Governadores de SP e MG tentam dificultar mobilidade elétrica
Tarcísio de Freitas (SP) segue linha de Romeu Zema (MG) e também dificulta criação de mobilidade elétrica; ABVE reage com fortes críticas
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), vetou a isenção de IPVA para carros elétricos no Estado. Para o chefe de Executivo, devem ser isentos veículos movidos exclusivamente a hidrogênio ou híbridos com motor elétrico e a combustão, desde que sejam flex ou usem somente etanol. A isenção valeria para os anos de 2024 e 2025.
De acordo com a proposta do governador, um carro híbrido flex, para receber o benefício, não poderá custar mais de R$ 250.000. Além disso, a cobrança do imposto deixa de acontecer somente para veículos emplacados na cidade de São Paulo, que já conta com uma legislação que prevê isenção de IPVA para elétricos e híbridos.
Tarcísio pretende incentivar o uso do etanol como alternativa à gasolina por ser renovável, embora também emita altos níveis de CO2 pelo escapamento. Hoje, a única montadora que tem carros híbridos flex em circulação é a Toyota, com Corolla e Corolla Cross. A GWM tem projetos na mesma configuração.
De autoria do deputado Ricardo Donato (PT), o PL 308/2023 englobava os veículos elétricos em seu texto original. Tarcísio de Freitas argumentou que questões como os impactos orçamentário e financeiro não ficaram claros no texto.
Outro ponto foi justamente o alcance aos motores à gasolina, “não considerando o vigor da produção do etanol e as perspectivas de produção de biometano no Estado”. Apesar da negativa de Tarcísio, o segmento de elétricos cresce. O BYD Dolphin começa a ser testado na capital paulista pelo aplicativo 99, que pretende ter 10 mil carros elétricos circulando até 2025.
Para a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), a medida é um “sinal decepcionante” para o setor. O órgão já havia demonstrado insatisfação com as declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), de que “carros elétricos são uma ameaça aos empregos”.
Em nota, a ABVE disse que “não parece sábio essas autoridades darem um sinal de desconfiança à tendência mais relevante do setor automotivo mundial, e esperamos que essas posições sejam reconsideradas”.
O texto da nota da associação afirma que as declarações dos governadores Zema e Tarcísio são “uma decepção”, pois eles dificultam a criação de uma mobilidade elétrica, que vai além dos carros individuais atinge também o transporte público.
“Não faz sentido as autoridades dos principais Estados do país criarem insegurança a empresas que já se comprometeram a gerar empregos de qualidade e trazer inovação tecnológica à indústria brasileira”, disse o presidente da ABVE, Ricardo Bastos.