Nissan vende ações da Mitsubishi e corta salário de CEO
Além da redução dos salários de executivos, Nissan cortou cerca de 9 mil empregos em todo o mundo; impacto vem de queda nas vendas da marca
No cenário de desaceleração do setor automotivo, a Nissan, no Japão, sentiu o impacto e precisou adotar medidas rígidas. Em uma recente coletiva de imprensa, o CEO da marca, Makoto Uchida, detalhou o plano para reduzir custos.
Ele envolve diminuição na produção, corte de funcionários e redução de salários de cargos executivos, incluindo seu próprio salário. Além das ações internas, a montadora também anunciou a venda de sua participação de 10,02% nas ações da Mitsubishi. O movimento acontece em meio à necessidade de fortalecer a estabilidade financeira e direcionar a Nissan a novos focos.
Conforme divulgado pelo Automotive News Europe, Uchida destacou que os recentes resultados da Nissan tiveram impacto por queda nas vendas. A queda resultou em redução de 85% no lucro operacional no último trimestre.
Dessa forma, a empresa intensificou seu esforço para economizar cerca de 300 bilhões de ienes (aproximadamente R$ 11,18 bilhões) em custos fixos. Além disso, a Nissan também poupou 100 bilhões de ienes (cerca de R$ 3,7 bilhões) em custos variáveis para o próximo ano.
Essas metas envolvem, por exemplo, redução de 20% na capacidade produtiva global e um corte de 9 mil empregos em todo o mundo. Para reforçar o esforço, o próprio CEO da Nissan optou por abrir mão de metade de seu salário mensal a partir deste mês. O corte acompanha outras reduções de membros do comitê executivo.
Mudança nas lideranças da Nissan e previsão de vendas
Enquanto a Nissan se ajusta, Guillaume Cartier, presidente da região AMIEO (África, Oriente Médio, Índia, Europa e Oceania), assume a função de diretor de desempenho. Assim, passa a supervisionar as regiões do Japão/ASEAN, AMIEO e Américas, além de gerenciar vendas e pós-vendas globais.
Com relação aos resultados do primeiro semestre do ano fiscal de 2024, a Nissan registrou queda na receita líquida de 79,1 bilhões de ienes (R$ 2,88 bilhões), totalizando 5,98 trilhões de ienes (R$ 218,4 bilhões).
Ainda registrou recuo no lucro operacional, que foi de 32,9 bilhões de ienes (R$ 1,2 bilhão) com diminuição total de 303,8 bilhões de ienes (R$ 11,1 bilhões). As vendas globais também caíram, atingindo 1,6 milhão de unidades. A empresa atribui os números à alta nos incentivos de vendas, ajustes de estoque - principalmente nos Estados Unidos - e elevação dos custos de produção.
Diante disso, a Nissan revisou sua projeção financeira para o ano fiscal de 2024. A marca prevê receita líquida de 12,7 trilhões de ienes (R$ 463,4 bilhões), além de lucro operacional de 150 bilhões de ienes (R$ 5,5 bilhões).
Venda das ações da Mitsubishi
Em uma tentativa de gerar caixa e reestruturar operações, a Nissan irá colocar à venda um total de 149.028.300 de ações da Mitsubishi. Isso representa cerca de 10,02% da companhia. A venda iniciou na Bolsa de Valores de Tóquio no começo deste mês, a um preço base de 460,6 ienes (R$ 16,90) por ação.
Em nota, a Nissan comentou sobre a transação. "Essa operação fortalecerá a flexibilidade financeira da Nissan e apoia a estratégia de gestão da MMC (sigla de Mitsubishi Motors Corporation). Ambas as empresas manterão sua colaboração para impulsionar a inovação e oferecer valor agregado aos stakeholders", afirmou.