterior, a mecânica também é híbrida, contudo, como única opção, diferentemente do antepassado.
O Outlander PHEV (sigla que significa Plug-in Hybrid Electric Vehicle, veículo híbrido elétrico plug-in) vem em duas versões. A oferta começa na HPE-S, configuração que custa R$ 374.990, enquanto a top Signature sai por R$ 389.990.
Em comum, ambas trazem o motor 2.4 aspirado associado a dois motores elétricos e um gerador. O propulsor a combustão gera 137 cv de potência e 20,9 kgfm de torque máximo a 4.000 rpm, sendo basicamente o mesmo quatro cilindros usado na geração anterior. Só que ele não trabalha sozinho.
O motor elétrico dianteiro tem 116 cv e 30,6 kgfm, enquanto o traseiro entrega 136 cv, mas com torque de 19,9 kgfm. Como em outros híbridos, o rendimento total dos propulsores não é somado de maneira aritmética, pois são 252 cv e 45,9 kgfm.
As duas versões rodam até 58 km usando apenas eletricidade. Por sua vez, o pack de baterias leva até 6,5 horas para a recarga total. A despeito de alguns acharem que a energia será exaurida e, com isso, um híbrido plug-in teria que se virar apenas com a combustão, na prática, isso não acontece nunca. Para carregar as baterias, um terceiro motor elétrico funciona como gerador. Nada de ficar preso em um terreno fora de estrada insuperável para carros com tração apenas na dianteira.
Habitar em uma seara repleta de concorrentes poderia ter transformado o Outlander em mais um SUV genérico, mas isso está longe de ter acontecido. O modelo tem personalidade. Além do estilo frontal característico da marca, o Mitsubishi ostenta vincos laterais bem demarcados, coluna C larga (com terceira janela) e rodas aro 20. Na traseira, destacam-se as lanternas horizontais em forma de T, sem, contudo, ter a mesma emotividade da dianteira. Todas as luzes são de LEDs.
A impressão que o carro está maior está longe de ser uma sensação. São 4,71 metros de comprimento (13 cm a mais) e 2,70 m de entre-eixos (3,6 cm extras), um incremento que deu mais espaço, abrindo espaço para todas as fileiras, incluindo aí a terceira. Tanto o HPE-S quanto o Signature levam sete ocupantes.
Equipamentos de série
Para enfrentar a concorrência de marcas premium consagradas, o Outlander traz um bom pacote de equipamentos a partir da HPE-S. São de série ar-condicionado digital de três zonas, teto solar panorâmico, bancos dianteiros com ajustes elétricos, memória e aquecimento (os da segunda fileira também são aquecidos), controle de cruzeiro adaptativo, painel de instrumentos digital de 12,3 polegadas, central multimídia de 9", sistema de som com quatro alto falantes e dois tweeters, GPS nativo, câmera 360 graus, câmera frontal off road, sensores de estacionamento frontais e traseiros, freio de estacionamento eletrônico com Auto Hold, partida sem chave, retrovisor eletrocrômico, entre outros.
Quanto à segurança, o Outlander PHEV se destaca. As salvaguardas ativas incluem monitoramento de fadiga, aviso de colisão dianteiro com frenagem automática, assistentes de partida e descida de rampa, alerta de saída de faixa (sem correção ativa), sensor de tráfego traseiro e frenagem automática traseira (impede que você bata em algum obstáculo) e sensor de ponto cego.
O número de airbags chama atenção, são nada menos do que 11. Não, não se trata daquelas situações em que o fabricante infla a quantidade de bolsas, contabilizando até pochetes e bolsas de mão a bordo. Há dois airbags frontais, dois para os joelhos do motorista e carona, dois laterais dianteiros, dois laterais traseiros, dois do tipo cortina e, para completar, um raro airbag central, dispositivo que infla entre os ocupantes frontais para evitar batidas de cabeça e outros ferimentos.
Se o HPE-S é bem equipado, o Outlander Signature acrescenta outros itens para justificar os R$ 15 mil a mais. São eles o Head-Up display colorido de 10,8 polegadas, massageadores nos bancos dianteiros, bancos revestido de couro com acabamento mais refinado, ajuste de altura do suporte lombar, revestimento preto do teto, cortinas para as janelas traseiras e som premium da Bose, sistema composto por seis alto-falantes, dois tweeters e um subwoofer.
Impressões ao dirigir
Foi possível dirigir o Outlander PHEV em circuito de cidade, estrada e off road leve. No território urbano, o carro funcionou silenciosamente, com fôlego suficiente e conforto. Nas estradas, mostrou-se um belo estradeiro. Quando o desempenho é requisitado - educadamente ou não - pelo acelerador, o propulsor 2.4 se faz presente com um ronco contido, mérito da transmissão direta, sendo acompanhado pelo zumbido dos motores elétricos. É uma sensação auditiva diferente da maior parte dos híbridos plug-in. O isolamento acústico é reforçado pelos vidros dianteiros laminados e pela aerodinâmica 12% mais eficiente do que a geração anterior.
As borboletas no volante não estão lá para entabular uma marcha na outra e sentir que você está ao volante de um Lancer bem preparado. Na verdade, elas acionam os diferentes níveis de regeneração de energia dos freios. No mais forte, é possível andar usando apenas o acelerador.
Já que falei em gerenciamento, um botão no console permite acionar os modos EV (totalmente elétrico), normal (adaptativo), Save (poupa a carga da bateria) e Charge (recarrega a bateria).
O consumo ainda não foi divulgado pelo Inmetro. De acordo com o ouvido no evento, o índice pode passar dos 26 km/l. No teste, ficamos entre 12 km/l e 21 km/l. Em sua apresentação, o fabricante exibiu uma autonomia projetada de 680 km com eletricidade e combustão. Como o tanque é de (bons) 56 litros, a conta básica daria 12,1 km/l.
A conectividade da direção é garantida pelo sistema que acopla o motorzinho da assistência elétrica diretamente na cremalheira - normalmente, ele vem no eixo da própria direção. São apenas 2,6 voltas de batente a batente, o que fica claro em mudanças de trajetória e curvas. A taxa de direção é de 14,1:1, ou seja, são necessários 14 graus para as rodas girarem 1 grau. É um índice dentro da média. O diâmetro de giro é de 11 metros.
Graças ao sistema adaptativo de distribuição de força, os dois eixos tracionam de maneira certeira. Na hora do fora de estrada, a tração não é perdida mesmo rodando sobre cascalho solto, situação na qual pequenas desgarradas são mais do que esperadas. Não no Outlander. A tração integral sempre será possível, pois a recarga de energia não deixa faltar força ao motor elétrico traseiro. Lembrando que não há cardã para fazer esse repasse.
Acionados por meio de botão giratório, há diferentes modos de tração: normal, eco, asfalto, cascalho, neve e lama. Porém, foi possível testar apenas os quatro primeiros, dado que não houve trechos off road mais desafiadores. Já o Power é reservado para o momento em que o motorista quiser desempenho total. Com esse modo ligado, a aceleração de 0 a 100 km/h baixa de medianos 10,5 segundos para afiados 7,9 s, fôlego suficiente para a proposta. Da mesma maneira que no modo asfalto, o nível de assistência da direção fica mais durinho. A própria Mitsubishi investe no equilíbrio dos diferentes fatores, sem apostar em ser o mais rápido da categoria.
Os freios a disco ventilados na frente e sólidos atrás proporcionam frenagens rápidas e equilibradas, com bom tato do pedal.
A suspensão é McPherson na dianteira e multilink na traseira. Parte dos componentes é feita em alumínio forjado, o que garante mais leveza e diminuição das massas não suspensas (tudo em um carro que não é sustentado pela suspensão). O aumento no uso de materiais de ultra alta resistência também permitiu que a rigidez torcional seja maior do que no carro anterior, além de baixar 17 kg no peso. No total, o peso é de 2.135 kg, uma medida elevada.
A posição de direção é perfeita, uma qualidade realçada pelos bancos dianteiros envolventes. Inclusive, o banco do motorista recua para facilitar a entrada e saída, ajudando a vida de quem tem mais de 1,80 metro. A coluna tem amplos ajustes de altura e de profundidade.
Na convivência, há pontos que poderiam ser melhorados, entre eles, a central multimídia. A tela de nove polegadas é pequena para a atualidade e peca por não ter Android Auto sem cabo, algo disponível para o Apple CarPlay, como também pelos gráficos com poucas cores. Há duas saídas USB do tipo A e C à frente e atrás. O Head up display tem ótimo tamanho e cores vivas, todavia, só exibe instruções de navegação do GPS nativo.
Por outro lado, há a clássica praticidade japonesa, toques que estão representados, por exemplo, em um botão de destravamento das portas também do lado do passageiro.
O nível de acabamento é esmerado. A versão HPE-S pode vir com bancos pretos ou cinza claro - opcional, sem custo adicional. Já a Signature exibe bancos e detalhes em preto e laranja, uma combinação bem mais chamativa. A maior parte do couro empregado no interior é couro de fato. O material está até nas laterais do console. As quatro portas contam com revestimentos macios na parte superior, um requinte que foi deixado de lado até por alguns SUVs alemães mais caros que o Outlander.
O espaço interno é ótimo para quatro adultos altos. Atrás, um eventual passageiro central não terá o mesmo nível de conforto, algo esperado. A terceira fileira tem acesso mais voltado a pessoas e crianças menores, mas é possível ajustar um pouco o espaço da segunda fileira de bancos em até 2,6 cm, liberando um vão maior para as pernas de quem vai no fundão. Um ponto positivo: a capacidade de carga de 605 kg é apropriada para levar uma família e alguma bagagem, algo que nem sempre é possível em outros modelos.
Falando em fundão, o porta-malas pode levar até 468 litros com cinco pessoas a bordo. Com a terceira fileira em uso, o volume cai para 217 litros. Ou seja, se você quiser lotar o Outlander, será necessário usar o rack do teto que, para compensar, suporta até 80 kg. A tampa tem acionamento elétrico na chave, botão ou com a marota passagem de pé embaixo do para-choque. O grande barato é a oferta de tomada industrial no compartimento, um equipamento que permite ligar uma cafeteira, iluminar um lugar ou alimentar uma geladeira.
São cinco anos de garantia total e oito para o conjunto de baterias. A versão Signature tem cores exclusivas: branco diamond com teto preto (quase que um must para o segmento de utilitários) e azul cosmic. Tanto ela quanto a HPE-S dividem as opções de tons preto mica, cinza graphite, branco diamond e prata sterling.
Segundo a Mitsubishi, a previsão de vendas é de pelo menos 200 unidades mensais. Parece falta de ambição, entretanto, a marca não planeja grandes volumes. O objetivo é entregar um carro que ofereça o que o consumidor quer. Lembrando que o índice de retenção de clientes da montadora chega a 60%. Portanto, podemos dizer que o novo Outlander chega para encantar os donos do anterior e, é claro, conquistar consumidores de outros fabricantes. Não será uma trilha difícil.
Prós
Conjunto híbrido com sistema adaptativo oferece equilíbrio até no fora de estrada, sem desgarrar nas trajetórias ou patinar as rodas
Contras
Autonomia de 58 km no modo inteiramente elétrico ainda está atrás de concorrentes como o BYD Song Plus, capaz de rodar até 100 km
Ficha técnica
Mitsubishi Outlander PHEV Signature
- Motor: 2.4, 4 cil., 16V, aspirado, gasolina
- Potência: 137 cv a 5.000 rpm
- Torque: 29,9 mkgf a 4.000 rpm
- Elétrico dianteiro: 116 cv e 26 mkgf
- Elétrico traseiro: 136 cv e 19,9 mkgf
- Potência total combinada: 252 cv
- Torque total combinado: 45,9 kgfm
- Câmbio: Automático sem marchas
- Comprimento: 4,71 metros
- Largura: 1,86 m
- Altura: 1,75 m
- Entre-eixos: 2,75 m
- Porta-malas: 468 litros (5 lugares) e 217 l (7 lugares)
- Tanque: 56 litros
- Preço sugerido: R$ 389.990
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