Kia EV6 100% elétrico roda 4.365 km do Brasil ao Uruguai
Jornada de testes do Kia EV6 com jornalistas brasileiros incluiu um trajeto de ida e volta da cidade de Itu (SP) até Montevidéu (Uruguai)
A Kia está de olho no mercado de carros elétricos no Brasil. Com planos de vender o crossover EV6 no país, a montadora sul-coreana trouxe duas unidades do modelo para a América do Sul, com o objetivo de divulgar as novas tecnologias da montadora. Uma delas veio para o Brasil, e foi participou de um teste de longa duração de 4.365 km envolvendo jornalistas brasileiros.
Batizado de “Kia EV6 Experience”, o teste foi realizado entre os dias 17 e 27 de março deste ano, num percurso total de 4.365 km, perfazendo o trajeto Itu-Montevidéu-Punta Del Este-Montevidéu-Itu. Para realizar a primeira parte da jornada, de Itu até Montevidéu (2.000 km), os jornalistas Cesar Urnhani (piloto de testes), Eduardo Passo (Quatro Rodas) e Vagner Aquino (Jornal do Carro) se revezaram ao volante do EV6.
Vale destacar, porém, que o planejamento da viagem teve início dois meses antes, em janeiro, com a checagem dos pontos de carregamento em território brasileiro, especificamente nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. De Chuí, no extremo Sul do País, até Montevidéu (Uruguai) há a garantia de carregamento, já que o Uruguai possui a infraestrutura das Rotas Elétricas, com pontos de abastecimento entre 7 kW/h e 43 kW/h, na média.
Embora o alcance elétrico do EV6 seja de 530 km, os organizadores da jornada optaram por dirigir com uma margem de segurança de 480 km. A diferença de 50 km ficaria por conta dos possíveis pontos de carregamento programados, mas inativos, fato que ocorreu na cidade de Pelotas (RS), penúltima cidade brasileira antes da divisa Brasil-Uruguai, ou ainda, em caso de manutenção desses pontos ou até mesmo ocupados por longo período por outro usuário de carro elétrico.
Na unidade de apoio operacional, os jornalistas foram acompanhados por uma Kia Carnival, que também levou todas as bagagens e mais quatro integrantes da expedição: engenheiro, assessor de imprensa, fotógrafo e videomaker. O primeiro trecho 756 km, de Itu a Florianópolis (SC), foi feito em 13 horas, com três paradas para carregamento: posto Graal/Buenos Aires em Registro (SP), posto Túlio Caraguatá em Campina Grande do Sul (PR) e posto Sinuelo Sul em Araquari (SC).
“Inicialmente o planejamento seria somente com duas paradas”, explica Márcio Alexandre, “uma no Graal Buenos Aires e outra no Sinuelo Sul. Mas optamos por uma parada intermediária em Campina Grande do Sul (PR) como prevenção, já pensando em um suposto imprevisto na estação de carregamento do posto Sinuelo Sul e, com esse planejamento, poderíamos chegar até o hotel em Florianópolis”.
Em Registro, o carregamento ocorreu em pouco mais de uma hora, já que se tratava de uma estação de carregamento rápida da EDP; em Campina Grande do Sul, a estação de carregamento era do tipo wallbox, muito lenta; e em Araquari, novamente carregamento rápido do eletroposto Celesc. A expedição chegou ao hotel Slaviero, em Florianópolis, por volta das 21h, onde o EV6 foi conectado a uma estação também lenta do tipo wallbox.
A segunda etapa da viagem compreendeu Florianópolis a Porto Alegre, trecho com 454 km. O EV6 largou com autonomia de 514 km, suficiente para alcançar a capital gaúcha. No entanto, o engenheiro da Kia havia programado uma parada, de modo a chegar no Hotel Deville, onde também existe um ponto de carregamento, com maior autonomia possível, o que evitaria espera mais longa. Ainda assim, a expedição fez duas paradas por precaução nos postos Ipiranga Cabeçudas, em Laguna (SC), e Petrosimon, em Maracajá (SC).
“O trecho percorrido até a segunda parada foi de 207 Km, onde encontramos uma estação de carga rápida do projeto Eletroposto Celesc. Durante esta parada, observamos algo que é constantemente discutido em nossa avaliação técnica de consumo de energia; o trecho percorrido, no odômetro, foi de 207 km, porém, ao calcular a autonomia, vimos que a diferença entre a saída de Florianópolis mostrava uma diferença de 220 km. Ou seja, a maneira de condução do veículo tem total influência na autonomia do veículo”, destaca Márcio Alexandre.
De Porto Alegre a Pelotas, trecho de 263 km, não foram realizados recarregamentos. Após abastecer na estação do tipo wallbox, de 11 kWh, no estacionamento do Hotel Deville, a expedição seguiu direto para o hotel Jacques Georges, em Pelotas, a penúltima cidade antes de cruzar a fronteira com o Uruguai, onde o EV6 pernoitou “conectado” a uma estação comum de 220 volts, de apenas 1 kWh.
Na realidade, objetivava-se fazer o carregamento no estacionamento da Unimed Pelotas, inicialmente. Mas o ponto foi desativado, quando na verdade o mapeamento indicava como ativo. O quarto trecho, de Pelotas ao Chuí, foi o mais desafiador. São 260 km de distância; a autonomia anotada no hotel Jacques Georges era de 239 km. A próxima parada foi no Paradouro Costa Doce, no Taim, a 142 km.
Pouco antes do almoço, a expedição chegou no posto com apenas 69 km de autonomia, quando – na realidade – o correto era ter chegado com 97 km. “Acontece que a maneira de conduzir o veículo não altera a distância, mas pode alterar a autonomia e foi exatamente isso que ocorreu”, analisa Márcio Alexandre.
Por conta do carregador comum de 220V no Paradouro Costa Doce, o EV6 permaneceu naquele local das 11h30 às 19h, já na escuridão dos pampas. E ainda com apenas 118 km de autonomia (e não com os 130 km), devido às fortes oscilações que estavam ocorrendo na rede de energia do posto.
Diante desse cenário, o jornalista Cesar Urnhani sugeriu a elevação da pressão dos pneus e adotar um modo de condução do automóvel mais econômico, para vencer os 118 km restantes. Sucesso. Chuí brasileira e Chuy uruguaia foram alcançadas com êxito para, na sequência, ter mais um obstáculo.
Do Paradouro Costa Doce ao Posto ANCAP Chuy, já em território uruguaio, foram percorridos 120 km. O EV6 estacionou diante da estação de carregamento do ANCAP com 28 km de autonomia. Houve um ganho de 26 km somente com a maneira de dirigir. Diante de uma estação de recarga da UTE (companhia de energia do Uruguai), a estação não tinha o cabo de conexão com o veículo. Não houve explicações sensatas, mas o escritório regional da UTE em Chuy retira o cabo de conexão durante o período noturno.
O fato é que a equipe teve de pernoitar em Chuí (RS). No dia seguinte, os jornalistas e assessor de imprensa seguiram viagem com o veículo de apoio, a Carnival, enquanto o engenheiro, fotógrafo e o videomaker ficaram na cidade-fronteira para o reabastecimento, o que ocorreu somente no período da tarde, por mais de três horas e meia, para chegar à autonomia de 340 km e vencer a distância de 327 km.
Em Montevidéu, o EV6 foi direto para o posto de abastecimento da ANCAP para carregamento total. Na capital do Uruguai, os jornalistas uruguaios Maximiliano Alegre (Exóticos UY) e Nicolas Scheck (Autoblog Uruguay), percorreram aproximadamente 400 km entre Montevidéu e Punta Del Este, passando por trechos de serra da cidade de Minas e litorâneo de Punta Ballena.
Próximo a Punta Ballena, durante o almoço, o Kia EV6 foi recarregado por 1h20, chegando à autonomia de 526 km para o trajeto de volta. De volta para casa, ainda no dia 23 de março, o engenheiro Márcio Alexandre providenciou a recarga completa do EV6 na estação do Parque Rodó, em Montevidéu, para – no dia seguinte – iniciar a viagem de retorno ao Brasil, até a cidade de Itu (SP), onde fica a sede da Kia Brasil.
O restante da viagem de volta transcorreu sem quaisquer incidentes. No entanto, há que se debater sobre a infraestrutura de recarga de baterias. Diferente de viagens com automóveis a combustão interna, que contam com cerca de 40 mil postos de abastecimento, os veículos elétricos precisam ter postos o suficiente a cada 200 km e com maior número de pontos nessas estações. Durante a viagem, foram utilizados os aplicativos PlugShare, EDP EV Charge, Eletroposto CELESC, Zletric e UTE & cartão de recarga (Uurguai).